quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

JESUS NÃO NASCEU NO DIA 25 DE DEZEMBRO


Tradicionalmente é aceito que Jesus Cristo nasceu no dia 25 de dezembro, o que teria dado início às comemorações do Natal, cuja etimologia nos remete à palavra nascer. Historicamente falando, não é possível dizer qual o dia e o mês de nascimento desse personagem (alguns estudiosos dizem que ele nasceu em março; outros, em setembro), embora seja possível explicar a origem do Natal, que, por sinal, tem tudo a ver com uma tentativa da Igreja Católica de cristianizar o paganismo romano. Abaixo, os detalhes desse embuste.

A Igreja Católica Apostólica Romana nasceu, oficialmente, no século 4 d.C. Desde que o cristianismo surgiu (depois da morte de Jesus) o paganismo romano se viu fadado ao desaparecimento, principalmente a partir do século terceiro, mesmo sabendo que vários imperadores tentaram sufocar de vez o cristianismo e reerguer as crenças pagãs.

Havia, no Império Romano, por parte de muitos, a veneração ao Sol, então visto por muitos como um deus, como um elemento de valor espiritual.

No início do século 3, Heliogabalo, imperador de Roma, deu o título religioso de Deus Sol Invictus a um grupo de divindades romanas. Algumas décadas depois, através do imperador Aureliano (270 - 275), foi oficializado o culto ao Sol Invictus (sol invencível), que se tornou patrono de todo o Império, uma clara tentativa de reerguer o paganismo, que, naquele momento, vivia ameaçado pelo rápido aumento do cristianismo.

Ocorre que o dia 25 de dezembro foi a data escolhida para as comemorações do deus Sol, festa pagã que atraía a atenção dos não cristãos (e até dos cristãos, que se sentiam incomodados).

A transição do século 3 para o século 4 foi de grandes disputas entre cristianismo e paganismo. Diocleciano (284-305), imperador autoritário, empreendeu uma das maiores perseguições ao povo cristão de que se tem notícia. Fez questão de difundir ainda mais a festa do 25 de Dezembro, então uma comemoração pagã, como assinalamos acima.

Em 313, Constantino concedeu liberdade de culto em todo o Império. Em 325, Império e Igreja põem as alianças de noivado, cujo casamento vem ocorrer oficialmente em 381, com o Concílio de Constantinopla I.

Foi exatamente neste século que a Igreja Católica cria o Natal, e passa a afirmar que Jesus nasceu no dia 25 de dezembro, a mesma data em que era comemorada a festa do Sol Invictus.

Em outras palavras, o 25 de Dezembro foi uma tentativa da Igreja de afogar a festa pagã ao deus Sol, numa época em que estava ocorrendo a cristianização do paganismo. Ou seja, o Natal surgiu de um desejo de vingança, de destronação do paganismo. O Natal, portanto, não é a data do nascimento de Jesus Cristo.

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domingo, 19 de dezembro de 2010

OS PRIMEIROS ANOS DA MEDICINA NO BRASIL

A primeira escola de medicina no Brasil foi criada em 1808, em Salvador (Bahia). A assinatura do ato se deu assim que D. João VI chegou de Portugal (vinha fugindo de Napoleão Bonaparte), em direção ao Rio de Janeiro. Embora criada no referido ano, somente sete anos depois é que passou de fato a funcionar. Em 1813, foi a vez do Rio de Janeiro ganhar a segunda escola de medicina do país.

No início do século 19 a Europa já revelava alguma preocupação em matéria de saúde pública, tanto que já praticava a vacinação coletiva.

No dia 6 de julho de 1829, o governo brasileiro apresentou à Câmara um projeto em que regulamentava o sistema de vacinação permanente em todo o Brasil. Abaixo, leiamos um trecho do projeto, cujo conteúdo é rico em informações históricas:

"A vital instituição vacínica veio da Europa para a Bahia em 1804, e passou dali no mesmo ano para esta Corte, aonde foi cuidadosamente conservada até que o alvará de 4 de abril de 1811 criando uma junta denominada de Instituição Vacínica, deu a este importante instituto forma regular; e pede a verdade que se confesse que tem resultado imenso benefício público dos seus trabalhos: quarenta e nove mil, quatrocentos e sessenta e um indivíduos vacinados, desde aquele ano até o fim de 1828 na casa de suas sessões, além de outros muitos em casas particulares."

Há registros de que, em São Paulo, já ocorrera vacinação no ano de 1805 (portanto 24 anos antes do projeto acima citado e, obviamente, antes do Brasil se tornar Império). Embora houvesse muitas mortes por epidemias, a população se mostrava relutante em relação à vacina. Confiava mais nas receitas caseiras, nos remédios caseiros, muitos dos quais eram ensinados pelos índios.

Havia inclusive médicos que optavam pela medicina popular. Um conhecido médico dos Estados Unidos publicou, em 1829, um livro defendendo o uso de medicamentos caseiros. Na referida obra sustentava que a criança deveria se alimentar de muito leite materno, usar roupas folgadas e limpas, comer pão, fazer muitos exercícios físicos e respirar ar puro. Dizia que a febre (doença mais comum no Brasil do início do século 19) "é somente um esforço da Natureza para se libertar de uma causa ofensiva".

Em 1826, José Bonifácio defendeu, em discurso feito na Câmara, que houvesse, "em cada capital das províncias, e nas vilas principais, um facultativo médico ou cirurgião pago pelos cofres das províncias quando as respectivas câmaras não tenham para isso, os quais serão obrigados a vacinar duas vezes por semana no palácio do governo, ou na sala da câmara a todos os indivíduos que se apresentarem em circunstâncias a serem vacinados...".

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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O JÚLIO CÉSAR QUE NÃO É DESCRITO NOS LIVROS CONVENCIONAIS

O famoso general romano certa vez viajou ao sul da Espanha e encontrou, num templo de Hércules, uma estátua de Alexandre, o Grande e, diante do ídolo, chegou a lamentar e confessou que sentia fraqueza pelo fato de nada ter ainda feito algo de memorável, numa idade em que Alexandre já havia dominado parte do mundo.

Em seguida pediu autorização para, em Roma, realizar as maiores façanhas no menor tempo possível. Na véspera havia sonhado que estuprava sua mãe. Consultou os áugures (os romanos eram altamente supersticiosos), que o informaram de que ele seria o árbitro do mundo, de modo que sua mãe - no sonho -, nada mais seria do que a Terra. Saiu de lá muito esperançoso.

Em outra ocasião já vimos que os romanos associavam a virtude aos grandes feitos, daí a preocupação em deixar para a posteridade algo memorável.

Preocupado com a diminuição da população italiana, determinou, por lei, que nenhum cidadão entre 20 e 40 anos de idade deveria sair da Itália por mais de 3 anos seguidos.

Nos últimos anos de vida costumava desmaiar e tinha terríveis pesadelos.

Vaidoso, mantinha os cabelos sempre curtos e raspava a barba constantemente (somente deixu a barba crescer uma voz, em cumprimento a um voto de vingança). Embora calvo - o que o tornava sujeito ao escárnio -, adquiriu o vício de puxar para a testa os poucos cabelos que lhe restavam.

Durante as expedições sempre levava consigo pavimentos de mosaico para enfeitar o chão de sua tenda. Gostava de homens e de mulheres. Não media esforços para comprar escravos bonitos.

Quando morreu, seu sucessor, Augusto - que em matéria de superstição nada tinha a dever a Júlior César -, viu em um fenômeno natural a prova de que o velho César fora recebido no Céu: a passagem de um cometa que brilhou no Cosmo por algum tempo, cujo fenônemo chamou a atenção de muitos.

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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

MAIS DE SEIS MIL SOLDADOS FORAM EXECUTADOS PORQUE SE NEGARAM A MATAR CRISTÃOS

Os fatos narrados abaixo estão entre os mais notáveis nos anais da Igreja. Trata-se da execução de seis mil seiscentos e sessenta e seis (6.666) soldados romanos porque os mesmos se negaram a cumprir ordens do imperador para sacrificar cristãos da Gália.

O feito se deu no ano de 286 d.C., quando Maximiniano era imperador. Curiosamente toda a legião era constituída por cristãos. A Legião Tebana (porque haviam sido recrutados em Tebas) recebeu ordens do imperador para que se dirigisse à Gália, para enfim receber as últimas determinações.

Sem saber do que se tratava, a legião seguiu firmemente até o local combinado. Ao chegarem, foram informados de que tinham uma missão muito especial: sacrificar os cristãos daquele lugar. Como todos os soldados eram também cristãos, unanimente disseram um sonoro "não" às ordens imperiais.

Enfurecido, o imperador ordenou que dez por cento dos soldados fossem selecionados e mortos à espada. Assim aconteceu. O plano de Maximiniano era fazer com que os outros noventa por cento refizessem a decisão tomada. Mas não surtiu efeito, uma vez que todos se mantiveram firmes em seus propósitos.

Novamente enfurecido, o imperador ordenou que dez por centos dos restantes fossem dizimados da mesma forma. Missão cumprida: outra legião providenciou a matança dos soldados cristãos.

O segundo castigo não mudou a opinião dos soldados sobreviventes, de modo que eles continuaram firmes em seus ideais, mas a pedido de seus superiores imediatos juraram fidelidade ao imperador.

Sabendo de tal juramento, Maximiniano deduziu que agora a ordem seria cumprida, ou seja, que os soldados matariam os cristãos da Gália, mas o efeito foi o inverso. A fidelidade ao imperador não incluiu o cumprimento da ordem de matar os cristãos, o que deixou o dirigente romano irado.

Vendo que os soldados restantes não mudariam de opinião, o imperador ordenou a outra legião (a mesma que matou à espada os soldados cristãos) que dizimasse todos os soldados cristãos. A ordem foi dada no dia 22 de setembro de 286 d.C., uma data para entrar para a história do cristianismo.

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terça-feira, 9 de novembro de 2010

AS RAZÕES HISTÓRICAS PARA O USO DE INICIAIS MAIÚSCULAS EM NOMES PRÓPRIOS E EM FATOS E DATAS IMPORTANTES

Diz-nos Evanildo Bechara que "A língua portuguesa é a continuidade ininterrupta, no tempo e no espaço, do latim levado à Península Ibérica pela expansão do império romano, no início do séc. III a.C."; mas é somente no século XIII d.C. que temos os primeiros documentos históricos em língua portuguesa, daí o porquê de se afirmar que ela se originou no citado século.

No latim clássico não havia a distinção entre maiúsculas e minúsculas, porquanto somente aquelas eram utilizadas. As minúsculas, por sua vez, surgiram apenas entre os séculos IV e VI d.C. e eram vistas como uma opção à parte e não uma complementação das maiúsculas.

Desta feita, era comum ou se usar um texto completamente com as letras maiúsculas ou completamente com as minúsculas.

A ideia de mesclar os dois tipos de letras surgiu na Idade Média, principalmente quando os mosteiros passaram a ser responsáveis pela reprodução de obras literárias, em cujo período o livro passa a ser visto como uma obra de arte, de sorte que não somente o conteúdo seria observado, como também os aspectos gráficos.

Em outras palavras, a aparência do livro passou a merecer uma atenção redobrada. Foi exatamente aqui que surge a junção da inicial maiúscula com as demais letras minúsculas que formam uma palavra. Convencionou-se que um texto redigido com todas as letras maiúsculas se tornava mais difícil de ser lido (eis um fato), razão por que optaram pelas minúsculas.

Houve, no entanto, alguns saudosistas do velho latim (que adotava todas as letras maiúsculas) que reivindicaram uma volta ao passado. Embora tenham perdido a causa, ganharam em outro aspecto: teria surgido daí a explicação para a utilização das iniciais maiúsculas em fatos históricos importantes, bem como em nomes próprios.

É por esta razão que ainda hoje adotamos as iniciais maiúsculas em alguns casos, como em palavras que designam fatos importantes, visto que os medievais julgaram que os velhos tempos clássicos não deveriam ser esquecidos, assim como renascentitas idolatraram a Grécia e a Roma clássicas. Assim, escrevem-se Renascença e não renascença, Idade Média e não idade média, Dia de Finados e não dia de finados.

É depois de tais convenções que surge a pontuação na língua portuguesa. Aos poucos são incorporados alguns sinais vindos de outras línguas, como o asterisco - uma invenção alemã do século 19.

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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O JURAMENTO PROFERIDO PELOS MÉDICOS RECÉM-FORMADOS SOFREU MUTAÇÃO NO DECORRER DA HISTÓRIA

Abaixo, conheça o texto integral do juramento proferido pelos médicos recém-formados. Antes, leia, na íntegra, o Juramento de Hipócrates, que serviu de inspiração para a versão atual. Só lembrando que o dito juramento foi modificado várias vezes, duas delas já no presente século.

Hipócrates é considerado o pai da medicina.


JURAMENTO DE HIPÓCRATES

"Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higéia e Panacéia, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.

Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva.

Conservarei imaculada minha vida e minha arte.

Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.

Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados.

Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.

Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça."

ABAIXO, A ÚLTIMA VERSÃO DO JURAMENTO PROFERIDO PELOS MÉDICOS


"NO MOMENTO DE SER admitido como membro da profissão médica:

EU JURO SOLENEMENTE consagrar a minha vida a serviço da humanidade;

EU DAREI aos meus professores o respeito e a gratidão que lhes são devidos;

EU PRATICAREI a minha profissão com consciência e dignidade;

A SAÚDE DE MEU PACIENTE será minha primeira consideração;

EU RESPEITAREI os segredos confiados a mim, mesmo depois que o paciente tenha morrido;

EU MANTEREI por todos os meios ao meu alcance, a honra e as nobres tradições da profissão médica;

MEUS COLEGAS serão minhas irmãs e irmãos;

EU NÃO PERMITIREI que concepções de idade, doença ou deficiência, religião, origem étnica, sexo, nacionalidade, filiação política, raça, orientação sexual, condição social ou qualquer outro fator intervenham entre o meu dever e meus pacientes;

EU MANTEREI o máximo respeito pela vida humana;

EU NÃO USAREI meu conhecimento médico para violar direitos humanos e liberdades civis, mesmo sob ameaça;

EU FAÇO ESTAS PROMESSAS solenemente, livremente e pela minha honra."

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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

FAMOSOS ESCRITORES BRASILEIROS VACILAM NO PORTUGUÊS

Alguns modernistas brasileiros, tendo à frente o poeta Mário de Andrade, defendiam que uma frase poderia ser iniciada por um pronome átono, ao contrário do que dizia - e ainda diz - a regra gramatical pertinente ao caso.

Eles defendiam, portanto, que frases do tipo "O vi hoje", são corretas. Ou ainda: "As conheci há pouco".

A reação não demorou a chegar, o que fez os modernistas recuarem, com exceção de Mário de Andrade, que mesmo diante das ponderações de Manuel Bandeira, preferiu continuar no erro.

O escritor Guimarães Rosa também pisou na bola. A palavra estória, comumente aceita como sendo um relato de fatos não comprovados ou fictícios, fora designada para tal fim no início do século XX por um acadêmico brasileiro, mas sem respaldo etimológico.

Etimologistas dizem, no entanto, que tal neologismo é uma frescura estilística, uma vez que, no Português, não há razão linguística para adotá-lo, mesmo quando se queira diferenciá-lo de história.

Envolto pela tradição folclorística do termo, o conhecido escritor Guimarães Rosa acabou publicando, em 1962, um livro com o título Primeiras Estórias.

Portanto, segundo recomendação etimológica, não se deve usar o termo estória, mesmo em se tratando de evento fictício.

Era comum, desde o século XIX, mentes brasileiras das mais diversas áreas do conhecimento guardarem um amor especial pela língua portuguesa, tanto que muitos, não somente da Literatura, mas do Direito, Filosofia, História e até da Medicina, dedicaram boa parte de seu tempo com o estudo da nossa língua. E faziam questão de demonstrar o que haviam aprendido.

Tal fenômeno se deveu, provavelmente, à imediata associação do profundo conhecimento da língua portuguesa à erudição, objeto de desejo de muitos homens e mulheres das mais diversas áreas.

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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

DISCURSO DE RUI BARBOSA EM DEFESA DOS ADVOGADOS CONSTITUI-SE NUMA BANDEIRA EM PROL DO PODER QUE A PALAVRA EXERCE SOBRE O SER HUMANO

Para os mais íntimos do Direito e da História certamente não é surpresa a importância que é atribuída ao jurista Rui Barbosa para a diversificação e proliferação de ideais republicanos e democráticos no Brasil.

Foi consagrado internacionalmente em 1907, no Congresso de Haia, onde defendeu o espaço geográfico brasileiro. Ele e um diplomata alemão foram considerados os dois homens mais influentes no referido congresso.

Jurista nato, sustentou em discursos a importância da figura do advogado para a solidificação da democracia. Tais discursos partiram da lavra de Rui Barbosa exatamente porque o bacharelismo brasileiro sofria duras críticas, quando era acusado de ser mais teórico e menos prático.

Eduardo Prado, escritor e um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras, foi, no século XIX, o maior crítico do bacharelismo brasileiro, pois, segundo o academista, o bacharel havia sido complacente com os males da política do país. No século XX, por sua vez, foi Gilberto Freyre quem teceu fortes críticas ao curso de Direito da Faculdade de Recife, tradicionalmente uma das melhores do país, cuja crítica guardava certa sintonia com a do escritor paulista.

A crítica de Eduardo Prado não foi somente teórica. Em sua propriedade rural havia um caboclo que era de uma habilidade extraordinária, pois fazia de tudo um pouco. O academista o apelidou de "Bacharel" e quando ele (Eduardo Prado) passava por alguma dificuldade, dizia rindo: "Chamem o Bacharel, que ele conserta tudo."

Segundo Prado, que era monarquista convicto, esse "conserta tudo" é que teria trazido os males para a República.

Dez anos após a morte do academista, Rui Barbosa proferiu, em maio de 1911, um discurso de posse no Instituto dos Advogados Brasileiros, através do qual fez duras críticas aos críticos do bacharelismo. Eis parte das palavras do renomado orador baiano:

"Os governos arbitrários não se acomodam à autonomia da toga, nem com a independência dos juristas, porque esses governos vivem rasteiramente da mediocridade, da adulação, da mentira, da injustiça, da crueldade e da desonra. A palavra os aborrece porque a palavra é um instrumento irresistível de conquista de liberdade. Deixai-a livre, onde quer que seja e o despotismo está morto."

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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A ORIGEM DA UTILIZAÇÃO DE NOMES DE PESSOAS EM PRÉDIOS PÚBLICOS

Recentemente o Conselho Nacional de Justiça ordenou que fossem retirados os letreiros que indicavam os nomes de pessoas vivas nos prédios públicos no Poder Judiciário. Tais letreiros ficavam, por tradição, expostos na parte externa dos prédios, facilmente visualizados.

A questão é: de onde vem e qual a fundamentação histórica da tradição de se colocar nomes de pessoas vivas em prédios públicos, que até pouco tempo atrás era bastante aceita no Brasil? Resposta: vem dos gregos, mas foram os romanos quem deram a sedimentação necessária e sua fundamentação sociológica para o Ocidente.

O antigo romano fazia questão de ser um homem público, assim como os gregos. Estes, mais puritanos do que aqueles, entendiam o serviço público como uma forma de prestar um serviço à coletividade. O romano, por sua vez, via no serviço público a chance de fazer prosperar seu nome, sua fama e portanto suas virtudes.

Tácito, escritor do clássico Anais - escrito no início do II século d.C. -, assinala que para um romano a fama estava diretamente associada à virtude de um homem. Ou seja, quanto mais lembrado ele fosse, maiores eram os indicativos de que ele era um homem com virtudes, com atributos dignos de louvor.

De forma gradativa estabeleceu-se entre os romanos um costume um tanto curioso: sempre que um cidadão fizesse uma festa através da qual ele ou um dos seus fosse o agraciado, deveria ofertar à cidade um presente, de modo que fosse utilizado por toda a comunidade.

Por exemplo: se um romano pretendesse ser chamado de nobre, virtuoso, ao fazer seu próprio aniversário ele deveria doar certa quantia em dinheiro aos cofres públicos, ou - em alguns casos -, construir um prédio público, que levaria seu nome. Vale ressaltar que eram poucos os casos em que um romano agia assim, mas sempre acontecia quando ele desejava manter a fama de ser um homem nobre, virtuoso. Eventos como festas de casamento eram propícios para que ocorresse essa doação pública.

Caso este mesmo romano preferisse fazer a festa em um local reservado, de modo que não presenteasse o Poder Público, corria o risco de cair no esquecimento e, assim, agir contrariamente aos seus princípios. O dilema residia exatamente no risco da população saber que Fulano de Tal, sendo um homem rico, nobre, preferiu realizar o evento às escondidas, o que certamente diminuiria seu prestígio. Logo, ou se fazia a festa e convidava os concidadãos (e presenteava a cidade com um prédio público ou dinheiro) ou melhor seria não arriscar fazer a festa de forma furtiva.

Havia, ainda, casos em que este romano preferia criar uma fundação pública, que além de ser entregue ao Poder Público, deveria levar o nome do doador. Tudo isto eram formas de perpetuar o nome e o prestígio dos romanos, que eram obstinados pela fama, pela associação desta com a virtude e a nobreza.

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domingo, 5 de setembro de 2010

PADRES PROVOCARAM ABORTO DE CRIANÇAS CUJO PROCEDIMENTO FORA APROVADO POR UNIVERSIDADE

Desde a origem do cristianismo a Igreja tem desaprovado o aborto, cujo posicionamento é justificado com base em textos bíblicos. Há registros, porém, de que na América Latina - mais precisamente no Brasil - padres católicos não somente defenderam o aborto como efetivamente contribuíram neste sentido.

A partir do final do século XVI o papa autorizou os padres jesuítas praticarem a medicina em regiões onde não houvesse médicos, desde que os novatos fizessem um estágio de apenas um mês.

No Brasil, por exemplo, que não dispunha de médicos no início do período colonial, passaram a ser responsáveis pela erradicação de quaisquer doenças no país. Nem mesmo os índios ficaram de fora: as atividades missionárias dos jesuítas eram acompanhadas de práticas medicinais, ainda que tal procedimento entrasse em choque com a tradição indígena.

No início os jesuítas se recusaram a adotar ervas e plantas como meios de cura, alegando que tais recursos já eram usados pelos indígenas e portanto, de procedência diabólica. Em vez de plantas e ervas, o jesuítas preferiam rezas, água-benta e óleos que levavam nomes de santos.

Ante a ineficiência do método, somente aos poucos se renderam à sabedoria indígena. Há vários registros que dão conta da existência, antes mesmo do final do século XVII, de minifarmácias constituídas somente de produtos naturais.

Mas os recursos espirituais dos padres não foram deixados de lado. Em períodos de grandes mortandades causadas por varíola ou sarampo, preces, procissões e autoflagelação eram comuns entre o rebanho católico.

No Sul do Brasil, por exemplo, o padre Cardiel registrou que muitos índios contraíram varíola, de modo que as mulheres grávidas perdiam seus bebês ainda na barriga. Aquelas, porém, que estavam prestes ao parto, foram orientadas pelos padres a beberem vinho com pimenta moída para apressarem o nascimento da criança.

O motivo, no entanto, era somente um: praticar o batismo das crianças antes que elas morressem, uma vez que, segundo os jesuítas, era comum as mesmas morrerem pouco antes do parto em decorrência da doença da mãe e, quando chegavam a nascer, logo pereciam.

Segundo os ditos padres, se elas morressem sem batismo (mesmo na barriga da mãe) seriam pagãs, sem salvação da alma, daí o porquê do aborto.

O caso foi discutido na Universidade de Córdoba, na Argentina, que acabou aprovando a prática do aborto, quando alegaram motivo justo, ou um "santo fim", no dizer da Universidade.

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domingo, 29 de agosto de 2010

NARIZ DE CHARLES DARWIN QUASE O IMPEDIU DE VIAJAR À AMÉRICA DO SUL

Charles Darwin, o pai da Teoria da Evolução, por muito pouco não deixou de embarcar no navio Beagle, que circundou a América do Sul, cuja viagem fora fundamental para o naturalista escrever sua maior obra, A Origem das Espécies.

No dia 29 de agosto de 1831, Darwin soube, através de uma carta, que o capitão do navio Beagle, FitzRoy, estava em busca de um companheiro de viagem instruído para auxiliar o naturalista da expedição a cartografar as costas da América do Sul.

Assim que soube, Darwin ficou empolgado. Pediu permissão ao pai, mas este discordou da pretensão do filho. Ante a insistência deste, impôs uma condição: se algum homem de bom senso recomendasse a viagem, Charles estaria liberado para seguir seu desejo.

O naturalista viajou 30 quilômetros a fim de conversar com um dos tios, na tentativa de convencê-lo a justificar para seu pai (de Darwin) as vantagens da expedição à América do Sul. O jovem levou um longo questionário de objeções feitas pelo pai, as quais foram uma a uma respondidas pelo tio.

Enfim, o pai autorizou a viagem. Restava convencer o capitão FitzRoy, que era politicamente adversário de Darwin.

Charles teria impressionado o capitão logo no primeiro encontro. Ainda assim Darwin não se sentiu seguro. Leiamos o que o naturalista relatou em sua Autobiografia:

"Mais tarde, soube que quase não fora incluído por causa do formato de meu nariz! Fiel discípulo de Lavater, [FitzRoy] pensava poder avaliar o caráter de um homem a partir de suas características morfológicas. Dessa forma, ele duvidava que alguém que tivesse um nariz como o meu possuísse energia e determinação suficientes para a viagem."

Darwin acabou ficando no lugar do naturalista oficial do Beagle. Durante os cinco anos da expedição dormiu em rede, que ficava pendurada sobre a mesa. Caiu muitas vezes. Tinha dificuldades para dormir. Ainda assim repultou a viagem como indispensável para escrever a obra que dividiu e mexeu com todo o mundo.

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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

DIÁRIO OFICIAL: OS MOTIVOS HISTÓRICOS DA ORIGEM DA PUBLICAÇÃO DOS ATOS PÚBLICOS

Um dos princípios constitucionais que regem a administração pública brasileira diz respeito à publicidade dos atos públicos. Ou seja: o prefeito, o governador, o presidente da República, o presidente de tribunal e o presidente do legislativo têm o dever constitucional de publicar seus atos públicos.

A origem é romana, de onde herdamos muita coisa em relação ao Direito.

Suetônio, historiador romano, nos diz que Júlio César (100 a 44 a.C.) “ao investir-se nas funções do seu cargo, estabeleceu, antes de mais nada, que se desse publicidade tanto dos atos do Senado quanto dos atos do povo.”

Mas qual a raiz histórica dessa decisão do general Júlio César? Quando compunha o Primeiro Triunvirato, e depois que venceu a Crasso e a Pompeu, César passou a governar sozinho a velha Roma.

Os governadores das províncias tinham grande liberdade governamental, cuja liberdade proporcionava constantes atos de crueldade, perseguições e roubos aos cofres públicos. A situação chegou ao extremo, a ponto de Júlio César intervir, diretamente, na administração local.

Uma das medidas foi a obrigatoriedade do governador publicar minuciosamente todos os seus atos governamentais. Desta forma César entendeu que não somente o povo local como ele próprio teriam condições de acompanhar o que ocorria nas províncias.

A decisão valeu, inclusive, para a sede do Império (na verdade fim da República e início do Império), envolvendo, ainda, o próprio Senado. Daí teria surgido o Diário Oficial do Senado, com o título de Atos do Senado (segundo Suetônio) ou Comentários do Senado (segundo Tácito).

Havia, ainda, o Acta Diurna Populi Romani, Diário Oficial, manuscrito e publicado em Roma desde os tempos de Júlio César. Era o Diário Oficial do Império. Tácito faz alusão a ele como sendo o Diário do Povo Romano e o Diário da Cidade.

As cópias - todas manuscritas -, eram afixadas em locais de fácil visualização, como no Fórum e demais repartições públicas, assim como ocorre hoje nos municípios brasileiros (por sinal, é inadmissível, em pleno século XXI, que os prefeitos não tenham instituído Diários Oficiais próprios).

A medida pegou para valer. Todos os atos governamentais eram minuciosamente publicados, até mesmo a decisão do imperador Cláudio de criar três novas letras para o alfabeto romano (que não vingou).

As cerimônias oficiais eram divulgadas nos diários oficiais. De praxe o povo sabia quando o imperador iria se reunir com alguma autoridade, graças à publicação. Uma autoridade consular, por sua vez, deveria registrar seus feitos nos Anais.

Virou moda mesmo (se por medo, se por modismo) o registro na velha Roma. Até os oficiais dos palácios estavam obrigados a fazer relatório do que ocorria no decorrer do dia. Tais relatórios eram os únicos registros não publicados nos diários, pois serviam apenas para o imperador se inteirar do dia a dia palaciano.
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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A ORIGEM DA ASSOCIAÇÃO DOS MUSEUS À MEMÓRIA, À HISTÓRIA E AO PASSADO

Sempre que ouvimos falar em museus ou mesmo quando entramos em um deles, somos levados a associá-los ao passado, à história, à memória. Eis a interessante origem desta associação.

Os antigos romanos - que foram mestres na arte de valorizar a memória - gostavam de contar a lenda sobre um poeta grego chamado Simônides de Céos. Atentemos para cada detalhe desta lenda e seu desfecho final. Eis um breve resumo:

O poeta Simônides fora convidado pelo rei de Céos a compor um poema em sua homenagem. Ocorre que, na ocasião da leitura oficial, dedicou o dito poema ao rei e a dois deuses. Terminada a cerimônia, o poeta se dirigiu ao rei a fim de receber o pagamento pelo trabalho efetuado. O rei afirmou que somente pagaria a metade do combinado e que a outra metade fosse cobrada dos deuses, já que ele lhes havia dedicado o poema.

Antes mesmo de sair do palácio (onde acontecia a cerimônia), um mensageiro se aproximou do poeta e lhe transmitiu um recado: dois jovens o esperavam do lado de fora. Simônides, o poeta, se dirigiu aos jovens, fora do palácio (que veio a desmoronar, em seguida, matando a todos os presentes).

Os dois jovens que haviam convidado o poeta pagaram a outra metade e se apresentaram como sendo os deuses a quem lhes foi dedicado parte do poema.

Os familiares dos mortos, desesperados porque não conseguiam reconhecer seus parentes, procuraram Simônides, o único sobrevivente. Como o poeta tinha uma boa memória, passou a descrever minuciosamente as roupas de todos os convidados, bem como os lugares onde cada um estava no palácio.

Tal lembrança teria levado à criação da arte da memória como um palácio (depois museu) com lugares nos quais são colocadas as imagens correspondentes, assim como hoje os museus estão divididos em seções próprias, cada uma destinada a um tipo de memória.

A palavra museu está associada à palavra musa, por sua vez deusas gregas. Uma das musas, Clio, era a patrona da História, daí a associação da palavra museu ligada à história, ao passado.

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terça-feira, 10 de agosto de 2010

AS REVISTAS PORNOGRÁFICAS NO ILUMINISMO

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No Século das Luzes (XVIII), o erotismo estava em alta na produção literária europeia, principalmente na França. Um século antes (XVII), começaram a circular as primeiras revistas especializadas na produção de imagens (desenhos) e de contos eróticos, cujo projeto inicial tinha por objetivo criticar o Estado e principalmente os princípios morais religiosos.

No começo, algumas obras eram publicadas sem autoria, decerto por temor à eventual retaliação. Uma das primeiras obras - talvez a fundadora do estilo - foi publicada em 1655. Chamava-se A Escola das Meninas, em cuja matéria uma jovem, virgem e inocente, fora instruída na arte do sexo e do amor. Sua instrutora teria sido sua prima mais velha.

Outra, criticando diretamente a Igreja, narrava o diálogo entre duas freiras, uma de 19 e outra de 16 anos. As duas trocavam beijos e carícias, as quais eram excitadas por um abade e um monge, que teriam sido convidados pelas duas.

A partir da metade do século XVIII, a literatura pornográfica ganhou novos ares. Serviu de veículo para a divulgação da filosofia materialista. O famoso enciclopedista Diderot chegou a publicar uma revista na qual tratava de questões filosóficas em meio a cenas de sexo explícito.

Depois passou a misturar erotismo com política, e as revistas eram utilizadas para a crítica direta a políticos indesejados por seus idealizadores, sendo rainha Maria Antonieta alvo de uma delas. Em uma das cenas, a monarca era retratada em seu quarto abrindo a porta para um de seus amantes: um padre. O autor atingia, na mesma cena, a rainha e a Igreja.

Às portas do século XIX, a pornografia tomava novo impulso, e foi ao extremo ao publicar cenas eróticas associadas à tortura e ao estupro. Houve retaliação em massa, começando pelo grande público.

O Estado passou a intervir mais diretamente na fiscalização, e a literatura produzida a partir do novo século (19) teve como público-alvo um grupo mais seleto, uma vez que a pornografia passou a ser um assunto privado, diferentemente dos dois séculos anteriores, quando era comum a contemplação e os debates nos quatro cantos das ruas.
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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O SURGIMENTO DA TEORIA DAS VIAGENS E O CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DAS ACADEMIAS FRANCESAS

Um século antes do Século das Luzes (XVIII), a França já desfrutava de sua aurora. Fundou academias e testemunhou seus patrícios com a sede e a fome por conhecimento necessárias para o desabrochar científico, poucas vezes vistas na história do ser humano.

A Paris do início do século XVII se viu envolta numa cultura em busca do saber e de descobertas científicas, cujos protagonistas eram principalmente nobres e burgueses.

O saber escolástico estava em descrédito, cuja essência não mais cativava o pensamento da época. Várias mentes estavam abertas às novas teorias, às novas descobertas; já não se acreditava na versão bíblica sobre a criação do homem e do Universo.

Cada vez mais essas mentes desejavam destronar as crenças populares, as versões difundidas pelos religiosos. As teorias de Copérnico e de Galileu eram verdadeiras fontes de inspiração. Os franceses perceberam ter chegado a hora de exorcizar, em definitivo, o pensamento que havia sido instituído havia séculos.

Foi neste contexto que criaram a Academia Francesa de Letras e a Academia de Ciências da França. Outras teriam surgido. O principal objetivo era difundir o saber e proporcionar debates acerca dos temas que estavam em voga na época.

A academia seria um espaço propício aos confrontos de ideias correntes e controvertidas. Os franceses estavam certos de que temas divergentes deveriam ser colocados em pauta, cujo debate deveria ocorrer de forma livre.

Foi neste contexto, ainda, que os franceses teriam criado a teoria de que as viagens seriam ricas fontes do saber da diversidade humana. Ou seja: para ser erudito, tinha que viajar, conhecer o mundo, principalmente locais históricos.

Os dois séculos seguintes aderiram irrestritamente a este novo pensamento: Goethe e Darwin são dois nomes que representam bem a herança da teoria francesa sobre as viagens. A América do Sul passou a ser um dos centros da atenção dos novos adeptos, tanto que muitas excursões foram direcionadas ao nosso continente.

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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

OS REAIS MOTIVOS QUE LEVARAM CHARLES DARWIN A DEIXAR O CURSO DE MEDICINA

Darwin, que nasceu em 1809, aos 16 anos de idade já entrara para o curso de Medicina, na Universidade de Edimburg, então considerada a melhor da Inglaterra.

Entrou para curso a fim de satisfazer o desejo do pai, que também era médico. Darwin passou apenas dois anos no curso, em cujo período ele faltou a diversas aulas, notadamente no verão.

Inicialmente se decepcionou com um professor de anatomia. Darwin passou a ter aversão ao dito professor, não somente pela indolência do mestre, mas porque este se apresentava na sala de aula sujo, muitas vezes manchado de sangue dos cadáveres. E Darwin não gostava de ver sangue!

Naquele período a Universidade de Edimburg passava por uma crise. Havia uma deterioração progressiva do nível dos professores, os quais eram acusados de favorecimentos políticos e eclesiásticos. Enfim, eles eram selecionados por influência dos políticos e dos religiosos ingleses.

Outro motivo que teria afastado Darwin do curso aponta para algumas experiências traumáticas que ele teve em duas intervenções cirúrgicas. Em uma delas, uma criança fora submetida a uma cirurgia sem a aplicação de anestesia, o que teria deixado o então aprendiz traumatizado ante a dor do paciente.

Darwin também passou a ter repugnância pelos corpos dos cadáveres. Não conseguia sequer olhá-los, quanto mais tocá-los. Os corpos não recebiam a conservação devida, pois não havia material adequado para esse fim. Na mesma época em que Darwin passou a ter estes traumas, muitos cidadãos ingleses eram assassinatos para terem seus corpos vendidos aos dissecadores.

O quarto motivo diz respeito ao contato que ele teve com naturalistas, quando estava no segundo ano do curso. Era membro de uma sociedade de História Natural, por quem foi recomendado a investir seus estudos em torno da história natural (que compreendia na época zoologia, meteorologia, geologia, botânica . . .).

A decisão de abandonar Medicina teria decepcionado o pai, que o aconselhou à carreira eclesiástica (seria pastor anglicano), de cujo projeto se apartou mais adiante.

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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

NERO E O JUDICIÁRIO

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Em outras postagens vimos como surgiu a Defensoria Pública, como foi criada a primeira Ordem dos advogados, como surgiu a obrigatoriedade da matrícula dos advogados nessa ordem, como surgiram os honorários advocatícios.

Nero chegou a inovar quando estava julgando: durante as audiências, ouvia as partes de acordo com a ordem de chegada. Depois que Cláudio havia criado os honorários advocatícios, Nero sancionou leis que obrigavam os litigantes ao pagamento de um salário fixo e devidamente justo aos advogados atuantes na causa.

Transferiu as causas do Fisco ao Fórum. Antes eram julgadas administrativamente, pela Tesouraria.

Ordenou que os presos criminosos fossem transferidos, da prisão, para locais onde existissem trabalhos públicos (como construção de prédios). A diferença do Brasil atual é porque aqui é facultativo ao preso, ao passo que lá, obrigatório.

Mas o imperador não deixou de expor seu autoritarismo: por diversas vezes cogitou entregar presos a um canibal egípcio, dado ao hábito de comer carne crua.

O objetivo de Nero, no caso, era fazer com que os presos enviados ao canibal sofressem morte lenta e dolorosa, cuja condenação seria proporcional ao crime, segundo o imperador.

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quarta-feira, 21 de julho de 2010

A PRIMEIRA VÍTIMA DA INQUISIÇÃO NO BRASIL

Ocorreu no final do século XVI (por volta de 1591) a primeira visita da Inquisição ao país. No Brasil a instituição não estava oficialmente instalada, cuja jurisdição pertencia ao Tribunal de Lisboa.

As Capitanias de Pernambuco e da Bahia foram, de início, aquelas que registraram as grandes brutalidades da Inquisição no país.

Uma moradora do Recôncavo Baiano teria sido a primeira vítima do Santo Ofício no Brasil.

Considerada cristã-nova (judeus convertidos à força ao catolicismo), era casada com um judeu que se dizia descendente dos macabeus, nome de uma tradicional família de judeus que liderou uma revolta no II século a.C., de cujo movimento surgiu uma poderosa dinastia judaica.

Os inquisitores teriam vindo ao Brasil inspecionar como andava a fé dos brasileiros e dos novos cristãos. Receberam denúncias de que a mártir ora praticava rituais católicos, ora judaicos. Quando esteve doente, apresentaram a ela um crucifixo, tendo a mesma fechado os olhos para não presenciar o símbolo católico. Tal postura era um insulto e um pecado grave.

Foi enviada à capital portuguesa, onde ficou presa numa câmara comprada especialmente para ela, tendo chegado a falecer na referida prisão, com mais de 80 anos de idade.

Seu processo continuou tramitando, sendo condenada à fogueira, mesmo estando enterrada havia mais de 10 anos.

Seus ossos foram desenterrados e queimados. O Santo Ofício mandou produzir uma imagem representando a "infiel" sendo atormentada no inferno, cercada por demônios, cuja imagem fora afixada na porta da igreja onde ela residia no Brasil. O objetivo era amedrontar eventuais desobedientes à Santa Inquisição.

A imagem fora posteriormente roubada, mas a sanha do inquisitor foi além: condenou filhos e netos da mártir, que se chamava Ana Rodrigues.

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segunda-feira, 19 de julho de 2010

IMORTAL DA ACADEMIA FRANCESA VISITA AMAZÔNIA E DECEPCIONA PÚBLICO EUROPEU AO SUSTENTAR MITOS E LENDAS DO BRASIL

Até os imortais têm defeitos. Já vimos em outro momento que o conhecidíssimo Voltaire era brigão, marrento, um pouco trapaceiro, e ainda chegou a mentir para entrar na Academia Francesa (ocupou a cadeira 33, em 1746).

Desta vez vamos falar de um outro imortal, amigo não somente de Voltaire, como também de outros nomes famosos da elite intelectual francesa, como Diderot.

Próximo da metade do século XVIII uma comitiva francesa se dirigiu à região amazônica a fim de proceder a várias pesquisas, dentre as quais verificar a circunferência da Terra, daí porque optaram pela exploração da linha do Equador.

Dos acadêmicos franceses, um se dedicou especificamente à pesquina natural, bem como aproveitou para estudar os índios amazônicos.

E elite intelectual europeia - principalmente a francesa - achou que a expedição à América do Sul iria desvendar lendas e mitos que recheavam o imaginário dos viajantes. Naquele tempo a Europa estava infestada de relatos fantasiosos que partiam do Brasil e dos demais países das Américas.

Mas Charles-Marie de La Condamine (que ocupou em 1760 a cadeira de nº 23 da Academia) não superou as expectativas europeias. Quando chegou a Paris, o acadêmico deu uma palestra para um público elitizado e sedento por ouvi-lo; mas o imortal entreteve o público com conversas que só aumentaram as crendices em voga naquele momento.

Perguntado sobre a cidade do El Dorado e sobre as famosas guerreiras Amazonas, La Condamine deu a entender que ambas eram reais. Tomou como base relatos indígenas, os quais, como muitos da época, também criam em lendas e mitos.

O imortal francês também agiu de má fé: apoderou-se de pesquisas feitas antes dele, as quais foram apresentadas como sendo de sua autoria. Uma destas pesquisas (feitas por um jesuíta suíço) ficou em poder do francês para que ele a publicasse posteriormente, cuja missão ele não cumpriu.

E o pior: o acadêmico passou uma péssima impressão dos índios brasileiros. Afirmou que os nativos eram mentirosos, crédulos, inimigos do trabalho, bem como incapazes de reflexão.

Finalizou dizendo que os índios levam a vida sem pensar, pois eram como crianças a vida inteira, de cuja idade nunca se apartavam, mesmo quando adultos e velhos.

Bastaram dois séculos para o antropólogo - coincidentemente um acadêmico francês - desmentir a tese de La Condamine sobre os índios e sua cultura. Estamos falando de Claude Lévi-Strauss, que ocupou a cadeira 29, em 1973.

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segunda-feira, 5 de julho de 2010

A ORIGEM DA EXPRESSÃO DE TRATAMENTO 'VOSSA EXCELÊNCIA' NA LÍNGUA PORTUGUESA

Devo escrever: "Vossa Excelência, discordo de seus projetos." ou "Vossa Excelência, discordo de vossos projetos."??

Acreditamos seja comum, em momentos que exijam erudição, formalismo, a presença da presente dúvida na hora de se decidir sobre a questão aqui levantada. Diz um velho adágio popular que 'nem tudo o que parece é.'

Vamos à resposta e ao resgate histórico em torno da questão:

Evanildo Bechara, membro da Academia Brasileira de Letras, afirma que tais tipos de títulos honoríficos surgiram no português entre os séculos XIV e XV. Na época realmente havia possibilidade de se usar as duas formas apresentadas.

Na história da literatura portuguesa consta o nome de um autoditada chamado Alexandre Herculano (1810 - 1877), escritor do Romantismo, autor de clássicos portugueses.

Deve-se principalmente a ele o tira-teima dessa celeuma. Embora não tendo formação acadêmica, Herculano era apaixonado por história, e, movido por sua paixão, percorreu todos os recantos de Portugal em busca de documentos e textos de cunho histórico.

Curiosamente, não tendo formação acadêmica, como dissemos acima, foi o responsável por iniciar uma nova fase na historiografia portuguesa, dando-lhe um cunho científico, uma vez que em seus escritos tentou abolir o misticismo, muito comum em Portugal.

Amante do medievalismo, investigou a fundo a história de seu país, resultando, dessa pesquisa, a resposta para o problema solucionado aqui.

Ele descobriu que o uso concomitante de 'seu, sua' e 'vosso, vossa' durou até aproximadamente o século XVII, momento em que o 'vosso, vossa' perdeu a prioridade para o 'seu, sua'.

Descobriu, também, que do século XVIII ao tempo de suas pesquisas o 'vosso' somente era utilizado em escritores desconhecedores da história da língua portuguesa ou em novelas e peças teatrais que retratavam o passado histórico, a fim de se evitar o anacronismo.

Desta feita, nem Portugal nem o Brasil devem usar os pronomes 'vosso, vossa, vossos, vossas', a menos que estejam acompanhados de algum título honorífico, sem exceção. Sendo assim, o primeiro exemplo trazido nesta matéria corresponde ao correto, ao passo que o segundo exemplo deve ser evitado. Portanto, não devemos empregar frases do tipo "Vossos sonhos, vossas palavras, vossa atitude" e sim "Seus sonhos, suas palavras, sua atitude", mesmo sendo dirigidas a altas autoridades, dignas do tratamento Vossa Excelência.

Alexandre Herculano é reconhecido não somente por gramáticos, como por historiadores e por literatos, dada a sua importância tanto na literatura, na história, como no estudo da língua portuguesa.

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domingo, 4 de julho de 2010

UM DOS TEXTOS MAIS CRIATIVOS JÁ ESCRITO PELO SER HUMANO

Em meados do século XVI, François Rabelais (1494 - 1553) compôs uma das críticas mais criativas acerca dos homens da Igreja Católica. A obra se chama Gargantua e Pantagruel.

Transcreveremos, abaixo, o texto em questão. Observe os neologismos adotados pelo autor, cuidadosamente criados para abrilhantarem ainda mais a crítica.

A nosso ver, a crítica de Rabelais se constitui num dos mais fabulosos textos já escritos pelo ser humano, não só pela criatividade em si, mas pela profundidade e fidelidade histórica da época.

Você, leitor e leitora, se ainda não conhecia este texto, aprecie e tente identificar cada uma das críticas aqui mencionadas.

Vamos ao texto:

"A ilha era habitada por pássaros grandes, belos e polidos, em tudo semelhantes aos homens da minha pátria, bebendo e comendo como homens, digerindo como homens, dormindo como homens . . . Vê-los era uma bela coisa. Os machos chamavam-se clerigaus, monagaus, padregaus, abadegaus, bispogaus, cardealgaus e papagaus - este era o único de sua espécie . . . Perguntamos porque havia só um papagau. Responderam-nos que . . . dos clerigaus nascem os padregaus . . . dos padregaus nascem os bispogaus, destes os belos cardealgaus, e os cardealgaus, se antes não os leva a morte, acabam em papagau, de que ordinariamente não há mais que um, como no mundo existe apenas um Sol . . . Mas donde nascem os clerigaus? ... - Vêm dum outro mundo, em parte de uma região maravilhosamente grande, que se chama Dias-sem-pão, em parte doutra região Gente-demasiada . . . A coisa passa-se assim: quando, nalguma família desta última região, há excesso de filhos, corre-se o risco de a herança desaparecer, se for dividida por todos; por isso, os pais vêm descarregar nesta ilha Corcundal os filhos a mais . . . Dizemos "Corcundal" porque esses que para aqui trazem são em geral corcundas, zarolhos, coxos, manetas, gotosos e malnascidos, pesos inúteis na terra . . . Maior número ainda vem de Dias-sem-pão, pois os habitantes dessa região encontram-se em perigo de morrer de fome, por não ter com que se alimentar e não saber nem querer fazer nada, nem trabalhar em arte ou ofício honesto, nem sequer servir a outrem . . . ou cometeram algum crime que poderá levar à pena de morte . . . então voam para aqui, tomam aqui este modo de vida, e subitamente engordam e ficam em perfeita segurança e liberdade."

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quinta-feira, 1 de julho de 2010

CONHEÇA A SENTENÇA DE MALDIÇÃO LIDA EM CERIMÔNIAS DE EXCOMUNHÃO NA IGREJA CATÓLICA MEDIEVAL

Ainda hoje o instituto da excomunhão é uma realidade na Igreja Católica. Certamente não tem o mesmo peso que outrora. Abaixo será transcrita uma parte da sentença que era lida para o excomungado. Leia atentamente, e observe a presença dos elementos que geravam temor e medo, suficientemente capazes de levar o punido ao desespero emocional.

A sentença de maldição era lida pelo bispo, que se encontrava cercado pelo clero, na presença do povo. O ambiente era sombrio: teto preto, sinos badalando e tochas acesas, um prenúncio do destino do excomungado.

Diz a sentença (atente para as palavras depois das reticências):

"Que sejam malditos sempre e por toda a parte; que sejam malditos dia e noite e a toda hora; que sejam malditos quando dormem, quando comem e quando bebem; que sejam malditos quando se calam ou quando falam; que sejam malditos desde o alto da cabeça à planta dos pés. Que seus olhos tornem-se cegos, que seus ouvidos tornem-se surdos, que sua boca torne-se muda, que sua língua fique pregada à abóbada palatina, que suas mãos não toquem em nada, que seus pés não andem mais. Que todos os membros do seu corpo sejam malditos; que sejam malditos quando de pé, deitados ou sentados; que sejam enterrados com os cães e os asnos; que os lobos rapaces devorem seus cadáveres . . . E assim como se extinguem hoje estas tochas por nossas mãos, que a luz de sua vida se extinga eternamente, a menos que se arrependam."

Na Idade Média, do pobre ao rico, do plebeu ao rei, todos evitavam ao máximo se depararem com uma situação como essa. Indiscutivelmente foi um excelente recurso utilizado pela igreja para manipular o pensamento e as atitudes das grandes massas.

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segunda-feira, 21 de junho de 2010

RUI BARBOSA COMETE ERRO GRAMATICAL E VÊ REJEITADA UMA DE SUAS PROPOSTAS DE EMENDA AO PRIMEIRO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO

Recentemente o Brasil se deparou com um fato que deu o que falar nos meios de comunicação: o projeto Ficha Limpa foi alvo de discussão em decorrência de um suposto erro gramatical.

Há, na história do Brasil, outro fato parecido que ganhou grande relevância, cujos envolvidos são Rui Barbosa e seu ex-professor, este um renomado linguista brasileiro.

O cearense Clóvis Beviláqua fora convidado, no final do século XIX, para elaborar o primeiro Código Civil brasileiro.

Em 1902, quando o Congresso já debatia o texto do futuro código, o jurista Rui Barbosa propôs uma emenda à redação do citado código.

No texto elaborado por Beviláqua aparecia a seguinte expressão:

"A fortuna do pai passa a seu filho."

Rui Barbosa afirmou que a expressão deveria ser:

"A fortuna do pai passa-lhe ao filho."

Ocorre que a revisão gramatical do código fora feita - a pedido do Governo - por Carneiro Ribeiro, médico e, como dissemos, respeitado linguista brasileiro.

Carneiro Ribeiro insistia que Rui Barbosa estava errado, ao passo que este insistia que o erro partira daquele.

Carneiro Ribeiro tinha sido professor de Euclides da Cunha e de Rui Barbosa.

O debate rendeu. Aluno e professor prosseguiram no debate, o que resultou em duas obras produzidas posteriormente, uma de cada, através das quais trataram sobre o tema.

Evanildo Bechara, emérito professor e filólogo brasileiro, atualmente membro da Academia Brasilira de Letras, afirma categoricamente que Rui Barbosa estava errado.

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domingo, 30 de maio de 2010

A EMANCIPAÇÃO DOS HOSPITAIS

Não se sabe ao certo a origem do primeiro hospital. Comumente é aceito que ele surgiu na Idade Média.

Sidartha Gautama (Buda), criou o primeiro protótipo de um hospital. Consta que ele mandou construir instalações ao lado dos mosteiros budistas, com o fim de cuidar das pessoas que apresentavam problemas de saúde.

A invenção de Buda não vingou. Somente no começo da Idade Média, na Roma Antiga, é que teriam surgido os primeiros hospitais do Ocidente, cuja administração competia aos sacerdotes católicos.

Lentamente é que a administração dos tais estabelecimentos saiu do poder dos religiosos e passou ao domínio dos médicos.

A partir da Renascença a igreja perdeu esse monopólio para as autoridades municipais.

Enquanto estavam sob o poder dos sacerdotes, era comum rezas e rituais litúrgicos com o fim de restabelecer a saúde do doente.

Com a emancipação, não desapareceu de todo essa prática - tanto que hoje ainda se admite, inclusive por força de lei.

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sábado, 29 de maio de 2010

NERO E SUAS TENTATIVAS DE SUICÍDIO. ENFIM, SUICIDOU-SE.

Nero é retratado como um homem cruel, grande perseguidor do cristianismo, e ao mesmo tempo um amante das artes. Governou o Império Romano de 54 a 68 d.C.

Nos últimos dias de seu governo foi declarado inimigo público pelo senado romano, que deu ordens para prendê-lo, bem como julgá-lo segundo o costume dos antigos.

Foragido, Nero passou fome e sede. Para não perecer de sede, sentiu-se forçado a beber água de um lamaçal.

O imperador não sabia em que consistia a punição dos antigos. Perguntou a seu secretário a forma de tal suplício. Foi informado de que uma forquilha era atada ao pescoço do condenado.

Ao saber, pegou dois punhais que trazia consigo e tentou enfiá-los na garganta. Não teve coragem, pois sentiu que seria muito doloroso. Justificou dizendo que sua hora ainda nao havia chegado.

Quando soube que um soldado romano estava a sua procura para o entregar ao senado, pediu a seu secretário que o ajudasse a perfurar um dos punhais em sua garganta.

Assim foi feito. Antes de morrer ainda teria dito:

"Tarde demais! Isto é que é fidelidade."

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quarta-feira, 26 de maio de 2010

PROFESSOR OBRIGA ALUNO DE 12 ANOS DE IDADE A COMER FEZES HUMANAS COMO FORMA DE CASTIGO

O fato foi presenciado por ninguém menos do que Erasmo de Rotterdam, famoso humanista.

Em outra ocasião relatamos a forma cruel como alunos eram tratados por padres no início da Idade Moderna, sendo que o próprio Rotterdam serviu de testemunha.

Relatou o dito humanista que testemunhou um aluno de 12 anos de idade, filho de pais de elevado padrão social, ser submetido a mais degradante humilhação que se possa imaginar.

A fim de castigar o aluno, seu professor deu ordens a um carrasco para que colocasse fezes humanas na boca da criança. Assim foi feito.

Consta que, não podendo mais expelir as fezes, o garoto foi obrigado a engoli-las.

Depois, totalmente despido, foi suspenso com cordas pelas axilas, quando passou a sofrer outras formas de castigos físicos e psicológicos.

Quanto mais o garoto se dizia inocente, mais eram aumentados tais castigos.

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terça-feira, 25 de maio de 2010

VOLTAIRE: O FILÓSOFO BRIGÃO, MENTIROSO E ESPERTALHÃO


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Voltaire (1694 - 1778), conhecido filósofo iluminista francês, era dado à estupidez, à arrogância, do tipo que partia para a briga. Tinha uma língua afiada, e não gostava de levar desaforo para casa: certa vez, foi chantageado por um corretor, e, como resposta, o agarrou pela garganta, jogando-o no chão.

Candidatou-se para a Academia Francesa, em cuja oportunidade ele se declarou católico (quando na verdade era deísta), e ainda elogiou vários jesuítas poderosos. Enfim, mentiu.

Voltaire devia uma conta a um livreiro, e, ao que tudo indica, não tinha a pretensão de pagar a dívida. Certa vez o tal livreiro o encontrou e cobrou a conta atrasada. Voltaire ficou furioso e acabou dando um soco no ouvido do livreiro, o que fez com que o secretário do filósofo tentasse consolar o pobre cobrador, dizendo: "Senhor, acabais de receber no ouvido um soco de um dos maiores homens do mundo".

Foi convidado por Frederico II, rei da Prússia, a residir no palácio real, tamanha era a admiração do monarca pelo filósofo. Lá, no palácio, entrou em muitos atritos com o rei. Certa vez, Frederico II convidou um grande matemático conterrâneo de Voltaire a residir na corte (pois Frederico II foi um grande amante das letras e da ciência), e, num certo dia, o matemático entrou em atrito com um matemático subordinado acerca de uma interpretação sobre Newton. Frederico puniu pelo matemático "superior", ao passo que na mesma hora Voltaire correu em favor do "inferior".

Outra vez o filósofo compôs um poema sobre Frederico. Lendo o rascunho, o rei passou a noite rindo. Não sabia ele que o poema já havia sido enviado para ser publicado. Depois que soube, Frederico ficou furioso e mandou prender Voltaire.

Morreu angustiado.
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quarta-feira, 19 de maio de 2010

O TERREMOTO QUE DEU O QUE FALAR: IGREJA ACUSA PECADO DO POVO COMO CAUSA E DOIS RENOMADOS FILÓSOFOS TROCAM INSULTOS ENTRE SI

A culpa foi do terremoto ocorrido em novembro de 1755, mais precisamente no Dia de Todos os Santos. . . logo nesse dia.

Tal desastre é elencado como um dos maiores já ocorridos em Lisboa e deu o que falar na época.

A estimativa de mortos varia de 15.000 a 30.000 mortos. 85% das casas desabaram. 35 das 40 igrejas de Lisboa foram ao chão e 54 dos 66 conventos desmoronaram.

Naquela manhã as igrejas estavam lotadas, o que aumentou o número das vítimas. Depois do ocorrido, o clero francês se pronunciou oficialmente: a culpa é do povo de Lisboa, porque eles estavam cheios de pecado.

Ou seja, as igrejas caíram por causa do pecado dos fiéis.

Indignado com a resposta dada pelo clero francês, o famoso iluminista Voltaire compôs um dos seus mais célebres poemas, através do qual expressava um velho dilema: ou Deus pode evitar o mal e não quer, ou deseja evitá-lo e não consegue.

O poema se espalhou e chegou ao conhecimento de outro conhecido filósofo: Rousseau, que rebateu as críticas de Voltaire em uma nota pública, na qual fazia constar que o próprio homem (e não seus pecados) devia ser culpado pelo grande número de mortos, porque, segundo ele, se os homens vivessem nos campos, a céu aberto, o desastre teria sido bem menor, exemplificou.

Tal atitude de Rousseau levou Voltaire a chamá-lo de "o escárnio de Voltaire".

Pois é, pouca gente sabe, mas os dois grandes iluministas andaram se desentendendo por causa de um terremoto.

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quarta-feira, 12 de maio de 2010

CARTA DE CONSTANTINO AO REI PERSA


John Fox (1517-1587), escritor do período da Reforma Protestante, trouxe à tona uma carta* que o imperador Constantino enviou ao rei persa, com os seguintes dizeres:

"Somente pela minha fé em Cristo Jesus é que os subjuguei. Por isso, Deus foi meu ajudador, deu-me a vitória na batalha e faz-me triunfar sobre meus inimigos. Da mesma maneira me tem ampliado os limites do Império Romano, de modo que se estende desde o Oceano Ocidental até quase os confins do Oriente. E nestes domínios não tenho oferecido sacrifícios às antigas divindades, nem usado os encantamentos ou adivinhações: só tenho oferecido orações ao Deus Onipotente, e seguido a cruz de Cristo. Muito me regozijaria se o trono da Pérsia achasse também glória e abraçasse os cristãos, de modo que tu comigo, e eles contigo, pudéssemos gozar a verdadeira felicidade".

Em nossa opinião, Constantino não foi um cristão genuíno, apesar da carta.

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*A carta fora publicada pelo dito escritor (John Fox) em sua preciosa obra O livro dos mártires, cuja primeira publicação se deu em latim, em 1554. A publicação em inglês se deu nove anos depois.


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terça-feira, 4 de maio de 2010

AS CAÇADAS NOTURNAS FORAM CRIADAS PARA PROPORCIONAREM DIVERTIMENTO E ACABARAM SE TORNANDO UM PODEROSO SINÔNIMO DE STATUS SOCIAL

Você já assistiu ao filme Tristão e Isolda? O referido filme mostra, além de tantas outras cenas, o rei da Cornuália deixando sua bela esposa no castelo para praticar aquilo que era uma tradição entre os europeus da época (século 12): caçar à noite acompanhado de amigos.

Segundo Caio Suetônio, historiador do segundo século d.C., foi Júlio César (100 a 44 a.C.), membro do Primeiro Triunvirato romano, o criador dessa prática, que tinha por objetivo gerar divertimento para seus praticantes.

E virou moda mesmo, sinônimo de status social.

Os membros da nobreza e da realeza na Idade Média se sentiam no dever de levar o costume adiante, e faziam isso com alegria, pois convidar os amigos mais chegados para uma boa caçada noturna era um hábito bastante sedimentado.

Tais práticas, no entanto, possibilitaram alguns encontros amorosos proibidos, como aquele mostrado em Tristão e Isolda, que mostrou a esposa do rei se encontrando com seu sobrinho (do rei).

Antes de Júlio César há registros da prática de caçadas entre os gregos clássicos, mas com fins educacionais para jovens.

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domingo, 2 de maio de 2010

BRASIL: ESCARRAR, ASSOAR O NARIZ E CUSPIR JÁ SERVIRAM DE RESPOSTA PARA PEDIDOS DE NAMORO

Já vimos que no Brasil do século XIX o periquito já serviu de sinal para encontros amorosos escondidos.

Mas outros sinais esquisitos também foram registrados no Brasil.

Quando um rapaz estava interessado em alguma jovem, ele acertava com ela que apareceria próximo de sua casa (dela) e emitiria alguns sinais como prova de que ele queria sair com ela.

Geralmente o rapaz escarrava ou assobiava. Outras vezes se passava por vendedor e passava em frente à casa da moça anunciando um determinado produto.

Há casos - acreditem - de moças que se apaixonavam pela forma como o rapaz cuspia, pois o cuspe também servia de sinal.

Outros ainda ficavam assoando o nariz, outros fungando.

Se a moça respondesse com o mesmo gesto era sinal de que o encontro daria certo. A cuspideira, as tosses e as fungadeiras poderiam durar vários minutos ou horas, até que a moça se posicionasse. O silêncio da pretendida seria um "não".

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quinta-feira, 29 de abril de 2010

PAI TINHA ATÉ CINCO DIAS DEPOIS DO NASCIMENTO DO FILHO PARA DECIDIR SE O MATARIA

Na Grécia Antiga o pai tinha plenos poderes sobre o filho (e mesmo sobre a esposa). Tanto o aborto como a exposição de filhos recém-nascidos eram meios legítimos para os genitores se livrarem dos filhos indesejados.

Depois de nascida, a criança tinha a sorte lançada nos cinco primeiros dias de vida, em cujo período o pai decidia se aceitaria o filho ou se o rejeitaria.

Se aceito, decorridos os cinco dias, era iniciado o culto da família. A cerimônia constituía de festas e de um ritual um tanto peculiar: a ama de leite segurava o bebê e os pais e convidados faziam voltas em torno do altar doméstico. Em seguida o bebê recebia uma unção de óleo e depois era levado à água lustral.

A mãe cumpria o resguardo pelo tempo de 10 dias, e, depois desse tempo, estava liberada para as práticas habituais.

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domingo, 18 de abril de 2010

A ORIGEM DAS FÉRIAS DE JUÍZES E DOS RECESSOS FORENSES

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Atualmente, o recesso forense ocorre entre os dias 20 de dezembro e 6 de janeiro. Mas foi no governo do imperador romano, Otávio Augusto (27 a.C. — 14 d.C.), que os juízes ganharam o direito de usufruírem férias.

Ganharam um ano inteiro de férias. O motivo é porque não havia quem quisesse exercer a magistratura no início do Império. Otávio concedeu, mesmo a contragosto, tal privilégio.

Além do mais, criou o recesso forense, que deveria ocorrer nos meses de novembro e dezembro, em cujo período suspendia-se a tramitação dos processos.

Naquele tempo, 30 juízes atuavam em Roma, quando o Otávio Augusto aumentou para 40, a fim de desafogar a Justiça.

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sexta-feira, 16 de abril de 2010

A RELAÇÃO DAS VIAGENS COM A ERUDIÇÃO: NO SÉCULO DAS LUZES, A MODA ERA PEGAR A ESTRADA E VIAJAR PARA SE TORNAR MAIS CULTO

O século XVIII ficou conhecido como O Século das Luzes, por causa do Iluminismo.

No referido século era moda pegar a estrada e viajar para outros países. O principal destino era a Itália. As cidades de Roma e outras onde prosperaram o Renascimento eram as mais procuradas.

Propagou-se, naquele tempo, a ideia de que viajar para lugares historicamente famosos tornava o viajante mais culto, mais erudito.

Goethe, conhecido poeta alemão, foi um deles. Aos 37 anos saiu do seu país com destino a Roma graças à tradição da época. Na ocasião ele levou - além dos acessórios básicos - livros de história e manuscritos sobre arte.

Como a fotografia ainda não existia, muitos iam acompanhados pintores, a fim de que fossem registrados os lugares famosos.

A moda, no entanto, não fora criada no Século das Luzes; surgiu 100 anos antes, mas foi no referido século que atingiu seu auge. Hoje, no entanto, a moda ainda persiste firmemente.

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sexta-feira, 9 de abril de 2010

A PRIMEIRA ORDEM DOS ADVOGADOS QUE SURGIU NO MUNDO

No Brasil existe a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), criada oficialmente no início da década de 30, no governo de Getúlio Vargas.

Hoje, não só no Brasil, os advogados têm matrículas pessoais nas suas respectivas Ordens.

O registro mais antigo da criação de um Instituto representativo da classe dos advogados aponta para o governo de Cláudio, imperador romano (41 a 54 d.C.).

Consta que ele instituiu a Corporação dos Advogados (ou Colégio dos Advogados). Exigiu ainda que todos os advogados militantes no Império tivessem uma matrícula individualizada.

Além do mais, o mesmo imperador autorizou a criação de um estatuto que tratasse dos interesses da classe

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quinta-feira, 8 de abril de 2010

POR QUE ADVOGADOS E MÉDICOS SÃO CHAMADOS DE "DOUTOR" SE ESTE É UM TÍTULO ACADÊMICO SOMENTE PARA QUEM TEM DOUTORADO?

Segundo o Manual de Redação da Presidência da República, somente deverá ser chamado de doutor quem concluiu satisfatoriamente o curso acadêmico de doutorado. Ou seja, doutor é um título acadêmico e não um pronome de tratamento.

Então por que advogados, juízes, promotores e médicos são assim chamados, mesmo quando não têm doutorado?

A raiz etimológica da referida palavra está ligada, de algum modo, à pessoa que ensina. Tanto no Brasil como em Portugal existe uma longa tradição de chamar os profissionais acima mencionados pelo título de doutor, ainda que os mesmos só tenham bacharelado.

A primeira universidade a empregar o referido título foi a de Bolonha, na Itália, por volta do século XII d.C.

No Brasil imperial, em agosto de 1827, foi promulgada uma lei que instituía dois cursos de Direito no Brasil, um em Olinda e o outro em São Paulo. Ficou acertado que o título de doutor seria concedido aos advogados que tivessem bacharelado e que posteriormente defendessem uma tese. Mas somente seria chamado de doutor se o advogado atuasse na profissão e se defendesse uma tese. Se apenas concluísse o curso seria chamado apenas de bacharel.

Nas mais variadas situações do dia a dia tornou-se um incômodo e, portanto, constrangedor ter que perguntar se o advogado tinha ou não defendido uma tese e se era militante. Imaginemos, para uma melhor compreensão, que um cidadão graduado em Direito comparecia a uma reunião e, numa roda de amigos, ao se dirigir ao graduado, a pessoa teria que primeiro perguntar se ele era militante e se tinha defendido uma tese, para, em seguida, chamá-lo de doutor. Este inconveniente fez com que a tradição passasse a chamar todo graduado em Direito pelo título de doutor, cujo tratamento ainda está presente nos dias atuais com bastante força.

E com relação aos juízes, promotores e médicos?

Ora, se advogados já eram chamados de doutor sem o correspondente título acadêmico, o que dirá de juízes e promotores, que, na visão popular, são autoridades maiores* do que os advogados? Seria, pela lógica, uma afronta, na época, não chamá-los de doutor. Da mesma forma a tradição sancionou o mesmo tratamento.

Com relação aos médicos (que somente foram chamados de doutor no século XIX) a explicação pode estar na força etimológica da palavra doutor com a associação ao ensino, ao magistério, que pressupõe uma função que exige notório conhecimento.

Como a função de médico (mesmo sem exercer o magistério) sempre foi vista como uma função que exige grande conhecimento, fica fácil entender o porquê de serem chamados de doutor: exatamente pela presunção do alto nível de conhecimento. Assim, médicos são chamados de doutor graças ao significado etimológico da palavra, que se sobrepôs ao que deveria ser o correto.

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* NOTA: Inserimos, neste parágrafo, a seguinte expressão "que, na visão popular". O texto original não a continha, de modo que alguns comentários questionaram o fato da postagem definir juízes e promotores como autoridades superiores a advogados. Acreditamos, agora, pacificar este ponto especificamente.

Leia também:

A primeira OAB da história
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A primeira Defensoria Pública da história 

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segunda-feira, 5 de abril de 2010

A ORIGEM DA DEFENSORIA PÚBLICA

Imagem da internet

A origem histórica remonta ao governo de Valentiniano (364–375 d.C.), conhecido imperador romano, que não se posicionava oficialmente sobre querelas judiciais de seu tempo.

Foi o referido imperador que ordenou a criação, em cada município, de defensores públicos para que defendessem os pobres nas disputas judiciais quando a outra parte era um rico ou um nobre.

Ao que tudo indica, se dois pobres fossem os litigantes, a Defensoria não atuava, visto que o objetivo era livrá-los das injustas disputas com nobres e ricos.
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quinta-feira, 25 de março de 2010

I SÉCULO d.C.: MAIS DE DOIS MIL LIVROS EM LÍNGUA GREGA E LATINA FORAM QUEIMADOS

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A ordem partiu de Otávio Augusto, primeiro imperador romano (27 a.C. a 14 d.C.).

Augusto era obstinado por tudo que tivesse relação com predições, adivinhações e afins.

Ele era altamente supersticioso.

Durante seu governo mandou buscar em todas as partes livros que contivessem predições em grego e latim. Enviou "caçadores" de livros para os confins do Império.

Conseguiu recolher mais de dois mil volumes desses livros. Mandou queimar todos aqueles cujos autores fossem anônimos.

Deixou ordens expressas para que só não fossem queimados os livros sibilinos, que são coletâneas de oráculos trazidos da Grécia para Roma.

Feita a triagem, guardou os livros selecionados em duas caixas douradas e as colocou aos pés da estátua de Apolo Palatino.

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terça-feira, 23 de março de 2010

MANUSCRITOS DE ISAAC NEWTON REVELAM SEUS ESFORÇOS PARA INTERPRETAR SINAIS OCULTOS NA BÍBLIA

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Isaac Newton (1643 a 1727 d.C.) ficou conhecido na história por sua enorme contribuição para a ciência.

Mas não foi somente de ciência que ele gostava. Era fascinado por solucionar os mistérios descritos na Bíblia.

Masnuscritos de sua autoria revelam que o cientista se empenhou ao máximo para decifrar o Apocalipse, através do livro de Daniel.

Também buscou, a todo custo, calcular quando ocorreria o fim do mundo. Chegou à conclusão que não ocorreria antes de 2060.

Outra tentativa de Newton era com relação à volta de Cristo.

Sobre o fim do mundo, veja o que ele escreveu:

"Ele deve ocorrer mais tarde que 2060, não vejo razão para que termine agora."

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sexta-feira, 19 de março de 2010

BRASIL, 1549: DESCRIÇÃO DE UM ALEMÃO SOBRE SEUS DIAS DE SUFOCO NO LITORAL DE SANTA CATARINA

O alemão Hans Staden esteve duas vezes no Brasil, sendo que na segunda vez quase esteve à morte. Deixou um fabuloso registro, através de um livro, sobre o costume dos índios brasileiros das décadas de 40 e 50 do século XVI.

Quando chegaram ao litoral de Santa Catarina, perderam o navio principal. Tiveram que passar dois anos e seis meses naquela redondeza.

Contou ele que passaram muita fome. Tiveram que comer lagartos, ratos do mato, mariscos e outros animais que ele julgou esquisitos.

Relatou que somente recebiam mantimentos dos índios se estes fossem presenteados pelos europeus. Se não recebessem presentes, os índios não negociavam.

Relatou ainda que muitos decidiram ir para o Paraguai, a pé, pelo Rio Grande Sul. Contou que muitos morreram de fome nesse trajeto.

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sexta-feira, 12 de março de 2010

ERASMO DE ROTTERDAM PRESENCIOU REITOR DE COLÉGIO CATÓLICO ORDENAR QUE ALUNO FOSSE AÇOITADO COM VARAS

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O fato aconteceu provavelmente em 1495, na cidade de Paris, França.

Era comum, nos colégios católicos de Paris daquela época, alunos serem açoitados com varas depois do almoço.

Erasmo de Rotterdam chegou a presenciar um famoso reitor católico culpar uma criança inocente somente para vê-la ser sacrificada.

Acusado, o menino de dez anos confessou ser inocente, o que não impediu o reitor de chamar o professor a fim de que açoitasse o aluno com varas.

A sanha do professor era tanta, que só parou de bater na criança, que era seu aluno, quando este apresentava sinais de desmaio, embora tenha recebido ordens para parar de bater.

Depois da surra, o reitor confessou a Rotterdam que aquele menino não merecia ser açoitado, mas que era necessário fazê-lo, pois deveria ser humilhado.

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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A ORIGEM DO RECESSO NO PODER LEGISLATIVO

Imagens da internet

O governo de Otávio Augusto, o primeiro imperador romano (27 a.C. - 14 d.C.), foi marcado pela tentativa de colocar ordem no Poder Legislativo da velha Roma. Decretou que, antes de iniciadas as sessões, cada senador deveria oferecer incensos e vinho ao altar dos deuses romanos.

Determinou, também, que o Senado teria duas reuniões mensais, uma no primeiro dia e a outra no dia 13 ou no dia 15 de cada mês.

Fixou os meses de setembro e outubro para o recesso no Senado, devendo comparecer apenas o número mínimo de senadores para formar o quórum necessário à elaboração de leis.

Muito provavelmente os meses de setembro e outubro foram escolhidos porque agosto era o mês de seu aniversário, de grande importância para os romanos.