domingo, 5 de setembro de 2010

PADRES PROVOCARAM ABORTO DE CRIANÇAS CUJO PROCEDIMENTO FORA APROVADO POR UNIVERSIDADE

Desde a origem do cristianismo a Igreja tem desaprovado o aborto, cujo posicionamento é justificado com base em textos bíblicos. Há registros, porém, de que na América Latina - mais precisamente no Brasil - padres católicos não somente defenderam o aborto como efetivamente contribuíram neste sentido.

A partir do final do século XVI o papa autorizou os padres jesuítas praticarem a medicina em regiões onde não houvesse médicos, desde que os novatos fizessem um estágio de apenas um mês.

No Brasil, por exemplo, que não dispunha de médicos no início do período colonial, passaram a ser responsáveis pela erradicação de quaisquer doenças no país. Nem mesmo os índios ficaram de fora: as atividades missionárias dos jesuítas eram acompanhadas de práticas medicinais, ainda que tal procedimento entrasse em choque com a tradição indígena.

No início os jesuítas se recusaram a adotar ervas e plantas como meios de cura, alegando que tais recursos já eram usados pelos indígenas e portanto, de procedência diabólica. Em vez de plantas e ervas, o jesuítas preferiam rezas, água-benta e óleos que levavam nomes de santos.

Ante a ineficiência do método, somente aos poucos se renderam à sabedoria indígena. Há vários registros que dão conta da existência, antes mesmo do final do século XVII, de minifarmácias constituídas somente de produtos naturais.

Mas os recursos espirituais dos padres não foram deixados de lado. Em períodos de grandes mortandades causadas por varíola ou sarampo, preces, procissões e autoflagelação eram comuns entre o rebanho católico.

No Sul do Brasil, por exemplo, o padre Cardiel registrou que muitos índios contraíram varíola, de modo que as mulheres grávidas perdiam seus bebês ainda na barriga. Aquelas, porém, que estavam prestes ao parto, foram orientadas pelos padres a beberem vinho com pimenta moída para apressarem o nascimento da criança.

O motivo, no entanto, era somente um: praticar o batismo das crianças antes que elas morressem, uma vez que, segundo os jesuítas, era comum as mesmas morrerem pouco antes do parto em decorrência da doença da mãe e, quando chegavam a nascer, logo pereciam.

Segundo os ditos padres, se elas morressem sem batismo (mesmo na barriga da mãe) seriam pagãs, sem salvação da alma, daí o porquê do aborto.

O caso foi discutido na Universidade de Córdoba, na Argentina, que acabou aprovando a prática do aborto, quando alegaram motivo justo, ou um "santo fim", no dizer da Universidade.

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