segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A ORIGEM DA ASSOCIAÇÃO DOS MUSEUS À MEMÓRIA, À HISTÓRIA E AO PASSADO

Sempre que ouvimos falar em museus ou mesmo quando entramos em um deles, somos levados a associá-los ao passado, à história, à memória. Eis a interessante origem desta associação.

Os antigos romanos - que foram mestres na arte de valorizar a memória - gostavam de contar a lenda sobre um poeta grego chamado Simônides de Céos. Atentemos para cada detalhe desta lenda e seu desfecho final. Eis um breve resumo:

O poeta Simônides fora convidado pelo rei de Céos a compor um poema em sua homenagem. Ocorre que, na ocasião da leitura oficial, dedicou o dito poema ao rei e a dois deuses. Terminada a cerimônia, o poeta se dirigiu ao rei a fim de receber o pagamento pelo trabalho efetuado. O rei afirmou que somente pagaria a metade do combinado e que a outra metade fosse cobrada dos deuses, já que ele lhes havia dedicado o poema.

Antes mesmo de sair do palácio (onde acontecia a cerimônia), um mensageiro se aproximou do poeta e lhe transmitiu um recado: dois jovens o esperavam do lado de fora. Simônides, o poeta, se dirigiu aos jovens, fora do palácio (que veio a desmoronar, em seguida, matando a todos os presentes).

Os dois jovens que haviam convidado o poeta pagaram a outra metade e se apresentaram como sendo os deuses a quem lhes foi dedicado parte do poema.

Os familiares dos mortos, desesperados porque não conseguiam reconhecer seus parentes, procuraram Simônides, o único sobrevivente. Como o poeta tinha uma boa memória, passou a descrever minuciosamente as roupas de todos os convidados, bem como os lugares onde cada um estava no palácio.

Tal lembrança teria levado à criação da arte da memória como um palácio (depois museu) com lugares nos quais são colocadas as imagens correspondentes, assim como hoje os museus estão divididos em seções próprias, cada uma destinada a um tipo de memória.

A palavra museu está associada à palavra musa, por sua vez deusas gregas. Uma das musas, Clio, era a patrona da História, daí a associação da palavra museu ligada à história, ao passado.

.

Um comentário:

  1. Irei fazer um adendo em forma de comentário. O ato dos familiares recorrerem à memória do poeta tipifica a importância do museu (prédio físico com um fim certo). A memória do poeta, por sua vez, tipifica a importância de se preservar o registro histórico. Vemos essa associação quando constatamos, na lenda, que a memória serviu de elo entre o passado e o presente, cujo recurso se tornou imprescindível para aliviar o sofrimento presente (no caso dos familiares). O que Simônides fez, na prática, foi reproduzir em sua memória o palácio com seus convidados (que seriam os registros históricos), daí a noção de se ter um prédio destinado a guardar a memória, o que fazemos hoje através dos museus. Curioso também que no início a palvra "palácio" tinha o significado do que é hoje "museu" (pelo menos para esse fim de associação), tanto que pouco antes do início da Idade Média Santo Agostinho ainda fazia menção aos "palácios da memória".

    ResponderExcluir