tag:blogger.com,1999:blog-55226853543479064432024-02-07T02:16:03.330-03:00HISTÓRIA E SUAS CURIOSIDADES“Porque não vos fizemos saber o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas, mas nós mesmos vimos a sua majestade, porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: 'Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo'. E ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós com ele no monte santo" (Apóstolo Pedro).Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comBlogger103125tag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-39823321842297852682019-11-27T08:39:00.000-03:002019-11-27T08:42:05.741-03:00O SURGIMENTO DE HABITAÇÕES CIVIS NO CEARÁ<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZFQUMiIhx4H2VoLHivhuEyEAPmIL8EYt_yaTkGbSFUo1muzyquzYs4bFfiezuBwypxgBSczGsGUy2RsVyUGgrd5mJxsyczMBAFkbNI4nPJQy9k4WOuI-YboS1lbE-LdwuuZN3uLk7Awc/s1600/Quixad%25C3%25A1+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="364" data-original-width="713" height="203" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZFQUMiIhx4H2VoLHivhuEyEAPmIL8EYt_yaTkGbSFUo1muzyquzYs4bFfiezuBwypxgBSczGsGUy2RsVyUGgrd5mJxsyczMBAFkbNI4nPJQy9k4WOuI-YboS1lbE-LdwuuZN3uLk7Awc/s400/Quixad%25C3%25A1+2.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Imagem de Quixadá, no final do século XIX ou começo do século XX.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Fotografia obtida das redes sociais.</span></div>
<br />
<br />
<div align="justify" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;"><strong>Até meados da segunda metade do século XIX</strong>, foram quatro
os personagens que estavam diretamente ligados ao surgimento de
habitações civis no Ceará.<o:p></o:p></span></div>
<div align="justify">
<ul>
</ul>
</div>
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;">Sesmeiros.</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;"> Beneficiários
de terras virgens ou devolutas. A habitação se dava pelo processo formal junto
à Coroa portuguesa. Ora se apossavam inicialmente dessas terras antes mesmo do
processo de formalização, ora depois da regularização. Nasceram assim muitas e
grandes fazendas no interior cearense, depois fragmentadas com a morte do dono,
quando os herdeiros as vendiam após a inventariança amigável.<br />
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;"></span></b></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;"><b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;">Colonizadores</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;">. A habitação se dava pelo
processo informal, à revelia do controle governamental, quando se
apossavam de terras virgens, onde construíam residências. No princípio,
eram homens aventureiros, que seguiam interior a dentro por meio de
veredas deixadas pelos índios. Posteriormente, mesmo com o crescimento
populacional, se apossavam ou compravam terras não habitadas. A
regularização ocorreu a partir de 1850, com a chamada Lei de Terras
(601/1850), quando o governo imperial tentou regularizar a situação
agrária do país no tocante à posse e propriedade rural.</span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-list: l2 level1 lfo2; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;"></span></b> </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-list: l2 level1 lfo2; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;">Tangerinos</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;">. Eram erroneamente conhecidos
por comboieiros ou tropeiros, pois existem diferenças: os tangerinos
cuidavam da condução do gado em longos percursos, ao passo que os
comboieiros e tropeiros estavam mais afeitos às longas viagens
em animais de carga. Como faziam longos percursos, tangerinos,
comboieiros e tropeiros tinham paradas certas para descanso. Nessas
paradas, surgiam algumas habitações, geralmente em decorrência da
oportunidade de fazer algum negócio. Ocasionalmente eles não faziam o percurso
completo, seja pelo desgaste da função, seja por motivo de doença, seja
para a construção de novo núcleo familiar, quando fincavam rudes moradias
em terras virgens. </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;">Os
comboios no Ceará duraram até o ano 1920. Por sua vez, até o ano 1845 não
se usavam jumentos nessas travessias, mas apenas cavalos, éguas e, mais
raramente, bois (sobretudo nas estradas maiores, como a Estrada Geral do
Jaguaribe).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-list: l2 level1 lfo2; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;">Foras da lei</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;">. A Coroa portuguesa chamou os
tais de “vadios e vagabundos”. Eram homens procurados pela polícia, seja pelo
cometimento de crimes ainda não julgados, seja por fugas das prisões. Evitavam
Vilas e Povoados, especialmente </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;">depois de uma
Ordem Régia de 1766, por meio da qual foi ordenado que fossem criadas vilas no
Ceará, determinando que as pessoas que não tivessem residências fixas passassem
a residir nessas vilas. O texto chamava de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vadios</i>
e de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vagabundos</i> os homens que viviam
dispersos no território cearense, praticando crimes dos mais variados. O receio
de ser facilmente identificados, até porque também periodicamente as Vilas
deveriam publicar a relação de seus moradores, levou esses homens a se
embrenhar na mata, quando fixavam rudes residências.</span><span lang="PT" style="color: #1c1e21; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<span lang="PT" style="color: #1c1e21; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;"><strong>No final do século XIX e no começo do século XX,</strong> alguns
povoados tiveram início a partir da chegada da linha férrea, sobretudo nos
arredores das estações ferroviárias. A construção dessas casas se dava, em
geral, à revelia do controle do proprietário ou posseiro das terras. A
justificativa social para essas construções estava ligada, em geral, à
facilidade de locomoção para longas distâncias, somada à oportunidade de algum
negócio com transeuntes. Esse fenômeno se assemelhava ao que ocorria com o
advento e crescimento das estradas usadas pelos tangerinos, tropeiros e
comboieiros, quando muitos homens fixaram residências nas proximidades dessas
estradas, com vistas à oportunidade de negócios.<o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT" style="color: #1c1e21; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;"><strong></strong></span><br />
<span lang="PT" style="color: #1c1e21; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;"><strong>No período colonial</strong>, não havia cidades, mas apenas Povoados
e Vilas. No Império, Povoados, Distritos, Vilas e Cidades. Na República,
Distritos e Cidades.</span><br />
<span lang="PT" style="color: #1c1e21; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;">.</span>Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-38589750215875753332017-07-25T01:35:00.002-03:002017-07-25T01:44:05.397-03:00VOLTAIRE E O PRESBITERIANISMO DO SÉCULO XVII<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO5zX3dhQiiBJSPF3XwG6BFgyVFlwWyMDWpbIdZH1h52AzKIKrr3PDIqXwd0NPpLrmb2ll7eMgY6XT6xAc__yNK8JvMb1A3X9948RCmigNS9e1SURE2Ci22YZUaexiBEwU8Sxg64oYKUM/s1600/Voltaire.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="249" data-original-width="203" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO5zX3dhQiiBJSPF3XwG6BFgyVFlwWyMDWpbIdZH1h52AzKIKrr3PDIqXwd0NPpLrmb2ll7eMgY6XT6xAc__yNK8JvMb1A3X9948RCmigNS9e1SURE2Ci22YZUaexiBEwU8Sxg64oYKUM/s1600/Voltaire.jpg" /></a></div>
<div align="center">
</div>
<br />
<div align="justify">
</div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-background-themecolor: background1; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Em
<i>Cartas Filosóficas</i>, o iluminista Voltaire (1694-1778) emite sua
opinião acerca do presbiterianismo praticado na Inglaterra durante o século 17,
embora o filósofo tenha vivido no século seguinte. Antes de qualquer outra
coisa, vale lembrar que Voltaire não era católico nem protestante, e não tinha
nenhuma simpatia pelas igrejas, o que pode comprometer de algum modo o valor
histórico de suas palavras, pois é uma mera opinião pessoal, com base em seus
valores morais.</span><br />
<br />
<span style="color: black; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Voltaire inicia afirmando que o referido segmento
protestante "não é outra coisa senão o calvinismo puro tal como havia sido
instalado na França e que subsiste em Genebra", revelando que os
presbiterianos eram muito zelosos no tocante à moral bíblica.</span><br />
<br />
<span style="color: black; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">O filósofo afirma ainda que os líderes
presbiterianos recebiam pouco dinheiro de suas igrejas, fato este que, segundo
ele, os impedia de viver no mesmo luxo dos bispos católicos.
Voltaire vai além: assegura que reside aí o motivo que leva o
presbiterianismo a condenar a vida luxuosa, ignorando, assim, o fato de
que a Bíblia diz que o amor ao dinheiro é idolatria. </span><br />
<br />
<span style="color: black; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">A propósito, Voltaire sugere que, em matéria de
pobreza e riqueza financeira, os presbiterianos estavam para Diógenes assim
como os católicos estavam para Platão. Como é sabido, Diógenes (<i>o Cínico</i>)
era extremamente pobre, ao passo que Platão, de farta riqueza. Voltaire estava
dizendo, portanto, que os líderes presbiterianos eram muito pobres financeiramente,
ao passo que os líderes católicos eram muito ricos.</span><br />
<br />
<span style="color: black; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">O filósofo iluminista é de parecer, ainda, que os
ditos protestantes foram mais deselegantes com o rei Eduardo Carlos II (deposto
por um presbiteriano, Oliver Cromwell) do que o mesmo Diógenes havia sido com
Alexandre, o Grande. Conforme nos relata a história grega, Diógenes tomava
banho de sol quando, inesperadamente, recebeu a visita do temido imperador.
Este, que apesar da riqueza e do poder de que dispunha, demonstrava
considerável admiração por Diógenes, que, de forma crítica, preferiu viver em
um barril, sem os mínimos hábitos de higiene. Quando se aproximou do rebelde
Diógenes (que tomava banho de sol), Alexandre se identificou e se mostrou
pronto a atender a um pedido daquele, desde que não fosse seu trono. Como
resposta, Diógenes pediu que o rei saísse de sua frente, pois havia se colocado
entre o "banhista" e o sol, de modo que o lazer estaria comprometido.
Segundo Voltaire, depois de deposto, o rei Carlos II foi vítima de grandes
humilhações pelos presbiterianos, visto que o rei foi obrigado a assistir
a quatro pregações evangélicas todos os dias, além de receber ordens para
não jogar.</span><br />
<br />
<span style="color: black; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">O francês Voltaire atesta, ainda, que o puritanismo
praticado pelos presbiterianos escoceses era superior ainda àquele
ensinado pelo antigo romano Catão, que, de praxe, se insurgiu contra o luxo,
impondo uma austera disciplina moral na administração pública.</span><br />
<br />
<span style="color: black; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Outro dado curioso retirado de Voltaire é com
relação à santificação do domingo na Inglaterra. Para ele, foram os
presbiterianos que impuseram tal costume, de sorte que a população ficou
proibida de trabalhar e de se divertir. Assim, segundo o mesmo autor, os
ingleses ficaram privados do lazer cultural no que diz respeito ao teatro e à
ópera (bastante difundida no Renascimento), sem falar que o jogo com cartas foi
proibido.</span><br />
<br />
<span style="color: black; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">O filósofo afirmou, também, que, embora o
anglicanismo e o presbiterianismo fossem as duas denominações protestantes mais
abundantes na Inglaterra, as demais eram bem-vindas, de modo que havia comunhão
entre as igrejas protestantes, com ligeiras dissidências entre alguns líderes.</span><br />
<br />
<span style="color: black; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Voltaire finaliza dizendo que, se na Inglaterra
existisse somente uma denominação protestante, o despotismo seria um fato. Se
existissem duas, ambas lutariam entre si até a morte recíproca, mas - termina o
autor -, "como há trinta, vivem em paz e felizes". Era apenas a opinião do filósofo.</span><br />
<br />
<b><span style="color: black; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Curiosidades à parte sobre Voltaire</span></b><span style="color: black; font-family: "trebuchet ms" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">: era inimigo das doutrinas bíblicas, era
caloteiro (comprava livros e não pagava), violento fisicamente (certa vez deu
uma surra num cobrador pelo fato deste lhe cobrar uma dívida não paga), sem
contar que, na ânsia da morte, padeceu de sérios tormentos espirituais e
psicológicos.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms";">.</span></div>
<div align="justify">
</div>
Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-7003007358962621232017-07-07T21:31:00.001-03:002017-07-07T21:31:20.037-03:00DECRETO DO CONCÍLIO DE TRENTO SOBRE AS INDULGÊNCIAS<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7ENbIaDzr22QJ1DKZjkbMdXWTPJxBIQsNOeAZ8MM9hKSLnhbka1ja5a7ZXLntFrLSh8neo0jn4GWbxifok8tHLfJqIzcTqDwdbiWv8-Yd0HryjuhylHAmoUpD-MnLlcEDyuL-iwkUeHo/s1600/concilio-de-trento%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="261" data-original-width="450" height="185" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7ENbIaDzr22QJ1DKZjkbMdXWTPJxBIQsNOeAZ8MM9hKSLnhbka1ja5a7ZXLntFrLSh8neo0jn4GWbxifok8tHLfJqIzcTqDwdbiWv8-Yd0HryjuhylHAmoUpD-MnLlcEDyuL-iwkUeHo/s320/concilio-de-trento%255B1%255D.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div align="justify">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">"Havendo Jesus Cristo concedido à
sua Igreja o poder de conceder indulgência, e tendo a Igreja usado desta
faculdade que Deus lhe concedeu, desde os tempos mais remotos; ensina e ordena
o sacrossanto Concílio que o uso das indulgências, sumamente proveitosa ao povo
cristão, e aprovado pela autoridade dos sagrados concílios, deve conservar-se
pela Igreja, e fulmina o anátema contra os que, ou afirmam serem elas inúteis,
ou neguem que a Igreja tenha poderes para concedê-las.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Não obstante, deseja que
se proceda à moderação na sua concessão, segundo o antigo e aprovado costume da
Igreja; a fim de que, pela facilidade de concedê-la não decaia a disciplina
eclesiástica. E ansiando para que se emendem e corrijam os abusos que se
introduziram nelas, motivo que leva os hereges a blasfemarem contra elas;
estabelece em geral, pelo presente decreto, que se exterminem de forma absoluta
todos os lucros ilícitos que se cobram dos fiéis para que as consigam; pois
disto se originaram muitos abusos do povo cristão.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">E não podendo proibir-se
fácil e individualmente os demais abusos que se originaram da superstição,
ignorância, irreverência, ou de outra causa qualquer, pelas muitas corruptelas
dos lugares e províncias em que se cometem; manda a todos os bispos que cada um
anote estes abusos em sua igreja, e os faça presentes no primeiro concílio
provincial, para que, conhecidos e qualificados pelos outros bispos, sejam
imediatamente delatados ao sumo pontífice romano, por cuja autoridade e
prudência se estabelecerá o que for conveniente para a Igreja Universal; e
deste modo se possa repartir a todos os fiéis, piedosa, santa e integralmente o
tesouro das indulgências.<o:p></o:p></span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">(Sessão XXV do Concílio de Trento, 4 de dezembro
de 1563)."</span></div>
<div align="justify">
_____________________________________________</div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-size: x-small;">Fonte: <em>História moderna através de textos</em>, págs. 121-122<em>.</em></span></div>
Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-75639528788947086962016-11-16T08:10:00.003-03:002016-11-16T08:13:18.176-03:00KARL MARX: A ESPIRITUALIDADE DO ATEU E O LADO CAPITALISTA DO MAIS FAMOSO COMUNISTA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtx_jYPQSpF7OfHT_f6oGqdMIX_RPYjcSskFt4JqHgAC4J4o3tp0IwkSQqXY0GiliTM8LblPPLqc_f4Rj1wabzp6hS6rNSNJ1mGOCAt9PAbKvnIz4A0Iq9PqausABVgZxTQxaoXxNj2F0/s1600/MARX.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-size: large;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtx_jYPQSpF7OfHT_f6oGqdMIX_RPYjcSskFt4JqHgAC4J4o3tp0IwkSQqXY0GiliTM8LblPPLqc_f4Rj1wabzp6hS6rNSNJ1mGOCAt9PAbKvnIz4A0Iq9PqausABVgZxTQxaoXxNj2F0/s1600/MARX.png" /></span></a></div>
<br />
<div align="center">
Imagem da internet</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: red;"><span style="font-family: "calibri";">INTRODUÇÃO</span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Karl Marx (1818-1883) é conhecido
por seu ateísmo de inclinação anticristã e por sua ideologia anticapitalista. O
que não é tão familiarizado é o seu lado espiritual e seu afã por fortunas
financeiras. O presente artigo mostrará, a partir de duas obras literárias (uma
brasileira e outra norte-americana), os bastidores da vida desse homem que,
graças às redes sociais, tem sido recentemente alvo de debates em todo o país.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: red;"><span style="font-family: "calibri";">O BERÇO RELIGIOSO DE KARL MARX</span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Nasceu num lar com tradição judia
(de ambos os lados), havendo inclusive o registro de rabinos entre seus
ancestrais. Seu pai se converteu ao protestantismo em 1816 ou 1817, por mera conveniência
profissional: precisava continuar advogando depois da proibição de judeus em
tribunais alemães. Segundo Josh McDowell, Marx cresceu num ambiente de
reconhecida tolerância religiosa. Enviado para estudar numa escola religiosa,
não firmou nenhum compromisso com a religião, pois seus pais, embora judeus e
depois protestantes, aparentemente não nutriam o zelo pelo protestantismo,
tampouco pelo judaísmo. Aos 19 anos de idade, Marx sofreu um colapso nervoso.
Perdeu o pai no ano seguinte e uma década depois já era um comunista militante.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: red;"><span style="font-family: "calibri";">A POBREZA BATE ÀS PORTAS</span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Casou-se em 1843, resultando sete
filhos desse matrimônio. O oitavo filho era bastardo, fruto de um
relacionamento com a empregada doméstica, porém nunca o reconheceu
oficialmente. A solução foi emprestar a paternidade a seu amigo Engels, que
aceitou a encomenda do companheiro de luta.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Os dias de glória financeira ao
lado dos pais se foram durante sua vida de casado, especialmente quando passou
a residir em Londres com a família. O casal perdeu três filhos por agravamento
das condições de moradia, má alimentação e atendimento médico inadequado. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Por diversas vezes Marx teve que
se dirigir aos amigos a fim de pedir dinheiro emprestado para pagar as dívidas.
Chegou a declarar: “Você sabe que sacrifiquei toda a minha fortuna à luta
revolucionária. Eu não lamento isso. Bem ao contrário. Se tivesse que recomeçar
minha vida novamente, eu faria o mesmo. Porém, não me casaria”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">O ardente desejo pela produção literária
minou de Marx o empenho pelo trabalho braçal, o que fatalmente cooperou com sua
extrema pobreza financeira. Em 1853, quando o alemão viveu o auge da miséria,
era frequentemente visto com uma só roupa por muitos dias seguidos. Comumente
perambulava pelas ruas, embebedando-se com facilidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: red;"><span style="font-family: "calibri";">O AMOR DE MARX PELO CAPITAL</span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Embora Marx lutasse com todo o
seu vigor intelectual contra o imperialismo capitalista, ele não deixou de
cobiçar uma boa dose de dinheiro fácil. Enquanto um tio de sua esposa agonizava,
escreveu a Engels, seu parceiro de luta: “<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Se
o cão morrer, estarei fora de complicações”. Referia-se ao ancião pela alcunha
de “cão</b>”, e o “fora de complicações” seria a possibilidade de ficar rico
caso pudesse colocar as mãos na fortuna. Engels, o destinatário da referida
carta, respondeu a Marx: “<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Congratulo-me
pela doença do estorvador de uma herança, e espero que a catástrofe aconteça
logo</b>”. Foi nesses termos que os dois mais famosos comunistas se reportaram
à oportunidade de o mais famoso deles ficar rico. Na quinta-feira, 8 de março
de 1855, enfim Marx desabafa: “Um acontecimento muito feliz. Ontem soubemos da
morte do tio de minha esposa, de 90 anos de idade. Minha esposa receberá cerca
de 100 libras; até mais, se o velho cão não deixou parte do dinheiro à mulher
que administrava sua casa”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">O mais surpreendente, no entanto,
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">foi o modo como Marx se reportou à
herança que receberia de sua própria mãe, em 1863</b>: “Duas horas atrás chegou
um telegrama dizendo que minha mãe está morta. O destino precisava levar um
membro da família. Eu já estava com o pé no túmulo. Neste caso, sou mais
necessário do que a velha senhora. Tenho que ir a Trier por causa da herança”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Foi assim a relação que Marx fez
entre a morte da própria mãe (e a de um tio da esposa) com a possibilidade de
se deleitar com as heranças decorrentes das respectivas mortes. Marx se achava
com as relações cortadas com a sua mãe, quando esta morreu. Mesmo assim, nenhum
aparente sentimento brotou de seu coração, senão o desejo de herdar as posses
da mãe. O desejo pelo capital falou mais alto.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: red;"><span style="font-family: "calibri";">O LADO ESPIRITUAL DO ATEU KARL MARX</span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">“Sou ateu, graças a Deus”.
Obviamente essa não é uma frase de Marx, porém ela pode ser empregada para
explicar a relação entre o comunista citado e sua crença no espiritual. Vamos
aos detalhes.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Marx se reportou a Deus não como
crente, mas com um forte desejo de vingança. “Desejo me vingar daquele que
governa lá em cima”, é o que escreveu num poema de sua autoria, chamado <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Invocação de alguém em desespero</i>. Foi
mais além. Sobre o Deus cristão, escreveu de forma mais contundente ainda:
“Assim um deus tirou de mim tudo. Na maldição e suplício do destino. Todos os
seus mundos foram-se, sem retorno! Nada me restou a não ser a vingança! Meu
desejo é me construir um trono. Seu topo será frio e gigantesco. Sua fortaleza
seria o medo sobre-humano. E a negra dor seria seu general”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marx & Satã</i>, obra literária de Richard Wurmbrand (1909-2001), o
pesquisador minucioso da biografia do pai do comunismo declara que havia uma
estreita relação entre Marx e o satanismo. Numa peça teatral de autoria deste
(ou seja, de Marx), chamado <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Oulanem</i>,
o famoso comunista se utilizou propositadamente de um anagrama para o nome
bíblico Emanuel, que significa “Deus conosco”. De acordo com o dicionário
prático satanista, esses anagramas são bastante utilizados em rituais de magia
negra. No poema <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Violinista</i>, também
de Marx, este escreveu: “Vapores infernais elevam-se e enchem o cérebro, até
que eu enlouqueça e meu coração seja totalmente mudado. Vê esta espada? O
príncipe das trevas vendeu-a para mim”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Comentando o trecho
do último poema citado, Richard Wurmbrand afirma: “Estas linhas ganham significado quando se sabe
que nos rituais de iniciação superior dos cultos satânicos é vendida ao
candidato uma espada encantada que assegura o sucesso. Ele paga por ela,
assinando, com sangue tirado dos pulsos, um pacto segundo o qual sua alma
pertencerá a Satanás após a morte”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: red;"><span style="font-family: "calibri";">POUCO ANTES DE MORRER, KARL MARX É FLAGRADO
ORANDO COM VELAS ACESAS</span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Marx foi um forte candidato a ter
depressão, o que efetivamente ocorreu depois da morte de sua esposa, em 1881.
Perdeu três filhos por desnutrição e por falta de higiene. Duas outras filhas suicidaram-se,
cujo destino também fora seguido por um genro. O suicídio de sua filha Laura e
de seu genro, o socialista Laforgue, se deu depois que o casal perdeu três de
seus filhos (netos de Marx). Tudo concorria para a crença de que a vida de Marx
estava emaranhada num poço de maldição.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Pouco antes de morrer, já em profunda depressão</b>, foi flagrado em
seu quarto, orando “<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">diante de uma
fileira de velas acesas, atando a fronte com uma espécie de fita métrica</b>”,
segundo Wurmbrand, que postulava pela crença de que Marx estava praticando
algum ritual ligado ao satanismo. Independentemente da confirmação dessa
afirmação, o certo é que o ateu Karl Marx dava sinais claros que contradizem o
comportamento de um ateu convicto. Indiscutivelmente ele experimentou o mesmo
vazio do filósofo Voltaire, que, no leito de sua morte, não somente recorreu à
presença de padres católicos, como também expressou em palavras e gestos a dor
de morrer com o vazio existencial (espiritual) a que tanto se reportam aqueles
que já declararam passar por essa experiência.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Até hoje, a literatura mundial
parece negligenciar os últimos dolorosos minutos de vida de Voltaire, Marx e
Aristóteles. Há quem afirme que Darwin, que não era ateu, tenha passado por
experiência semelhante. Mas essa é outra história.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">__________________</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">TEXTO</b>: Robério Fernandes, autor do blog.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">FONTES DE CONSULTA</b>: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A
Cristofobia no Século XXI</i>, de Daniel Chagas Torres, e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Evidências da Fé Cristã</i>, de Josh McDowell.<o:p></o:p></span></div>
.Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-80160251802593384952016-11-02T18:21:00.000-03:002017-02-03T23:53:33.027-03:00A MEMÓRIA DOS MÁRTIRES E AS VISITAS AOS TÚMULOS NOS PRIMEIROS SÉCULOS DO CRISTIANISMO<div align="justify">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdvXidH0oDvs2Da4XI71oKr7xmd0m5S1nAtGHsPqFwE1osFzWMuPc9VoVj02zay4BitiKmAdvBlSO5iPPUbsklp4eeDNNb2k_jGH2EZdKii_acHxfcOjg6kTuXdkV_OdmzbjmivP7ySEo/s1600/M%25C3%25A1rtires.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdvXidH0oDvs2Da4XI71oKr7xmd0m5S1nAtGHsPqFwE1osFzWMuPc9VoVj02zay4BitiKmAdvBlSO5iPPUbsklp4eeDNNb2k_jGH2EZdKii_acHxfcOjg6kTuXdkV_OdmzbjmivP7ySEo/s320/M%25C3%25A1rtires.jpg" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: center;">
<o:p> </o:p></div>
<div align="justify">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #cc0000; font-family: "calibri";"><u>CONSIDERAÇÕES INICIAIS</u></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">O hábito de fazer oferendas e
petições junto aos túmulos dos mortos (e para os mortos) não tem origem cristã,
tampouco há registros apostólicos sustentando tal prática. Partiremos dessa
perspectiva, porém não nos deteremos em demonstrar a origem histórica não
cristã, e muito menos faremos uma análise teológica de textos bíblicos
utilizados pró e contra esse antigo costume.<o:p></o:p></span></div>
<div align="justify">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #cc0000; font-family: "calibri";"><u>O QUE DIZ A APOLOGIA CATÓLICA?</u></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Segundo a apologia católica,
desde o século II existem registros de que os vivos se dirigem aos sepulcros
com a finalidade de render orações pelos mortos. Personagens como Tertuliano e
Cipriano (no século III), Cirilo de Jerusalém (no século IV) e Crisóstomo (no
século V) são citados como defensores desse costume, que é apontado como sendo
de tradição apostólica.<o:p></o:p></span></div>
<div align="justify">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #cc0000; font-family: "calibri";"><u>BISPO CATÓLICO SE POSICIONA CONTRÁRIO À OFERENDA AOS MORTOS</u></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">De acordo com Agostinho
(354-430), o Bispo Ambrósio (um dos principais doutores da igreja dos primeiros
séculos) proibiu o costume de se fazer oferenda aos mortos por duas razões
principais: uma, porque os fiéis tinham o hábito da embriaguez durante os atos
litúrgicos; a segunda, porque tal costume se assemelhava a uma festa pagã,
chamada de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">parentales </i>(ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">parentais</i>). <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Vejamos as palavras de Agostinho, em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Confissões</i>, em cuja oportunidade ele falava de Mônica, sua mãe</b>:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">“Assim, um dia, como costumava na
África, levou papas, pão e vinho puro à sepultura dos mártires, mas o porteiro
não quis permitir suas ofertas. Quando soube que essa proibição vinha do bispo,
resignou-se tão piedosa e obedientemente, que eu mesmo me admirei de quão
facilmente passasse a condenar o hábito, e não a criticar a proibição de
Ambrósio”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "calibri";">Um pouco adiante, Agostinho prossegue:</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">“Tão logo, porém, soube que o
ilustre pregador e mestre da verdade [Ambrósio] proibira tal costume – mesmo
para os que o praticavam sobriamente [ou seja, sem se embriagarem], para não
dar aos ébrios azo de se embriagarem, e porque essa espécie de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">parentales</i> era muito semelhante à
superstição dos pagãos – ela se absteve de muito boa vontade”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Notamos, facilmente, que a mãe de
Agostinho (canonizada como Santa Mônica) se absteve de praticar oferendas aos
mortos depois de ser advertida pelo bispo católico acerca da semelhança que
havia entre essa tradição e o costume pagão.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">No entanto, segundo o próprio Agostinho, sua mãe não deixou de fazer
visitas aos túmulos dos mártires, mesmo após os conselhos do bispo católico.
Assim prossegue o autor de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Confissões</i></b>:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">“No lugar da cesta cheia de
frutos da terra, ela aprendeu a levar ao túmulo dos mártires um coração cheio
de puros desejos, dando o que podia aos pobres. Celebrava assim a comunhão com
o corpo do Senhor, cuja paixão serviu de modelo aos mártires em seu sacrifício
e coroação”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Conforme se vê, Mônica não deixou
de visitar os túmulos dos mártires, mas apenas deixou de lhes fazer oferendas.
Nota-se, mais ainda, que aparentemente ela não tinha o hábito de peticionar
junto ao sepulcro, mas apenas o de fazer oferendas, cuja prática foi
substituída pelas orações depois da advertência do bispo, que, segundo se sabe
de sua biografia, não rompeu com a tradição de render orações pelos mortos.<o:p></o:p></span></div>
<div align="justify">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #cc0000; font-family: "calibri";"><u>A MEMÓRIA DOS MÁRTIRES PASSOU A SER VISTA COMO ESTÍMULO À PERSISTÊNCIA NA FÉ</u></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Provavelmente na transição do primeiro
para o segundo século, quando a igreja já havia experimentado duras
perseguições, os cristãos que, naquela ocasião, mantinham firme o pensamento
apostólico, passaram a dar maior significância à memória de cristãos cuja vida
piedosa servia de exemplo a ser seguido, especialmente pelo fato deles não
negarem a fé diante da espada romana. Os mártires cristãos eram vistos como
modelos a serem seguidos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Veja-se, por exemplo, o próprio
Justino Mártir (100-165), que se converteu ao cristianismo depois que tomou
conhecimento de como os mártires cristãos não abdicavam de sua fé, ainda que
pagassem com a própria vida pelo fato de permanecerem crentes em Jesus Cristo.
Ou seja, ser assassinado pela simples razão de não negar essa crença era visto
como um ato encorajador, nascendo daí o costume de perpetuar a memória desses
mártires, inclusive com visitas aos túmulos, como foi o caso de Mônica.<o:p></o:p></span></div>
<div align="justify">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #cc0000; font-family: "calibri";"><u>A MEMÓRIA DOS MÁRTIRES E A PERMISSÃO PARA A LEITURA DOS LIVROS
APÓCRIFOS DURANTE OS CULTOS</u></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Não entraremos no mérito sobre os motivos pelos quais são rejeitados os livros apócrifos, mas pontuar que, embora alguns dos pais da igreja tivessem
objeções em relação à canonização de alguns desses livros, por sua vez
assentiam que alguns deles poderiam ser lidos na igreja, “para edificação”
(veja-se a posição de Jerônimo a esse respeito), como foi o caso da carta de I
Clemente e de uma carta enviada pelo bispo de Roma ao bispo de Corinto, por
volta do ano 170 d.C., cujas obras eram constantemente lidas, para edificação,
na igreja da referida cidade grega.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">No Cânon 47 do terceiro Concílio
de Cartago, em 397 d.C., chegou-se ao consenso de “... que seja, contudo,
permitido que as paixões dos mártires sejam lidas na celebração das datas dos
mártires”, demonstrando um prenúncio para a oficialização das datas
comemorativas dos então futuros santos católicos, todos considerados mártires
para a referida denominação eclesiástica.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">O que se quer dizer, portanto, é
que, no século IV (o mesmo em que viveram Agostinho, Mônica e o bispo
Ambrósio), a igreja concebia uma significativa importância à memória daqueles
que haviam morrido em nome da fé cristã.<o:p></o:p></span></div>
<div align="justify">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #cc0000; font-family: "calibri";"><u>MÔNICA VISITA OS TÚMULOS DOS MÁRTIRES E NÃO DOS MORTOS “COMUNS”</u></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Cabe inicialmente esclarecer a
diferença entre um mártir e um não mártir. O primeiro é uma pessoa que sofreu
duras perseguições por causa da fé que professa. Não se trata, aqui, de uma
pessoa que opera milagres depois da morte. O não mártir é aquele que não sofreu
duras perseguições pela fé que abraçou.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">De posse desse ligeiro
esclarecimento, voltemos agora para o caso de Mônica. Note-se que, em todo o
momento, Agostinho não faz alusão aos túmulos dos parentes, mas apenas aos
túmulos dos mártires, ou seja, de cristãos que, em vida, eram considerados
exemplos a serem seguidos. Na verdade, Agostinho não sinalizava de forma
positiva no que concerne à prática de orar pelos mártires ou pelos mortos “comuns”
(para saírem do purgatório), mas para fazer súplicas aos mártires – uma demonstração
de que naquele século já estava bastante solidificada a crença de que os “santos”
operavam milagres.<o:p></o:p></span></div>
<div align="justify">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #cc0000; font-family: "calibri";"><u>QUANDO E COMO SURGIU A CRENÇA DE QUE OS MÁRTIRES PODEM OUVIR AS ORAÇÕES
DOS VIVOS?</u></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Antes de entrarmos no mérito da
pergunta, convém esclarecer que o fato dos cristãos que viveram nos primeiros
séculos seguintes à morte dos apóstolos terem adotado o hábito de fazer visitas
aos túmulos com a intenção de render súplicas aos mártires não é prova cabal
que autoriza essa crença, a saber, a de que os mortos ouvem a oração dos vivos
(e aqui fazemos um juízo de valor frente às Escrituras).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="color: #0b5394;">O que aconteceu é bem simples de explicar</span></u></b>: com a difusão de
doutrinas ditas apócrifas (gnósticas, pagãs, etc.), a igreja foi perdendo
gradativamente a identidade original, notadamente quando pensamentos e práticas
pagãs passaram a se confundir com pensamentos e práticas cristãs. A própria
conversão de Constantino e os efeitos dessa conversão contribuíram maciçamente para
essa mistura de doutrinas e de atos litúrgicos, embora no primeiro século já havia falsos mestres entre os cristãos. Nascem e
difundem daí as crenças e as práticas de oferendas e intercessões pelos mortos,
bem como a de que eles podem ouvir as súplicas dos vivos.<o:p></o:p></span></div>
<div align="justify">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #cc0000; font-family: "calibri";"><u>CONCLUSÃO</u></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Não está claro, do ponto de vista
documental, que, no primeiro século, os primeiros cristãos tivessem o hábito de
se dirigirem aos túmulos com a missão de fazer oferendas ou de renderem
súplicas aos mártires, ou ainda de orarem pelos mortos. Pelo menos é certo que
em suas epístolas, os escritores neotestamentários não se reportaram, tampouco abonaram
essa prática. Tal costume nasceu, indubitavelmente, da perda da identidade
original dos cristãos, cujo marco cronológico se deu muito provavelmente a
partir do último meado do segundo século ou mesmo do início do terceiro século.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Uma coisa é perpetuar a memória dos parentes mortos - inclusive dos mártires. Outra coisa é valer-se dessa tradição milenar como um imperativo dogmático, capaz de romper com o ensinamento apostólico. Ou seja, a igreja apóstata não somente recepcionou como também difundiu a ideia de que os mártires podem ouvir e atender às súplicas dos vivos, contrariando a Bíblia sagrada.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: "calibri";">.</span></div>
Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-6538059142020063792016-08-24T23:50:00.000-03:002016-08-25T21:03:30.619-03:00 A GUERRA CRISTERA E A CONSTITUIÇÃO MEXICANA DE 1917: QUANDO O ESTADO LAICO SE TRANSFORMA EM ESTADO ATEÍSTA<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXxvMn3yikn37JZrQTqE0-X5_x0kH6U8gy_JmXaumtFqXlxdvB3lHgrVcHQEO8bL_4l7SsornWGBmlYPGtCdxg-bkzFfo-JGsmUDX9quKTPM5yDHpXwQz0UgndZKp5MX04CBSVVxnNpPk/s1600/cristeros11%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="206" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXxvMn3yikn37JZrQTqE0-X5_x0kH6U8gy_JmXaumtFqXlxdvB3lHgrVcHQEO8bL_4l7SsornWGBmlYPGtCdxg-bkzFfo-JGsmUDX9quKTPM5yDHpXwQz0UgndZKp5MX04CBSVVxnNpPk/s320/cristeros11%255B1%255D.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div align="center">
<span style="font-size: x-small;">Imagem da internet</span></div>
<div align="center">
</div>
<div align="justify">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: blue; font-family: "calibri";"><strong>A FRASE QUE DEFINE O ESPÍRITO ANTICLERICAL DA ÉPOCA</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">“É preciso penetrar nas famílias,
quebrar as estátuas e as imagens dos santos, pulverizar os rosários, despregar
os crucifixos, confiscar as novenas e outras coisas, trancar as portas contra o
padre, suprimir a liberdade de associação para que ninguém vá às igrejas
conviver com os padres, suprimir a liberdade de imprensa para impedir a
publicidade clerical, destruir a liberdade religiosa e afinal, nessa orgia de
intolerância satisfeita, proclamar um artigo único: na República, só haverá
garantia para aqueles que pensam como nós” (1).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">A frase acima foi proferida na
década de 1920. É de autoria de um deputado pró-governo Calles, que ficou conhecido
por seu vigor anticlerical. Revela, ainda, o espírito determinista do Estado
mexicano, com amparo na Constituição de 1917, para minar do solo daquele país o
catolicismo romano.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: "calibri";"><strong>PUBLICISTAS DO MUNDO INTEIRO
ELOGIAM A CONSTITUIÇÃO MEXICANA DE 1917</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Até hoje, a referida Constituição
é festejada por publicistas do Direito do mundo inteiro quando o tema é
Direitos Sociais. Não por menos, afinal ela de fato foi um marco nessa seara. O
que não divulgam é o vigor com que essa Carta Magda tratou os direitos
individuais, notadamente aqueles relacionados à liberdade religiosa. Aliás,
registre-se oportunamente, que esse tratamento dado à religião na época fazia
parte da crença bastante solidificada de que o Estado Social somente seria
alcançado se fossem varridas do solo mexicano as crenças metafísicas, daí por
que a referida Constituição trouxe consigo um matiz flagrantemente socialista.</span><o:p><span style="font-family: "calibri";"> </span></o:p></div>
<div align="justify">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: "calibri";"><strong>O CONTEÚDO ANTICLERICAL DA
REFERIDA CONSTITUIÇÃO</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">A situação desesperadora dos
católicos mexicanos chegou ao ápice quando assumiu o poder o anticlerical Plutarco
Calles (1924-1928), responsável direto por levar a cabo as prescrições da
Constituição de 1917.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Havia pelo menos cinco artigos na
referida Constituição que faziam clara afronta ao catolicismo romano: proibição
das escolas monásticas, proibição de missas fora dos templos, restrição de
propriedade por parte da igreja, extinção de direitos civis dos clérigos,
dentre outros. Note-se que essas normas estavam textualmente assentadas na
Constituição, fazendo com que, na prática, nenhuma legislação
infraconstitucional pudesse suprimir ou contrariar as prescrições em voga.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">A situação piorou quando o
presidente Calles baixou uma lei restringindo ainda mais direitos e liberdades
dos católicos, dentre os quais o de não andar nas ruas com vestes sacerdotais,
prevendo, inclusive, punição de até cinco anos para sacerdotes que contestassem
a Constituição e a Lei Calles.</span><o:p><span style="font-family: "calibri";"> </span></o:p></div>
<div align="justify">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: "calibri";"><strong>AS MORTES CAUSADAS PELA GUERRA
CRISTERA</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">A consequência não demorou a
chegar: a população, insuflada por clérigos locais, se rebelou contra o governo
autoritário, nascendo daí um confronto armado que ceifou em torno de 90 mil
vidas humanas. O fim da guerra se deu quando Calles concluiu seu mandato,
embora no final de seu governo tenha abrandado suas forças graças à intervenção
americana.</span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: "calibri";"><strong>CONSTITUIÇÃO LAICA OU ATEÍSTA?</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">A Guerra Cristera mostra um
retrato daquele período, quando as ideias marxistas eram constantemente
insufladas no meio dito intelectual, sendo uma dessas ideias a crença e a
afirmação de que a religião era indubitavelmente um obstáculo para o Estado
feliz e próspero. A mesma guerra mostrou, ainda, um lado nada agradável, que
foi o uso da Constituição como mecanismo repressor de liberdades individuais,
de sorte que a tão afamada Constituição Mexicana de 1917 não pode ser inserida
no rol daquelas ditas Laicas, pelo próprio conteúdo em si. Antes, ela era
indiscutivelmente uma Constituição anticlerical, própria do Estado ateísta,
ainda que se propusesse a alcançar o tão sonhado Estado Social. O erro, como
sempre ocorre nos modelos comunistas, não está no desejo final propriamente
dito, mas nos meios para alcançá-lo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">___________</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">(1) Frase citada em <em>História do Medo no
Ocidente</em>, de Jean Delumeau.<o:p></o:p></span></div>
<div align="justify">
</div>
Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-66068580727131696552016-07-26T22:20:00.003-03:002016-07-27T09:40:34.235-03:00CONTRADIÇÃO: POR QUE A SUÉCIA TEM ALTO ÍNDICE DE QUALIDADE DE VIDA, DESPONTA COMO UM DOS PAÍSES MAIS FELIZES DO MUNDO, MAS APRESENTA UM CRESCENTE NÚMERO DE DEPRESSÃO EM SUA POPULAÇÃO?<div style="text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxAyHi6XUVwdQ06VSK5PpVlIoGb94VD_qF7qAcP32ts6qkE5vyqnDeMfPCEarF4HXofoDn9RXi81gLA_7Z156at4j5vZe_yq9GvFcaw0xLmaw_6BcBk3F31ywtrdexYRZKFdn-W3UYIsc/s1600/Su%25C3%25A9cia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxAyHi6XUVwdQ06VSK5PpVlIoGb94VD_qF7qAcP32ts6qkE5vyqnDeMfPCEarF4HXofoDn9RXi81gLA_7Z156at4j5vZe_yq9GvFcaw0xLmaw_6BcBk3F31ywtrdexYRZKFdn-W3UYIsc/s1600/Su%25C3%25A9cia.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "calibri";">INTRODUÇÃO</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Você já deve ter assistindo ou
lido alguma reportagem sobre a Suécia. No mínimo tomou conhecimento que juiz de
direito por lá vai ao trabalho em transporte coletivo, que o Estado proporciona
à sociedade uma excelente qualidade de vida por meio dos bens de consumo
coletivo, que o nível de corrupção é baixíssimo ou quase inexistente, etc. Você
não foi enganado, mas o país que ocupa um dos primeiros lugares no ranking dos
países mais felizes do mundo tem um lado sombrio, desconhecido do grande público.
Esse lado, no entanto, não parece causar inveja a ninguém. É sobre isso que
vamos tratar agora.</span><o:p><span style="font-family: "calibri";"> </span></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "calibri";">AUMENTO DE CASOS DE DEPRESSÃO E ALTO ÍNDICE DE SUICÍDIO</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Nas últimas três décadas, a
Suécia (assim como a Noruega) teve um aumento de 1.000% no uso de
antidepressivos. Isso mesmo: mil por cento. Esse dado alarmante parece contrastar
com a informação de que ela está entre os países mais felizes do mundo. E de
fato é um contraste.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Além desse crescimento assustador, outro dado concorre
ainda mais para ofuscar o brilhantismo propagado: a Suécia tem índice
proporcional de suicídio três vezes maior do que o Brasil, ocupando o 23º lugar no
mundo (o Brasil está em 40º). Não é piada. E o mais curioso ainda é saber
que a Suíça, que desponta como um país mais feliz do que a Suécia, tem um
índice proporcional de suicídio em torno de 50% ainda maior do que este. Algo
está errado.</span><o:p><span style="font-family: "calibri";"> </span></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "calibri";">COMO É MEDIDO O ÍNDICE DE FELICIDADE?</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">A pesquisa não é feita de porta
em porta; muito menos pela internet. Os dados não são colhidos a partir de
critérios subjetivos, mas objetivos. Como assim? São adotados os seguintes
critérios:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">1 – PIB;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">2 – Expectativa de vida;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">3 – Liberdade;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">4 – Generosidade;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">5 – Ausência de corrupção</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">6 – Violência;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">7 – Número de mortes.</span><o:p><span style="font-family: "calibri";"> </span></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "calibri";">ONDE ESTÁ O ERRO NA ESTATÍSTICA?</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">O erro está exatamente nos
critérios adotados. Tendo em vista que os elementos são objetivos, deduz-se que,
numa casa onde há riqueza, também há muita felicidade. Deduz-se que, pelo fato
da sociedade estar bem avançada em termos de moralidade pública, o povo é muito
feliz. E assim sucessivamente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Conforme se vê, são critérios esdrúxulos
e estão aquém de corresponderem à verdade dos fatos. É a velha crença
cientificista de que a qualidade de vida, por meio da ciência, traria a
redenção definitiva para a sociedade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">O erro na medição do índice de
felicidade foi explicado, mas em relação ao aumento de casos de depressão no
referido país, como explicar?</span><o:p><span style="font-family: "calibri";"> </span></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "calibri";">QUAIS AS JUSTIFICATIVAS QUE OS ESTUDIOSOS ATRIBUEM AO ELEVADO ÍNDICE DE
DEPRESSÃO NA SUÉCIA?</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">As justificativas são basicamente
duas: (1) num país muito feliz a tendência é que aqueles que não são
felizes entrem num quadro depressivo, pois, segundo os tais, a comparação que
fazem uns com os outros leva à autotristeza pelo fato de não acompanharem o
mesmo nível de felicidade dos grupos de pessoas comparadas, e (2) a
Suécia recebe pouca insolação, cuja condição natural estaria contribuindo para o
quadro de depressão de seu povo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Você, assim como eu, já deve ter
se dado conta de que essas justificativas não convencem. Uma, porque a primeira
delas ignora fatores ligados aos próprios critérios adotados; a segunda, porque
a pouca insolação na Suécia nos dias de hoje é a mesma há três ou cinco décadas.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "calibri";">O QUE REALMENTE ESTÁ POR TRÁS DA CORTINA?</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Muita coisa mudou na Suécia nos
últimos anos, inclusive a forma como a família é avaliada pelo Estado e pela
própria sociedade. A esposa é vista com maus olhos pela sociedade e pelo Estado
se optar por ficar em casa e cuidar de sua prole. É taxada de retrógrada,
graças a uma maciça campanha por meio da qual se defendia que homens e mulheres
não deveriam ter papéis distintos, tal qual prega o ativismo feminista. Lugar
de mulher não é em casa, defendem os formadores de opinião. Consequência? Desde
cedo o bebê, ainda não apartado do leito materno, é enviado para creches
públicas, e lá vai crescendo sem o convívio mais de perto de seus pais – algo
imprescindível para o bem-estar tanto dos pais quanto dos filhos –, recebendo,
em troca, a doutrinação estatal.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Se isso não bastasse, o governo vem
adotando de forma contundente a ideologia de gênero nas escolas infantis,
rompendo paradigmas até então existentes. Só para se ter uma ideia, algumas
escolas aboliram os pronomes “ele” e “ela”, os quais foram substituídos por um
pronome neutro. O objetivo é fazer com que a criança não se veja a partir de
sua biologia sexual, mas a partir de sua construção social, sem falar que são
doutrinadas a aceitar tudo o que lhes geram felicidade própria, inclusive no
campo da sexualidade (a bissexualidade é um tema recorrente nas salas
infantis).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">A Suécia tem constatado o aumento
do número de aborto, pois, além de ser legalizado, é incentivado como sendo uma
alternativa boa. Esse elevado índice de aborto tem contribuído para o aumento
dos casos de depressão nas mulheres, que, por sinal, apresentam o dobro de
suicídios do que os homens no referido país.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Ainda há outros agravantes: é
elevado o número de atestados médicos, aumento de estresse por parte dos
trabalhadores e falta de sintonia entre pais e filhos. A redução do rendimento
escolar por parte dos alunos já é uma realidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">A Inglaterra também vem
apresentando um grande aumento no índice de depressão em crianças.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">_______________________</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "calibri";">FONTES:</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";"><a href="http://www.nes.pt/index.php?ID=9603">http://www.nes.pt/index.php?ID=9603</a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<a href="http://veja.abril.com.br/mundo/lista-conheca-os-dez-paises-mais-felizes-do-mundo-segundo-a-onu/"><span style="color: blue; font-family: "calibri";">http://veja.abril.com.br/mundo/lista-conheca-os-dez-paises-mais-felizes-do-mundo-segundo-a-onu/</span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<a href="http://saude.terra.com.br/doencas-e-tratamentos/uso-de-antidepressivos-aumenta-1000-na-suecia-e-noruega,bafc3ff084abf310VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html"><span style="color: blue; font-family: "calibri";">http://saude.terra.com.br/doencas-e-tratamentos/uso-de-antidepressivos-aumenta-1000-na-suecia-e-noruega,bafc3ff084abf310VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html</span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<a href="https://pt.zenit.org/articles/o-exemplo-da-suecia-um-pais-totalmente-contaminado-pela-ideologia-de-genero/"><span style="color: blue; font-family: "calibri";">https://pt.zenit.org/articles/o-exemplo-da-suecia-um-pais-totalmente-contaminado-pela-ideologia-de-genero/</span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<a href="http://www.comshalom.org/suecia-pais-sofre-com-ideologia-de-genero/"><span style="color: blue; font-family: "calibri";">http://www.comshalom.org/suecia-pais-sofre-com-ideologia-de-genero/</span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">https://vidaeestilo.terra.com.br/turismo/internacional/cnn-lista-os-10-lugares-mais-felizes-do-mundo-confira,6f14018cc55e4410VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html<o:p></o:p></span></div>
.Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-52288515244184492202016-06-01T00:43:00.001-03:002016-06-06T20:12:23.711-03:00O MASSACRE DOS INOCENTES: VERDADE OU MENTIRA? HERODES MANDOU MESMO MATAR AS CRIANÇAS DE ATÉ DOIS ANOS DE IDADE?<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv0VB7Cg5XJIzUUGISobihQWy5bcL43X2bVid7iUoviOg7R0ReCnu6fhSRKpBw-uJ2dkZ1qFj-GeQ2AkE2NQHhEBaCTCw4dvfB8BeY_lQJdEUmpBjZdRD-T0VgjTbCicorz1rAkdJ7QqA/s1600/Nicolas_Poussin_-_Massacre_des_Innocents%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="271" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv0VB7Cg5XJIzUUGISobihQWy5bcL43X2bVid7iUoviOg7R0ReCnu6fhSRKpBw-uJ2dkZ1qFj-GeQ2AkE2NQHhEBaCTCw4dvfB8BeY_lQJdEUmpBjZdRD-T0VgjTbCicorz1rAkdJ7QqA/s320/Nicolas_Poussin_-_Massacre_des_Innocents%255B1%255D.jpg" width="320" /></a></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<strong>1. O RELATO BÍBLICO</strong></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
De acordo com o Evangelho de Mateus (MT 2:16), o rei Herodes, que governava a Judeia na época em que Jesus nasceu, mandou matar todas as crianças do sexo masculino que tivessem dois anos para baixo e fossem de Belém e região circunvizinha. Estamos diante de um fato com respaldo histórico ou apenas se trata de uma narrativa fictícia?</div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<strong>2. A HISTORICIDADE DE HERODES</strong></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
Não iremos tratar, nesse momento, sobre a historicidade de Herodes (o Grande), visto que hoje já não se tem nenhuma dúvida quanto à sua realidade histórica. </div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<strong>3. QUEM MAIS, NOS DOIS PRIMEIROS SÉCULOS, CITAM O CASO?</strong></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
Dos textos bíblicos, apenas Mateus alude ao fato. No segundo século, o fato é mencionado num livro apócrifo (Protoevangelho de Tiago, por volta de 150 d.C.).</div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<strong>4. O QUE DIZEM OS HISTORIADORES?</strong></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
Uma consagrada coletânea mundial intitulada <em>A História da Vida Privada</em>, composta por cinco volumes, aborda, em seu primeiro volume, sobre a situação das crianças recém-nascidas no Império Romano. Reforçamos que a referida obra desfruta de grande privilégio no meio acadêmico, sendo o referido volume dirigido pelos prestigiados historiadores franceses Philippe Ariès e Georges Duby e organizado pelo também historiador e arqueólogo francês Paul Veyne.</div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<strong>4.1 Afirmam os autores</strong>:</div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
"Certo dia correu pela plebe um boato: informado pelos adivinhos de que um rei nascera naquele ano, o Senado queria obrigar o povo a abandonar todas as crianças nascidas no mesmo ano. Como não pensar no massacre dos inocentes (que, diga-se de passagem, provavelmente é um fato autêntico e não uma lenda)?".</div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
Por clareza gramatical, cabe observar que a expressão entre parênteses não é de nossa autoria, mas dos autores do texto. Ou seja, para os referidos historiadores, o massacre dos inocentes a que alude a Bíblia é, muito provavelmente, um fato autêntico.</div>
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</div>
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<strong>4.2 Qual então a fonte histórica dos mencionados historiadores?</strong></div>
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</div>
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Infelizmente a fonte não é mencionada. Entretanto, a leitura dos cinco volumes nos permite assegurar com total garantia que os autores da prestigiada obra não mencionam fontes acerca dos intermináveis eventos históricos mencionados na aludida obra, de sorte que, se colocarmos em dúvida essa afirmação autoral, devemos fazê-lo, por honestidade intelectual, em tantas outras afirmações feitas nos referidos volumes.</div>
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</div>
<div align="justify">
O que se depreende facilmente da transcrição feita há pouco é que os supracitados autores tinham conhecimento histórico de que o Senado romano pretendeu <strong>obrigar</strong> o povo a abandonar <strong>todas </strong>as crianças nascidas no mesmo ano em que se deu a pretensão senatorial. A menção "informado pelos adivinhos" não significa dizer que os autores colheram essa informação diretamente da Bíblia, por duas razões óbvias: uma, porque ela não é semelhante ao texto de Mateus em todos os seus pontos; segundo, porque os romanos eram dados à crença em adivinhos, como bem atestam os escritores Tácito e Suetônio, ambos nascidos no primeiro século.</div>
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</div>
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<strong>4.3 A narrativa da Bíblia, nesse caso, apresenta discrepâncias históricas?</strong></div>
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</div>
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Não, não apresenta. O fato narrado pelos historiadores provavelmente não é o mesmo citado na Bíblia. O que os historiadores estão dizendo é que a narrativa bíblica é perfeitamente compatível com outro fato ocorrido durante o império romano, sobre os quais os prestigiados escritores tinham conhecimento por fontes históricas.</div>
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</div>
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<strong>5. POR QUE OS HISTORIADORES DA ÉPOCA SILENCIARAM SOBRE ESSA MATANÇA?</strong></div>
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</div>
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O texto bíblico diz que a ordem foi dada por Herodes para matar as crianças que residiam em Belém e em seus arredores. Muito provavelmente na época houvesse poucas crianças nessa faixa etária. Talvez no máximo poucas dezenas. Isso já sinalizaria, com grande probabilidade de acerto, o desinteresse por parte dos historiadores da época, até porque a morte de crianças por abandono dos pais era uma constante em todo o Império, pois não somente tinha o aval da sociedade da época como também do próprio Estado.</div>
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</div>
<div align="justify">
Afora o numerário "pequeno" e o costume já mencionado, outro ponto que merece destaque diz respeito ao fato dos escritores da época não dedicarem nenhuma - ou pouca atenção - à região de Belém e circunvizinhança, como bem o atestam os citados Cornélio Tácito e Caio Suetônio, os quais, juntos, escreveram em detalhes a vida pública do Império Romano no primeiro século de nossa era, fazendo quase absoluto silêncio histórico não somente em relação às cidades como aos personagens ligados à Judeia, com exceção de Flávio Josefo que, sendo judeu, não lhe encantaram os tratados cristãos da época.</div>
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</div>
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<strong>5.1 Ademais, veja-se o que escreveu o historiador Tácito no ano 115 d.C.</strong>:</div>
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"Não levo o intento de relatar todas as propostas feitas ao Senado, mas apenas as que se tornaram notáveis por decorosos ou vis, e isto penso ser o principal dever de quem escreve a história, para que não sejam esquecidas as virtudes e se desperte o medo da infâmia, do desprezo dos pósteros para os maus ditos e feitos" (ANAIS, pág. 157).</div>
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</div>
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Ou seja, somente os fatos considerados virtuosos e somente aqueles considerados risíveis o foram peças de destaque em sua obra.</div>
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</div>
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A Bíblia não entra em detalhes, mas é quase certo que a ordem para matar as crianças de Belém teve o crivo do imperador Otávio Augusto, depois de ouvir o Senado (como era de costume), cuja proposta inicial indiscutivelmente partiu de Herodes, a cuja governabilidade cabia o território de Belém. Isso implica dizer que, se o próprio Tácito, sendo um dos mais festejados escritores da época, omitiu muitas mensagens endereçadas ao Senado, quiçá outros.</div>
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</div>
<div align="justify">
Ademais, a medida protagonizada por Herodes era compatível com seu <em>modus operandi</em> governamental, afeito a ordens para matar. Otávio Augusto, por sua vez, também nutria sérias objeções em relação aos judeus, como bem narrou Tácito, de sorte que não lhe custava nada enviar tal mensagem ao Senado que, por sua vez, era afeito às mensagens imperiais.</div>
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</div>
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</div>
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<strong>6. CONCLUSÃO</strong></div>
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</div>
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A falta de documentos históricos comprovando o massacre dos inocentes, tal qual narrado em Mateus, em nada depõe contra a credibilidade bíblica, até porque a ausência de prova acerca de um fato não é prova de que esse fato não existiu. Antes, a soma de elementos em consideração só coopera no sentido de se acreditar que estamos diante de um evento verdadeiro, como bem consignaram os prestigiados escritores franceses.<br />
<br />
.</div>
Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-75827950581892772962016-04-29T00:02:00.001-03:002016-04-29T00:17:21.114-03:00"AO DEUS DESCONHECIDO": INSCRIÇÃO CITADA NO NOVO TESTAMENTO PODE ESTAR PELA METADE<div align="justify">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-MXotgn-d8Zt3-wxLbV-DybJL6pocYKw6QImDyWwpaosj9SW2H7QoY7CPr3Irz5T7C7MfCI0_3yXlnObZg3fxBfjdojG89n-fq4kMKL_kiEAy6k56WY2HrvywsgpCqsYSOLqCpYXmWEk/s1600/Desconhecido.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-MXotgn-d8Zt3-wxLbV-DybJL6pocYKw6QImDyWwpaosj9SW2H7QoY7CPr3Irz5T7C7MfCI0_3yXlnObZg3fxBfjdojG89n-fq4kMKL_kiEAy6k56WY2HrvywsgpCqsYSOLqCpYXmWEk/s320/Desconhecido.jpg" width="320" /></a></div>
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O Novo Testamento, mais precisamente em Atos dos Apóstolos, capítulo 17 e versículo 23, registra um diálogo entre o apóstolo Paulo e alguns dos filósofos gregos, nos seguintes termos:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #073763;">"Pois passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, esse que vós honrais sem conhecer é o que eu vos anuncio".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O famoso humanista holandês, Erasmo de Rotterdam (1466 - 1536), assegurava que a inscrição completa que havia nos santuários gregos era a seguinte:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #073763;">"Aos Deuses da Ásia, da Europa e da África, e aos Deuses desconhecidos e estrangeiros".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo o mesmo humanista, que viveu no tempo da Reforma Protestante, "Paulo forçou seu significado em proveito da fé cristã e, deixando de lado as outras palavras, que teriam prejudicado o seu objetivo, tirou do contexto apenas as últimas três (...)<em>".</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<em></em> </div>
<div style="text-align: justify;">
Não se trata de usurpação da verdade por parte do escritor bíblico, vez que o termo reducionista usado na Bíblia tinha, na verdade, um fundo pedagógico, pois o emprego completo da inscrição em nada mudaria o sentido usado pelo apóstolo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
.</div>
Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-88192713485120970082016-04-16T15:23:00.003-03:002016-04-17T18:53:40.776-03:00IMPÉRIO ROMANO REGISTROU EM DOCUMENTOS OFICIAIS A CRUCIFICAÇÃO E ALGUNS DOS MILAGRES ATRIBUÍDOS A JESUS CRISTO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTf6T_z8CkVAog0Fr840-dwQVB6oXCTo_KdCYB01xywLVc6BMWZZpDCuF9KTm9hBOhyRVLcC5-OsneKaX3XWw27MDf_Y1r3bYIo30GodVFGOijiXt4aKiyNXBqst-ndZC3TVKz58XWNSU/s1600/08101630300008%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTf6T_z8CkVAog0Fr840-dwQVB6oXCTo_KdCYB01xywLVc6BMWZZpDCuF9KTm9hBOhyRVLcC5-OsneKaX3XWw27MDf_Y1r3bYIo30GodVFGOijiXt4aKiyNXBqst-ndZC3TVKz58XWNSU/s320/08101630300008%255B1%255D.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<strong><u>INTRODUÇÃO</u></strong><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Atualmente é reduzidíssimo o número de pesquisadores que ainda duvida da existência histórica de Jesus Cristo. Sua divindade, no entanto, não é matéria de pesquisa histórica, muito embora existam vários pesquisadores e historiadores que são protestantes e, portanto, estão convencidos da missão espiritual de Cristo aqui na Terra. Mas não é bem sobre este último ponto que a matéria vai tratar. Antes, iremos discorrer em brevíssimo tomo sobre uma obra bibliográfica produzida por volta do ano 155 d.C., que tem sido apontada pelos pesquisadores como uma daquelas que sinalizam a historicidade de Cristo. Estamos falando da obra <em>Apologia</em>, de Justino Mártir (o autor deste blog tem a íntegra da referida obra em suas mãos, que por sinal pode ser encontrada na internet).</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<strong><u>QUEM FOI JUSTINO MÁRTIR?</u></strong><br />
<br />
Justino Mártir (100 - 165 d.C.) foi um grande estudioso das filosofias gregas, às quais seguiu durante muito tempo de sua vida, convertendo-se ao cristianismo por volta do ano 130-137 d.C. depois de se decepcionar com a cosmovisão dessas filosofias e, principalmente, depois que conheceu um ancião, quando se preparava para uma vida eremita. Justino, que era atualizado com as ocorrências de seu tempo, se impressionou como os cristãos do primeiro século suportaram, sem perder a fé em Cristo, as duras perseguições infligidas pelo Império Romano, notadamente a protagonizada pelo imperador Nero, cujo feito também é narrado pelo escritor Cornélio Tácito, por volta do ano 115 d.C.<br />
<br />
<br />
<strong><u>AS CITAÇÕES DE JUSTINO SOBRE AS ATAS OFICIAIS DO IMPÉRIO ROMANO</u></strong><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">
<u>Em <em>Apologia 1:35</em>, Justino registrou o seguinte</u><strong>:</strong></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
"'Transpassaram as minhas e os meus pés' significava os cravos que na cruz transpassaram seus pés e mãos. E depois de crucificá-lo, aqueles que o crucificaram lançaram sorte sobre as suas roupas e as repartiram entre si. <strong>Que tudo isso aconteceu assim,</strong> <strong>podeis comprová-lo pelas Atas redigidas no tempo de Pôncio Pilatos</strong>" (Destacamos).</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<u>Mas Justino foi mais além. Em <em>Apologia 1:48</em> registrou ainda</u>:</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
"Que nosso Cristo curaria todas as enfermidade e ressuscitaria dos mortos, escutai as palavras com que isso foi profetizado. São estas: Diante dele, o coxo saltará como cervo e a língua dos mudos se soltará, os cegos recobrarão a vista, os leprosos ficarão limpos e os mortos ressuscitarão e começarão a andar. <strong>Que tudo isso foi feito por Cristo, vós podeis comprovar pelas Atas redigidas no tempo de Pôncio Pilatos</strong>" (Destacamos).</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><u>PILATOS REALMENTE EXISTIU</u>?</strong></div>
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</div>
<div style="text-align: justify;">
Sim. Numa expedição italiana, o arqueólogo Antônio Frova (1914 - 2007) descobriu uma inscrição que diz: "Pôncio Pilatos, Prefeito da Judéia". Essa recente descoberta arqueológica veio confirmar o que já há muito era conhecido por outras fontes, como os livros neotestamentários e a volumosa obra de Flávio Josefo, historiador do primeiro século (o autor deste blog dispõe da obra completa desse historiador).</div>
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</div>
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</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8fM3AOk1pDjxZ0j5JJsElo1vpf2Dn0nSrMNy_Sp_QzMkwW7qbGyPQ0LoGrws5H8GRPpUb_lWRLRUL3LXPl9Fi3b0troyRMYaYzsobdrZ2k-Dlrjtgar4-XCix5euB3ywyr3JhcgJ4-aU/s1600/800px-Pontius_Pilate_Inscription%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8fM3AOk1pDjxZ0j5JJsElo1vpf2Dn0nSrMNy_Sp_QzMkwW7qbGyPQ0LoGrws5H8GRPpUb_lWRLRUL3LXPl9Fi3b0troyRMYaYzsobdrZ2k-Dlrjtgar4-XCix5euB3ywyr3JhcgJ4-aU/s320/800px-Pontius_Pilate_Inscription%255B1%255D.jpg" width="320" /></a></div>
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</div>
<div style="text-align: center;">
Inscrição comprovando a historicidade de Pilatos</div>
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</div>
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</div>
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<strong><u>PILATOS REGISTROU MESMO SUAS ATAS ?</u></strong> </div>
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</div>
<div style="text-align: justify;">
Não resta nenhuma dúvida quanto a isso. Havia, desde Júlio César, a determinação imperial para que todos os gestores provinciais registrassem em atas públicas não somente seus feitos governamentais, como também os principais acontecimentos que diziam respeito à gestão local. O mais famoso dos diários oficiais do Império Romano foi o <em>Acta Diurna Populi Romani</em>, bastante citado por historiadores dos dois primeiros séculos, como Tácito e Suetônio (num artigo publicado pelo site Monergismo tratamos mais apuradamente sobre essa questão, cujo link está no final deste texto). Essa prática de se registrar em atas públicas os feitos governamentais e os principais acontecimentos locais ainda está bem documentada em registro do segundo século, como bem atestou, na época, Plínio, o Jovem.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, do ponto de vista historiográfico, não há nenhuma dúvida de que os gestores provinciais romanos faziam esses registros oficiais.</div>
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</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><u>PILATOS TERIA MESMO REGISTRADO EM DOCUMENTOS PÚBLICOS A CRUCIFICAÇÃO E OS MILAGRES ATRIBUÍDOS A JESUS?</u></strong> </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
As Atas em questão não existem mais, assim como praticamente todos os registros oficiais da época. Isso não é, por si só, nenhum embaraço para não se confiar nas palavras de Justino.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<em>Apologia</em> não foi, originalmente, uma obra bibliográfica. Foi uma carta (uma longa carta, por sinal) que Justino endereçou ao então imperador Antonino Pio, em cuja missiva fez uma vigorosa apologia da fé cristã, defendendo-se das acusações que foram imputadas a ele (a Justino) por um filósofo de nome Crescêncio. Na época, seguindo já uma longa tradição romana, pessoas do povo escreviam para os imperadores, que também tinham o hábito de ler o que recebia.<br />
</div>
<div style="text-align: justify;">
<strong>Uma pergunta crucial a ser feita é a seguinte</strong>: o que levaria Justino Mártir a desafiar o imperador a conferir nas Atas públicas de Pilatos esse registro acerca de Jesus Cristo? A resposta é simples: Justino não seria louco de fazer tal desafio se ele não tivesse a convicção de que esse registro de fato constava tal qual mencionado por ele! É uma questão de honestidade intelectual deduzir desse modo.</div>
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</div>
<div style="text-align: justify;">
Uma eventual objeção sobre a existência dessas Atas em meados do segundo século seria o fato de Tácito ter registrado, no início do século II, que, a mando do Senado, foram queimados muitos documentos do imperador Tibério, que governou Roma no tempo em que Jesus foi crucificado. Esse embaraço é facilmente desfeito quando sabemos, pelo próprio Tácito, que os documentos destruídos foram aqueles de valor pessoal e não de valor público. Isso sugere, indubitavelmente, que essas Atas não estavam no rol daquelas destruídas. Ademais, ainda cabe observar que os documentos públicos na velha Roma eram de fácil acesso, visto que esse era, na verdade, o sentimento público que levou o Império Romano a criar os diários oficiais, não somente em sua sede como também em suas províncias.<br />
<br />
<br />
<strong><u>POR QUE ESSES REGISTROS DE PILATOS NÃO FORAM INVOCADOS INICIALMENTE PELA IGREJA COMO PROVA HISTÓRICA DE JESUS CRISTO</u>?</strong><br />
<br />
Nos primeiros séculos não havia discussão relevante sobre a historicidade de Jesus Cristo. As discussões eram sobretudo teológicas, razão dos vários Concílios. A bem da verdade, quando ousaram debater a historicidade de Jesus nos quatro primeiros séculos, <em>Atos de Pilatos</em> foram invocados no terceiro e quarto séculos por cristãos e pelo Império Romano. A referência a esse registro de Pilatos chegou, em dado momento, à importância tal que no quarto século houve a compilação de uma obra forjada sobre o referido registro. </div>
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</div>
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</div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><u>CONCLUSÃO</u></strong> </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
A conclusão é que o historiador, usando de sua imparcialidade acadêmica, é fatalmente levado a tributar a esse registro de Justino como de relevante valor histórico-documental como forte evidência não somente da historicidade de Jesus, mas, inclusive, de que na época lhe atribuíam feitos considerados extraordinários, comumente chamados de "milagres".<br />
<br />
<br />
<strong><u>OUTRAS FONTES HISTÓRICAS ACERCA DA HISTORICIDADE DE JESUS CRISTO</u></strong><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">
Há muitas outras fontes históricas que atestam a existência histórica de Jesus Cristo: Tácito, Suetônio, Flávio Josefo, Plínio (o Jovem), Júlio Africano, Mara Bar-Serapião, Luciano de Samosata, o Sanhedrin 42a e os escritos gnósticos.<br />
<br />
</div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><u>MATÉRIA DE NOSSA AUTORIA PUBLICADA PELO SITE MONERGISMO EM 2008, POR MEIO DA QUAL TRATAMOS, EM MAIS DE 20 PÁGINAS, SOBRE ESSA CARTA DE JUSTINO MÁRTIR (Se o estudo não estiver disponível, digite "Robério Fernandes" em PESQUISA e em seguida clique na seta onde tem TÍTULO, rolando seguida o cursor até a palavra AUTOR. Depois clique em OK)</u></strong>:</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://www.monergismo.net.br/?secao=busca">http://www.monergismo.net.br/?secao=busca</a></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-16812196315832835582016-04-05T00:57:00.003-03:002016-04-16T13:16:50.328-03:00HISTÓRIAS POUCO CONTADAS SOBRE CALVINO<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigu_9ap7gkOpZNRgtUmiCVxu3_tQbh0d08QIa1pt6-z66b_K3dpmo4x8MzdwGuRlK5PrR3K8zIluyT3-rVie3m156yakrmVBOp36yyWugfhgyDRucVMdqACkkaAeOYWkHcHut-dL1wZWU/s1600/Calvino.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigu_9ap7gkOpZNRgtUmiCVxu3_tQbh0d08QIa1pt6-z66b_K3dpmo4x8MzdwGuRlK5PrR3K8zIluyT3-rVie3m156yakrmVBOp36yyWugfhgyDRucVMdqACkkaAeOYWkHcHut-dL1wZWU/s1600/Calvino.jpg" /></a></div>
<div align="center">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Até hoje, corre a má fama de Calvino pelo fato dele ter tido participação direta na condenação do médico Miguel Servet (1511-1553), que não escondia sua descrença em relação à Trindade e à predestinação (conceito teológico no qual se afirma convictamente que Deus escolhe, sem critérios objetivos, as pessoas que irão se salvar e as que serão condenadas no fogo eterno).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Calvino, assim como santo Agostinho, não tinha a menor dúvida de que a predestinação era algo divino, e não estava disposto a aceitar opiniões divergentes, de sorte que o reformador e o médico trocaram várias correspondências de cunho teológico, até que Calvino desistiu de debater com seu oponente: estava certo de que Servet se encontrava totalmente sob forte heretismo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Miguel de Servet passou a ser alvo de católicos e protestantes. Fugindo da Inquisição da Igreja Católica na França, foi parar em Genebra (Suíça), onde Calvino presidia o Conselho de Genebra – que tinha por função, dentre outras, a de julgar casos de heresia. Os protestantes não foram menos tolerantes que os rivais católicos: Servet foi julgado à fogueira, embora conste que Calvino opinou no sentido de que o condenado fosse morto por decapitação. Vale destacar ainda que Calvino consultou outros reformadores, inclusive Lutero, e todos concordaram com a condenação de Servet à morte.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A atitude de Calvino parece ir de encontro aos ensinamentos bíblicos, pois, ao invés de defender a condenação por decapitação, Calvino poderia ter dito: “Não podemos julgar esse homem só pelo fato dele pensar diferente de nós”. O certo é que ele agiu exatamente como agiram aqueles a quem tanto o protestantismo tem condenado: o catolicismo histórico, a Inquisição.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A intolerância religiosa de Calvino parecia ir ao extremo: expulsou de Genebra um franciscano que mendigava nas ruas, pedindo comida em nome de Deus e da Virgem Maria. O reformador autorizava invasões aos lares, com o fim de investigar os costumes dos moradores. Foi imposta uma verdadeira ditadura moral: vários foram os casos de mulheres punidas por “má conduta”. Livros foram proibidos e a moda duramente vigiada. Pode-se dizer, seguramente, que as atitudes acima mencionadas em nada devem à histórica intolerância católica, a quem o protestantismo imprime pesadas críticas, uma das quais de agirem sob possessão demoníaca.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Muitos apologistas têm sustentado que Calvino agiu de acordo com o senso e o costume da época, ainda assim persiste a pergunta: é possível conciliar sua atitude com os ensinamentos do Novo Testamento?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para finalizarmos sobre Calvino, leiamos este texto, de autoria do próprio reformador: </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Quem sustenta que é errado punir hereges e blasfemadores, pois nos tornamos cúmplices de seus crimes (…). Não se trata aqui da autoridade do homem, é Deus que fala (…). Portanto se Ele exigir de nós algo de tão extrema gravidade, para que mostremos que lhe pagamos a honra devida, estabelecendo o seu serviço acima de toda consideração humana, que não poupamos parentes, nem de qualquer sangue, e esquecemos toda a humanidade, quando o assunto é o combate pela Sua glória”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não restam dúvidas de que, mesmo agindo em desacordo com a razão e com os preceitos bíblicos para o caso em questão, Calvino crê piamente que está dentro da vontade de Deus, de modo que a condenação de quaisquer eventuais hereges é, segundo sua consciência, um dever, uma obrigação, uma tarefa sacra, quase um sacramento. Por acaso não foi a mesma justificativa dada pela Inquisição durante séculos de história? Como separar o trigo do joio?</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
_______________</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: x-small;">Nota: O autor deste blog, embora reprove os fatos supracitados, declara peremptoriamente que tributa à Reforma Protestante um mover de Deus para a humanidade. </span><span style="font-family: "arial"; font-size: x-small;"> Se atentarmos cuidadosamente para o Novo Testamento, vemos que até mesmo os apóstolos, em momentos pontuais, protagonizaram alguns feitos dignos de censura, embora estivessem em plena atividade evangelística. É o caso, por exemplo, do apóstolo Pedro, duramente advertido pessoalmente pelo apóstolo Paulo, quando aquele procedia com dissimulação perante os gentios em Antioquia. Assim, acredita o autor deste blog que esses acontecimentos atribuídos ao reformador não têm o aval neotestamentário, mas acredita que ele tenha sido usado por Deus, em muitos outros momentos, para ser um dos nomes responsáveis por despertar na sociedade de seu tempo os valores espirituais das Escrituras sagradas, há muito esquecidos na época pelo catolicismo dominante.</span><br />
<span style="font-family: Arial; font-size: x-small;">.</span></div>
Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-12330545481531276492016-04-05T00:38:00.001-03:002016-04-16T13:19:51.569-03:00HISTÓRIAS POUCO CONTADAS SOBRE MARTINHO LUTERO<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi80poMYYpCuWyylAciAuWMgGKBNgXsvxiU-RtkihRruXJ4-DAzedusFc3aUkgly8tn3KaM9aWqxarq_19m63yDpBwn8wcCvqmtk5KGPM1j8ctL_KOlHbmYC56v3FCRIUlwltn0txWe0ek/s1600/Lutero%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi80poMYYpCuWyylAciAuWMgGKBNgXsvxiU-RtkihRruXJ4-DAzedusFc3aUkgly8tn3KaM9aWqxarq_19m63yDpBwn8wcCvqmtk5KGPM1j8ctL_KOlHbmYC56v3FCRIUlwltn0txWe0ek/s1600/Lutero%255B1%255D.jpg" /></a></div>
<div align="center">
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Não faltam motivos para se acusar Martinho Lutero - ex-católico e considerado um dos principais reformadores da chamada Reforma Protestante -, de ter agido, em momentos pontuais, de forma flagrantemente contrária a alguns dos ensinamentos bíblicos, conforme veremos. Preliminarmente, vamos analisar uma frase do próprio Lutero:</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"É preciso despedaçá-los, degolá-los e apunhalá-los, em segredo e em público, quem puder fazê-lo, como se tem de matar um cachorro louco. Por isso, prezados senhores, quem aí o possa, salve, apunhale, bata, enforque e, se morrer por isso, morte mais feliz jamais há de poder alcançar."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As palavras acima transcritas, de autoria de Lutero, são uma referência à chamada <span style="font-style: italic;">Guerras Camponesas</span>, uma disputa armada entre nobres e camponeses, que ocorreu na Alemanha, exatamente no tempo da Reforma. Lutero, no caso, ficou do lado dos nobres, cujas palavras acima são dirigidas aos mesmos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A acusação de que, em dado momento da reforma, ele foi um homem de seu tempo, parece estar materializada quando lemos o que ele escreveu nas 95 Teses: "Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas", embora posteriormente ele tenha mudado de opinião.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Outro motivo para críticas em relação a Lutero está no fato dele ter defendido, em dado momento, que a Bíblia era errante. Isso mesmo! Para começar, Lutero acreditava que o cânon do Novo Testamento não havia sido concluído, algo duramente combatido pelos protestantes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se isto não bastasse, Lutero chegou a defender ainda que o livro de <span style="font-style: italic;">Tiago</span>, no Novo Testamento, não deveria estar na Bíblia, pois, segundo ele, a dita epístola continha uma teologia consideravelmente inferior a de outros escritores bíblicos, principalmente a de Paulo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para Lutero, os ensinamentos de Tiago e Paulo (ambos autores bíblicos) são irreconciliáveis em alguns pontos, principalmente quando se referem à fé e às obras.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Lutero ainda sugeriu que Pedro foi de fato um papa, que este poderia continuar sendo o líder máximo da Igreja, que o purgatório existe, bem como se referia a Maria como "a mãe de Deus", de sorte que todas estas crenças são inegavelmente combatidas pelos protestantes. É bem verdade que essa opinião do reformador se deu num momento de seu próprio amadurecimento enquanto reformador.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
_______________________________</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"></span><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-family: "arial"; font-size: xx-small;">Nota: O autor deste blog, embora reprove os fatos supracitados, declara peremptoriamente que tributa à Reforma Protestante um mover de Deus para a humanidade. </span><span style="font-family: "arial"; font-size: xx-small;"> Se atentarmos cuidadosamente para o Novo Testamento, vemos que até mesmo os apóstolos, em momentos pontuais, protagonizaram alguns feitos dignos de censura, embora estivessem em plena atividade evangelística. É o caso, por exemplo, do apóstolo Pedro, duramente advertido pessoalmente pelo apóstolo Paulo, quando aquele procedia com dissimulação perante os gentios em Antioquia. Assim, acredita o autor deste blog que esses acontecimentos atribuídos ao reformador não têm o aval neotestamentário, mas acredita que ele tenha sido usado por Deus, em muitos outros momentos, para ser um dos nomes responsáveis por despertar na sociedade de seu tempo os valores espirituais das Escrituras sagradas, há muito esquecidos na época pelo catolicismo dominante.</span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: xx-small;">
</span></div>
Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-38661258495400893042016-03-27T13:47:00.001-03:002016-03-29T00:07:50.817-03:00“SOCIEDADE ALTERNATIVA”, UM TRIBUTO A ALEISTER CROWLEY. SATANISMO NA MÚSICA DE RAUL SEIXAS. O PROTESTO NA MÚSICA CONTRA A DITADURA MILITAR COMO PANO DE FUNDO PARA IMPLANTAR VALORES OCULTISTAS NO BRASIL. RAUL DEFENDIA MESMO A LIBERDADE DE EXPRESSÃO? NÃO!<div align="justify">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/3lfFllXLAMY/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/3lfFllXLAMY?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "calibri";"> <span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: x-small;">Show onde Raul Seixas recita a Lei de Thelema (a partir do 4:20)</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">A canção <em>Sociedade Alternativa</em>,
de Raul Seixas, é um tributo que o artista fez a seu guru espiritual, o satanista
inglês Aleister Crowley*, que faleceu na década de 1940. Mais do que isso: Raul
pretendia colocar em prática, aqui no Brasil, os ideais de seu guru. Uma prova de
que o famoso roqueiro se envolveu com práticas satanistas está numa confissão
de Paulo Coelho, que recebia instruções de um guru
seguidor de Crowley e as repassava para o Raul (veja o vídeo no final desta matéria). No mesmo documentário, temos a imagem da
Ordem Ocultista (que passava as instruções ao Raul) cortando o pescoço de um
cabrito vivo, com o uso de velas vermelhas, num ritual de magia negra. Estamos
falando de uma prova material, não de fofocas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Até hoje, intelectuais
pretendem vincular a canção supracitada unicamente como uma forma de protesto
do artista contra a Ditadura Militar. Já repararam na letra da música? Mais do
que isso: já ouviram Raul Seixas recitando a Lei de Thelema enquanto cantava
<em>Sociedade Alternativa</em>? Pois é, segundo Raul Seixas, fazer o que cada um quer,
sem imposições dogmáticas, é tudo da lei (ou seja, a liberdade absoluta é o bem
supremo), e concluiu o artista que cada um tem o direito de matar quem pensa
diferente da sociedade alternativa. Esse pensamento original não é dele, mas de
Crowley, a quem Raul seguia copiosamente. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Consciente ou inconscientemente,
enquanto condenava as barbaridades cometidas pelo regime militar, Raul dava seu
aval em prol do assassinato de quaisquer opositores à sociedade alternativa
como alternativa para manter essa sociedade intacta e feliz, tal qual praticado
nos regimes comunistas do século XX (que mataram milhões de pessoas), onde vigorou o ateísmo materialista. Segundo
se depreende da referida canção, somente o anarquismo e a completa libertação
de valores ligados a Deus poderiam possibilitar a implantação de uma sociedade
livre e evoluída. E a Ditadura? A Ditadura mandou o artista para os Estados
Unidos, pois foi considerado subversivo. Essa medida ainda dribla, até hoje, os
intelectuais que não veem na música citada a filosofia relativista do
ativismo ocultista da época, mas apenas a prova de que a canção mencionada nada
mais era do que uma contestação ao regime ditatorial.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">O protesto contra a Ditadura
Militar em <em>Sociedade Alternativa</em> foi apenas o pano de fundo que Raul usou
para divulgar e materializar a ideologia de Crowley no Brasil, ainda que, em
dado momento, ele próprio deu a entender que entrou nessa “onda” como forma de
protesto, embora estivesse convencido de que os ideais de seu guru representassem
na prática a evolução da espécie humana. Foi com esse convencimento que Raul recitou,
durante um show, o total desprezo pelas leis e pela democracia (pois a
democracia pressupõe a convivência com a opinião contrária à da sociedade
alternativa, algo que ele não concebia). O que têm os juristas a dizer sobre
isso?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Nela, na tão desejada sociedade
alternativa, pensar diferente deles (da sociedade alternativa) seria motivo
para imediata censura. Que contrassenso! Como alguém que defendia a liberdade
de expressão poderia, no mesmo fôlego, condenar à pena de morte a expressão
contrária à sua? Liberdade relativa e liberdade absoluta eram diferentes institutos
em Raul (a primeira válida para seus opositores e a segunda para os membros da nova sociedade), portanto, a prova materializada de sua estupidez musical, visto que
ambos os institutos simbolizavam a efetivação do velho adágio totalitarista que
diz: “Aos amigos, tudo; aos inimigos, a força da lei”. O que têm os defensores
dos direitos humanos a dizer sobre isso?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">A música <em>Sociedade Alternativa</em> não era,
portanto, somente um protesto contra o caos no Brasil da época. Era, antes de
tudo, uma clara pretensão de criar uma nova sociedade sem leis, sem regras, sem
pudor, onde cada um estivesse livre para banir do meio social qualquer
pensamento contrário a ela, podendo até matar, se preciso fosse, nos termos
pregados pelo satanismo. Alguém já parou para refletir sobre isso? Por que,
enfim, não se pode vincular a referida canção ao satanismo se ela foi escrita
exatamente para transmitir a Lei de Thelema? Mas Raul continua sendo exaltado
em sua célebre canção – talvez porque muitos ainda não meditaram sobre ela em
seu contexto histórico e filosófico. Histórico, porque no ano em que o disco <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Gitá</i> foi lançado, o país vinha numa onda
crescente de divulgação de ideias ligadas à necessidade de se libertar de
valores tradicionais (cristãos, para falar a verdade); filosófico, porque entraram em cena
teorias que pretendiam justificar a necessidade dessa reviravolta moral. Era o
lugar e o tempo perfeito para as bandeiras ocultistas da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">New Age</i> de Crowley e, portanto, para a música <em>Sociedade
Alternativa</em>. Para divagadores, letra e melodia, em tom convidativo, nos remetem
à máxima de que a música nada mais é do que a expressão humana despida de
interesses do além, o que contribui decisivamente para desvinculá-la do
ativismo em prol da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">New Age</i>,
cometendo, assim, o erro de interpretação acerca dos reais propósitos da música
<em>Sociedade Alternativa</em>, que eram, na verdade, cultuar o satanismo no Brasil.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Para um ateu, por exemplo, essa
historieta que acabamos de dissertar certamente não passa de uma mente
fundamentalista (como a nossa?), mas convém lembrar que, enquanto o ateu não
crê nessas historietas de satanismo, de ocultismo, há quem acredite e esteja
disposto a pagar um preço alto para colocar em prática seus ideais, como foi o
caso de Raul Seixas e de tantos outros que acreditam no satanismo e no
ocultismo, e ainda pretendem implantar no Brasil uma filosofia relativista,
apoiada, entre outras premissas, naquela que ensina que devemos desconfiar de
um discurso cristão como o primeiro passo para se buscar e alcançar a
verdadeira redenção social, visto que o cristianismo prega a existência de
valores imutáveis, como, por exemplo, o de que existe um Deus que deixou não
somente regras morais e espirituais claras, mas também a de que devemos
rejeitar ideias e valores morais e espirituais que batem de frente com os Dele
– sobretudo reconhecer o senhorio de Cristo. Efetivamente, essa é uma ideia que
já não faz o menor sentido para muitos modernistas e intelectuais, porém uma
realidade para outros.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Enquanto isso, cabras e cabritos
(e até bebês recém-nascidos) são mortos em rituais para se colocar em prática essa
ideologia anticristã (cuja música pode ser um veículo), no mesmo instante em
que o descrente, zombando do cristianismo, opta, como forma de protesto contra o próprio
cristianismo, abrir sua boca e berrar: “Viva a sociedade alternativa”, pensando
que está fazendo muita coisa pelo Brasil.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Mais do que nunca, crédulos e
incrédulos no modelo da <em>New Age</em> parecem seguir harmoniosamente na esperança de
sedimentar no Brasil uma sociedade de fato alternativa, mais ou menos parecida
com a proclamada por Crowley e Raul Seixas. Mas não é somente satanistas que
pretendem um Brasil assim: há quem acredite que seja possível um Brasil
exatamente assim, porém sem sangue e sem dor, sem cabras e sem cabritos imolados, bastando
para isso derrubar os valores cristãos, seja pela modificação das leis, seja pelo convencimento
intelectual de que a sociedade tem que buscar e defender a liberdade absoluta. Nada, como antes, parece estar em sintonia com o hedonismo e o utilitarismo de Stuart Mill como bens supremos a serem tutelados
pelo Estado e pela sociedade moderna. Pelo visto, satanistas e intelectuais utilitaristas
(não satanistas) estão vestindo a mesma farda futebolística, embora ambos os grupos estejam
pisando em gramados completamente diferentes.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Raul acreditava que, para colocar
em prática os valores da sociedade alternativa, se fazia necessário banir Deus
dessa sociedade, tal qual Marx e Nietzsche criam. Ou seja, Deus e os valores
cristãos eram (e ainda são), para a sociedade alternativa, um calo no pé que
deve ser banido a todo custo, custe o que custar. O que isso nos lembra nos
dias de hoje?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Por que, enfim, a canção
<em>Sociedade Alternativa</em> é considerada satanista? A resposta é simples: porque ela
foi um tributo ao satanismo, que, embora muitos não creem que exista, outros se
dizem seus representantes, os quais têm na referida música suas bandeiras
teosóficas. Afora, é claro, a própria mensagem em si. Se a sociedade pacífica
reprova o satanismo e a magia negra, por que não reprovamos a canção <em>Sociedade
Alternativa</em> e sobretudo a sociedade alternativa proclamada por Crowley e Raul Seixas? Reprovamos, pois, não somente a referida canção como também a sociedade protagonizada em sua letra.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">________________________</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">*<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> <span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: x-small;">Parte do rock pesado dos anos
60 e 70 foi inspirado nos ensinos de Aleister Crowley. É o caso, por exemplo,
dos Beatles, de Iron Maiden, dos Rolling Stones, de Raul Seixas e de tantos
outros.</span></span> <o:p></o:p></span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/8Z9Umxbcywc/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/8Z9Umxbcywc?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="center">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: x-small;">Documentário sobre a relação entre Raul Seixas e o satanismo.</span></div>
<div align="center">
</div>
<div align="center">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifSqwZ3toafEerDHmwezLzYK1tCd86Qu2QkwKgPqBWa-6dlPLSGWMDtar7fEVSSG1SzwWG4khwermj66IqzZjVUu6wVnJL6Uo88eXa5UtihUV4Qp6bQljoaka4wQ_votRITQNHLEJR6qQ/s1600/Raul-Seixas-4-big%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifSqwZ3toafEerDHmwezLzYK1tCd86Qu2QkwKgPqBWa-6dlPLSGWMDtar7fEVSSG1SzwWG4khwermj66IqzZjVUu6wVnJL6Uo88eXa5UtihUV4Qp6bQljoaka4wQ_votRITQNHLEJR6qQ/s1600/Raul-Seixas-4-big%255B1%255D.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: x-small;">Imagem de um Disco de Raul Seixas</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: x-small;">No detalhe, velas usadas na magia negra</span></div>
<div align="center">
</div>
<div align="justify">
</div>
Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-66057664584900325412016-03-06T22:03:00.001-03:002016-03-17T23:36:28.252-03:00FRAUDES LITERÁRIAS NA ANTIGUIDADE: GALENO, ATOS DE PILATOS, AS GRANDES QUESTÕES DE MARIA, PLATÃO, ETC.<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5w9YFa-8gnWv7pazuDhZSDD7y8_izGqawZCaPyWyMTLMY4HFfbDM8Zi7QjI0vGyIV-HrHHFiFPengbtGG5t2i5TTWsxjJIpOLOixQgtkDhElW20_lbD9OTvPOcsCk46x5e5DI_JaT5_o/s1600/FRAUDE+LITER%25C3%2581RIA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="346" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5w9YFa-8gnWv7pazuDhZSDD7y8_izGqawZCaPyWyMTLMY4HFfbDM8Zi7QjI0vGyIV-HrHHFiFPengbtGG5t2i5TTWsxjJIpOLOixQgtkDhElW20_lbD9OTvPOcsCk46x5e5DI_JaT5_o/s400/FRAUDE+LITER%25C3%2581RIA.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Imagem da internet</span></div>
<br />
Embora a circulação de livros na Antiguidade fosse bem menor do que atualmente, as fraudes literárias se faziam presentes. Segundo o professor Dr. Bart D. Ehrman, havia pelo menos 10 razões que motivavam essas fraudes: para gerar lucros; para se opor a um inimigo; para contestar determinado ponto de vista; para defender a ideia de que sua própria tradição tinha inspiração divina; por humildade; por amor a um personagem com autoridade; para ver se era possível enganar; para complementar a tradição; para contestar outras fraudes e para dar autoridade aos pontos de vista de alguém.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Essas fraudes são conhecidas graças às referências deixadas nos escritos de Heródoto, Cícero, Quintiliano, Marcial, Suetônio, Plutarco, Galeno, Filastrato, Diógenes Laércio. Entre os escritores cristãos da Antiguidade, temos citações em Irineu, Tertuliano, Orígenes, Eusébio, Jerônimo, Rufino e Agostinho. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Galeno (129 - 217), famoso médico romano, narrou que, certa vez, enquanto andava pelas ruas de Roma, chegou a uma banca de um vendedor de livros e lá estavam dois homens dialogando sobre o título de um livro de nome <em>Galeno</em>, divergindo os contendentes sobre a autoria do livro. Um alegava que a obra era da pena do próprio Galeno, ao passo que o outro discordava incisivamente. A partir daí, Galeno produziu um pequeno livro intitulado <em>Como reconhecer os livros de Galeno</em>.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
As Bibliotecas de Alexandria e de Pérgamo, as maiores do mundo antigo, tinham o costume de adquirir obras de vendedores e colecionadores, o que motivava alguns empreendedores a copiarem obras literárias, de preferência os clássicos na época. Tal condição, ao que parece, contribuiu para a adulteração de alguns livros.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Diógenes Laécio, talvez o principal doxógrafo da filosofia grega, cita que um tal Diotemo distribuiu 50 cartas supostamente atribuídas a Epicuro, contribuindo de forma significativa para uma má reputação do filósofo grego.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Epifânio, bispo da cidade de Salamina no século IV, confessou que havia lido um livro supostamente usado pelos fibionitas (não confundir com ebionitas), grupo cristão herege marcado pela imoralidade sexual. O livro, cujo título era <em>As grandes questões de Maria</em>, continha relatos bizarros sobre a relação entre Jesus e Maria Madalena, apontando que certa vez Jesus a levou até um alto monte e, na presença dela, tirou uma mulher de dentro de si (ou seja, dentro do próprio Jesus), no entorno das costelas, passando em seguida a manter relações com ela, ou seja, com a mulher que saíra de dentro dele. Após atingir o orgasmo, Jesus teria comido o próprio esperma, proferindo em seguida as seguintes palavras: "Isto temos de fazer para viver". Ao presenciar a dolorosa cena, Maria Madalena teria desmaiado. Segundo alguns historiadores, Epifânio tinha o hábito de inventar informações, de modo que esse relato é contado unicamente por ele, sem outra referência na história.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Não se sabe se Platão, afamado filósofo grego, foi fiel ao relato histórico que ele traz no diálogo <em>Fédon</em>, quando narra em detalhes e em longas páginas as últimas horas de Sócrates antes de morrer. Platão não se achava junto a Sócrates porque estava doente, colhendo da boca de Fédon os mínimos detalhes do relato. Quem já leu <em>Fédon</em>, sabe que é de pouca probabilidade que aquele relato, tal qual se mostra em sua sequência cronológica, tenha sido fiel a todo o diálogo travado naquela infausta ocasião.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Tertuliano, apologista cristão nascido no segundo século e falecido no século seguinte, afirma que as conhecidas histórias do apóstolo Paulo e sua (suposta) discípula Tecla foram forjadas por um líder de uma igreja da Ásia Menor, que teria sido pego em flagrante. Em represália, foi destituído de seu cargo, embora tenha justificado que todo o esforço intelectual se devia a seu amor ao apóstolo.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Um senador romano, do primeiro século, teria escrito uma carta onde narra a fisionomia de Jesus, declarando que Ele era alto e tinha o cabelo da cor de vinho. De forma parecida, uma epístola do segundo século descrevia o apóstolo Paulo como um homem baixo e de pernas ligeiramente tortas (tratamos das duas descrições em detalhes em outra postagem neste blog, de 03.04.2011). Obviamente não são aceitas nem por cristãos nem por acadêmicos.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Uma das mais conhecidas fraudes no meio cristão de que se tem notícia, aponta para o início e final do século IV. Poucos anos do Edito de Milão (313 d.C.), um imperador romano, tentando desprestigiar o movimento ascendente do cristianismo, forjou uma obra, intitulando-a de <em>Atos de Pilatos</em>, na qual tentava mostrar as origens do cristianismo. O conteúdo revelava grosseiros erros históricos, conforme demonstrado poucos anos depois. No final do século, desta vez pelas mãos de cristãos, vem à tona novo <em>Atos de Pilatos</em>, porém destituído de credibilidade tal qual o primeiro.<br />
<br />
A importância desse título se devia em especial pelo fato do estudioso da filosofia grega e cristão, Justino Mártir, ter feito menção, por volta do ano 155 d.C., à existência de registros oficiais do Império Romano constando alguns feitos de Jesus Cristo, cujo assento se achava nos <em>Atos de Pilatos</em>, onde eram registrados os atos públicos de Pilatos. Na ocasião, Justino desafiou o então imperador Antonino Pio a consultar os referidos Atos, conforme se acha em sua obra <em>Apologia</em>, a fim de que o imperador verificasse o próprio assentamento como prova histórica (e até divina, segundo Justino) da existência de Jesus. Sobre o primeiro <em>Atos de Pilatos</em>, que se tratava de um registro público do Império, nada se sabe nos dias hoje visto que não ficou preservado para a posteridade. Está documentalmente provado que os gestores provinciais romanos tinham expressa determinação do imperador para registrar seus feitos, conhecidos tradicionalmente como "Atos" seguido do nome do gestor. As fraudes, portanto, foram aquelas do quarto século e não a do início do primeiro século, a que Justino fez menção.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-5933225595875322752015-01-30T23:38:00.002-03:002015-01-30T23:38:43.479-03:00OS BASTIDORES DA DISSOLUÇÃO DA CONSTITUINTE DE 1823. O BRASILEIRO RESOLUTO. SESSÕES DURANTE A MADRUGADA. FAMOSO ESCRITOR BRASILEIRO DEFENDEU O ABSOLUTISMO IMPERIAL<div align="justify">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0ePLbr2AwVDRw5lMImF2lB3qE6yxDFuDsP4U9UpgyZx4lES_EAHm-Ogh3OO5JYFFZ4fPOXQ6ARj9X04fVD2xIamsufQbJkLtR_u0gdxs_Q8n0LmAMmIn92hS1fXPuo6q90zZvduMjDJ4/s1600/images%5B5%5D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0ePLbr2AwVDRw5lMImF2lB3qE6yxDFuDsP4U9UpgyZx4lES_EAHm-Ogh3OO5JYFFZ4fPOXQ6ARj9X04fVD2xIamsufQbJkLtR_u0gdxs_Q8n0LmAMmIn92hS1fXPuo6q90zZvduMjDJ4/s1600/images%5B5%5D.jpg" /></a></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="center">
<span style="font-size: xx-small;">Imagem da internet</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<b><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></b><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Nossa primeira Constituição já nasceu com a marca do absolutismo: foi
outorgada pelo chefe do Executivo em 25.03.1824, depois de dissolver a
Constituinte de 1823.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>De
acordo com Paulo Bonavides, “o pensamento constituinte deu o primeiro passo no
sentido de sua concretização com a deputação de São Paulo representando ao
Príncipe Regente D. Pedro” a necessidade de convocação de uma Assembleia
Constituinte, a fim de se formular a primeira Constituição brasileira, cujo ato
convocatório se deu em 12 de junho de 1822 – portanto ainda antes da
proclamação da independência.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>No
dia 3 de maio de 1823, instalou-se a Assembleia Geral Constituinte e
Legislativa do Brasil, que tinha dupla finalidade: elaborar a nossa primeira Constituição
e legislar concomitantemente. Ou seja, enquanto votava a Carta Magna, votava
também as leis ordinárias, competência parlamentar atípica em nossa história
constitucional.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>De
acordo com os anais da história, D. Pedro I compareceu à referida sessão com 3
horas e 30 minutos de atraso (chegou às 12h30min), gerando ociosidade na Casa
até aquele momento solene. Após as formalidades de praxe, fez um longo discurso,
através do qual merecem destaques (dentre outros temas), os seguintes pontos: (i)
afirmou ser vergonhoso para o Brasil o fato de ter passado mais de 300 anos
sendo chamado de Colônia; (ii) declarou enfaticamente que amava a justiça e a
liberdade; (iii) fez minucioso balanço de sua gestão, destacando que já havia
feito muitas obras públicas – inclusive calçadas nas ruas do Rio de Janeiro –, que
teria comprado muitos livros para o “engrandecimento da Biblioteca Pública”, bem
como declarou que os “empregados civis e militares” estavam com o pagamento em
dia; (iv) que iria fortalecer a defesa militar brasileira; (v) repetiu, algumas
vezes, a necessidade do Brasil ter três Poderes harmônicos e independentes;
(vi) não agradeceu a Deus, mas à “Providência” pela “Nação representada, e
representada por tão dignos deputados”.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Após
a fala do “Defensor Perpétuo do Brasil”, o presidente da Constituinte, D. José
Caetano da Silva Coutinho, usou da palavra e fez um discurso de alguns minutos,
deliberadamente finalizado com um dos momentos mais empolgantes de toda a
história constitucional do Brasil: “Viva o nosso imperador constitucional!” – e
os presentes responderam de forma uníssona: “viva!”. Após, D. Pedro I bradou:
“Viva a Assembleia Constituinte e Legislativa!” – E todos responderam: “viva!”.
Já passavam das 14 horas.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">O que parecia um mar de rosas,
no entanto, acabou se tornando gradativamente um pesadelo: nas sessões
seguintes, alguns deputados passaram a debater sobre um pequeno trecho da fala
do imperador, o qual findou não sendo percebido por outros constituintes. Eis o
trecho: “Espero que a Constituição que façais mereça a minha imperial
aceitação”.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Alguns viram, neste trecho, a
mão de ferro do imperador: ou a Assembleia faria uma Constituição digna de sua
majestade ou ela não teria a “imperial aceitação”. Tratava-se, na verdade, da
repetição do que ele próprio já afirmara em 1º de dezembro de 1822 (no ato de
coroação): “Juro defender a Constituição que está para ser feita, se for digna
do Brasil e de mim”.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Por outro lado, a fala do
presidente da Constituinte (que veio logo em seguida à do imperador) também
continha um pequeno trecho que, para os atenciosos, seria um recado direto ao
chefe do Executivo: “A distinção dos Poderes políticos é a primeira base de
todo o edifício constitucional”. Ou seja, o título de “Imperador
Constitucional” somente seria digno se ele, o imperador, respeitasse a
separação entre os três Poderes constituídos.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">A primeira das leis
promulgadas pela Assembleia determinou que os decretos da Constituinte não estariam
sujeitos à sanção do imperador. Sua majestade imperial recebeu essa decisão
como uma afronta aos seus direitos, mas, após muita relutância, acatou a
decisão do Parlamento.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">A sessão de 6 de novembro de 1823
marca o início do fim dos acontecimentos que terminaram na dissolução da
Constituinte. Um dos deputados requereu fosse lida em Plenário a carta de um
cidadão brasileiro chamado David Pamplona Corte Real, vítima de grave espancamento
por dois militares portugueses que faziam parte do Governo brasileiro.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Pelo conteúdo da queixa,
consta que Pamplona fora açoitado pelos dois militares por acharem que ele se
tratava do “brasileiro resoluto”, nome fictício do autor de cartas anônimas, nas
quais constavam duras críticas ao governo imperial.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Após a leitura da carta em
Plenário, o recinto ferveu. Uns exigindo que o Legislativo tomasse duras
medidas em favor daquele cidadão brasileiro. Outros, tentavam suavizar a
situação. Decidiu-se pela emissão de um parecer da Comissão de Justiça sobre o
caso, quando esta opinou fosse o caso levado aos “meios ordinários e prescritos
em lei”, o que contribuiu ainda mais para avultar a agitação.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Antes mesmo de se dar uma
resposta satisfatória ao caso “Brasileiro Resoluto”, na sessão do dia 10 de
novembro (com muitos populares no recinto), o Legislativo se achou em novas
querelas polêmicas. Tratava-se, desta vez, da votação de um projeto sobre a
liberdade de imprensa, cuja matéria era de grande interesse do Executivo, “ao
redor da qual girava também o incidente da agressão militar ao ‘brasileiro
resoluto’”, no dizer de Paulo Bonavides. Nesta sessão, a Assembleia aprovou
emenda ao parecer autorizando o Executivo a expulsar do território nacional os
dois militares portugueses envolvidos no incidente acima mencionado.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Na sessão do dia seguinte
(11.11.1823), novo dissabor: o primeiro orador da tribuna, Antônio Carlos
Andrada Machado, apresentou proposta aos seus pares no sentido de que aquela
Casa “se declare em sessão permanente”, bem como enviasse uma comissão de
deputados à presença do imperador, a fim de que ele justificasse um novo
incidente, desta vez ocorrido na noite do dia 10 para o dia 11: tropas oficiais
teriam passado a noite em agitação pelas ruas do Rio de Janeiro, gerando inquietação
aos cidadãos pacíficos. O pedido foi acatado.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">À uma hora da manhã veio a bombástica
resposta do Executivo, na qual acusou os periódicos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sentinela da Praia Grande </i>e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tamoio</i>,
bem como os três irmãos Andradas pela “influência naquele e redação neste”, em
cujos instrumentos havia, no dizer do imperador, disseminação de “doutrinas
incendiárias”.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Insatisfeito com a resposta
governamental, às quatro horas da manhã o Legislativo, por meio de uma Comissão
Especial destinada para tal fim, deliberou que aquela Casa não acataria a
proposta imperial, mas reconhecia o excesso dos periódicos e de alguns outros
no tocante à liberdade de imprensa, razão por que a mesma Comissão propôs
fossem suspensas as votações da Constituição até que fosse concluída a lei que
trataria sobre a referida liberdade de imprensa.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">O parecer não teve a recepção
esperada. Depois de acirradas discussões, deliberou a Casa sobre a convocação
do ministro do Império no sentido de que o mesmo comparecesse à Assembleia, às
10 horas do mesmo dia, e circunstanciasse a resposta governamental ofertada, na
qual acusava os dois periódicos e os três irmãos Andradas.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Às 11 horas o ministro compareceu.
Iniciou sua fala ainda sentado, mas foi advertido pelo presidente da Casa a
falar em pé. Principiou seu discurso apontando os últimos acontecimentos em
Portugal, afirmando que D. Miguel, irmão de D. Pedro, havia convocado as tropas
militares com a finalidade de dissolver a Constituinte daquele país. O recado
estava dado.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Prosseguiu o ministro
explicitando o desejo do Executivo: que fosse coibida a liberdade de imprensa
no Brasil e que os três irmãos Andradas fossem expulsos da Assembleia.
Justificou o Governo que oficiais militares e a pessoa de D. Pedro estariam sendo
duramente insultados nos dois periódicos, destacando que, no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tamoio </i>(onde os Andradas eram acusados
de redatores), chegou-se a ameaçar a vida física e política do imperador.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">O ministro imperial finalizou
o discurso relembrando que o Brasil se encontrava em situação parecida com a de
Portugal, em cuja oportunidade pediu que a Assembleia refletisse sobre as
propostas do Governo. Um aparte do deputado Montezuma requereu do ministro mais
esclarecimentos sobre a comparação trazida por este, querendo saber nas
entrelinhas se a Assembleia estaria correndo risco naquele momento. Eis a
resposta:</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt 4cm; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Eu não sei adivinhar futuros. Vejo a Assembleia amotinada levantar
extemporaneamente a sessão: os militares se queixaram a Sua Majestade; as
tropas marcharam para São Cristóvão; e a Assembleia todo o dia e noite em sessão
permanente; ora, cousas semelhantes a esta eu vi em Portugal; contudo, não
posso afirmar qual será o final resultado.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O presidente da Casa se deu por satisfeito. Do
lado de fora se achava D. Pedro, cercando o prédio com todo o seu aparato
militar. A dissolução era uma decisão irreversível: no mesmo dia (12.11.1823) o
imperador baixou o decreto de dissolução da Constituinte, alegando que,
“havendo esta Assembleia perjurado ao tão solene juramento que prestou à Nação
de defender a Integridade do Império, sua Independência e a Minha Dinastia: Hei
por bem, como Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil, Dissolver a mesma
Assembleia e convocar já uma outra...”.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A
convocação para uma nova Assembleia Constituinte não veio, e em 25 de março de
1824 o imperador empurrou, goela abaixo, sua Constituição.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>José
de Alencar, mais afamado na literatura do que como parlamentar, fez veemente
defesa do ato absolutista do imperador, chegando a afirmar que a Constituição
outorgada era mais liberal do que o projeto de 1823 (inexequível, na sua
visão), e que a dissolução foi, naquele momento histórico, algo bom para o
país, vítima iminente de graves consequências, caso o imperador não tivesse
dado o golpe ditatorial.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">.<o:p></o:p></span></div>
<div align="justify">
</div>
Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-8236981469475760472014-07-15T17:58:00.000-03:002014-07-15T22:41:44.324-03:00OS BASTIDORES DA PRISÃO E DA CONDENAÇÃO DOS INCONFIDENTES MINEIROS: A SAGA DE UM ADVOGADO PARA INOCENTAR SEUS CLIENTES<div style="text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB_OWhzKuukB4b5bWxG8L9pwRfCJkrESWE5IoArruEoFcq8s8hLc8tJjuYschf9dwYGkn6WyWpJmORRrQJ2f-LP5avL0gP0K1Hi9NrNZDOoVllLXg50HF2pGffJts_EziWdU_UuD4-QAA/s1600/Ant%C3%B4nio_Parreiras_-_Jornada_dos_M%C3%A1rtires%5B1%5D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB_OWhzKuukB4b5bWxG8L9pwRfCJkrESWE5IoArruEoFcq8s8hLc8tJjuYschf9dwYGkn6WyWpJmORRrQJ2f-LP5avL0gP0K1Hi9NrNZDOoVllLXg50HF2pGffJts_EziWdU_UuD4-QAA/s1600/Ant%C3%B4nio_Parreiras_-_Jornada_dos_M%C3%A1rtires%5B1%5D.jpg" height="162" width="320" /></a></div>
<div align="center">
<span style="font-size: xx-small;"><em>A Jornada dos Mártires</em>, de Antônio Parreiras, retrata a passagem dos inconfidentes.</span></div>
<div align="center">
<span style="font-size: xx-small;">Imagens extraídas da wikipedia</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">O plano
final dos inconfidentes mineiros eram a Proclamação da República e a
Independência, mas foram traídos por Joaquim Silvério dos Reis.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">O
magistrado Alvarenga Peixoto, acostumado às negociatas graças ao cargo que
ocupava, só não delatou o plano antes de Silvério (a quem devia um dinheiro
emprestado) porque sua esposa, Bárbara Heliodora, intercedeu junto a ele com
muitas súplicas. Após o desfecho da condenação dos inconfidentes, o magistrado
imputou à sua esposa a desgraça por ter impedido a revelação.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Há quem
afirme, também, que o próprio Tiradentes, em uma de suas bebedeiras, tenha
feito alusão ao plano, esquecendo-se em seguida da confissão. Será que a senha
“É tal dia o batizado” fora revelada ainda numa mesa de bar?</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">José
Joaquim da Silva Xavier foi preso no dia 10 de maio de 1789. Logo depois, em 2
de julho do mesmo ano, seu amigo Cláudio Manoel Costa (em cuja casa se reuniam
os inconfidentes, inclusive Alvarenga Peixoto) foi encontrado morto na cela.
Causa oficial da morte: suicídio. Mais tarde, viria a verdade dos fatos: ele
fora assassinado, conforme afirmou o médico que o examinou. De fato: o
sargento-mor Parada e Sousa teria sido o autor do crime, e, um mês após a
morte, foram realizadas, em louvor a sua alma, mais de 30 missas na Igreja
Católica – que não realizava tal liturgia em caso de suicídio.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Tiradentes
chegou a ser interrogado 11 vezes. Negou nas três primeiras vezes, mas foi
levado a confessar sua culpa depois das degradantes técnicas inquisitoriais.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Após
três anos na prisão, viria a condenação formal. No dia 31 de outubro de 1791 o
Estado nomeou o advogado José de Oliveira Fagundes para fazer a defesa de todos
os réus, inclusive a dos falecidos. O causídico tinha 39 anos de idade e 13 de
profissão quando de sua nomeação.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Em 20
dias o defensor dativo havia feito as alegações finais, extrapolando os cinco
dias que lhe foram concedidos. Alegou que o grande número de réus (29, ao todo)
não lhe permitia cumprir taxativamente o prazo legal, pois tinha que discorrer
sobre cada um deles, individualmente, os quais estavam sendo acusados pelos crimes
prescritos no Livro V, Título VI, parágrafos 5º e 6º das Ordenações.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Eis
alguns dos argumentos/pedidos apontados pelo advogado:</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Quanto ao
réu Cláudio Manuel da Costa (falecido): pediu que lhe fosse relaxada a ordem de
sequestro sobre seus bens. No tocante a Tomás Antônio Gonzaga, alegou que o
mesmo não teve participação no caso, segundo estaria demonstrado nos autos, e
pediu sua total absolvição. Quanto a José de Alvarenga Peixoto, alegou que “nem
por carta nem por conversa e persuasão” o mesmo praticou o ato.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Os autos
foram conclusos ao julgador e, na madrugada de 17 de abril do ano seguinte
(1792) os réus foram acordados em seus confinamentos, de onde partiram para a
cadeia pública, para enfim tomarem conhecimento da sentença.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Os
desembargadores levaram 18 horas para redigir a sentença, tendo-a terminado às
duas horas da manhã do dia 19.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">De
acordo com a legislação vigente, nenhum condenado à morte poderia ouvir a
sentença sem a assistência de um religioso, que tinha a missão precípua de
convencer os réus a se arrependerem de seus pecados, bem como encomendar a alma
dos mesmos aos céus – além do conforme espiritual naquele momento moribundo.
Foram chamados às pressas 11 religiosos do Convento de Santo Antônio.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Um a
um, os condenados foram conduzidos à sala do oratório da cadeia. Quase não se
reconheceram: barbados, magros, desfigurados e deslumbrados pela luz. Ouvia-se
o tinir das pesadas correntes que traziam nos pés e mãos (e alguns no pescoço,
como era o caso de Tiradentes).</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">O
barulho que se fazia em decorrência dos cumprimentos e de algumas lamúrias foi
abruptamente interrompido com a entrada do desembargador Luís Alves da Rocha,
do oficial de justiça e dos 11 religiosos. Num canto de parede, Tiradentes
parecia o mais triste.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Inicia-se
a leitura da sentença (que durou duas horas) e, um a um, os réus ficaram
sabendo as exatas acusações que lhes pesavam. O magistrado começou afirmando
que o crime cometido por eles se tratava dos mais horrendos. Vamos a um trecho
da sentença em relação a Tiradentes:</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">“Condenam
ao réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha Tiradentes (...) a que, com
baraço e pregação, seja conduzido pelas vias públicas ao lugar da forca e que
nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a
cabeça e levada a Vila Rica, aonde, em o lugar mais público dela será pregado
em poste alto, até que o tempo a consuma, e o seu corpo será dividido em quatro
quartos e pregados em partes, pelo caminho de Minas, no Sítio de Varginha e das
Cebolas, aonde o réu teve as suas infames práticas e os mais nos sítios de
maiores povoações até que o tempo os consuma; declaram o réu infame e os seus
filhos e netos, tendo-os, e os seus bens aplicam para o Fisco e Câmara Real e a
casa em que vivia em Vila Rica será arrasada e salgada, para que nunca mais no
chão se edifique, e, não sendo própria, será avaliada e paga ao seu dono pelos
bens confiscados e no mesmo chão se levantará um padrão, pelo qual se conserve
em memória a infâmia desse abominável réu”.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Neste
exato momento da leitura Tiradentes parecia alheio. Concluída a leitura, os
religiosos se aproximaram dos condenados e ouviram lamúrias e queixas.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Logo em
seguida, José de Oliveira Fagundes, advogado dos réus, pediu vista dos autos.
Concederam-lhe o curto prazo de 24 horas para eventual recurso, cumprido
diligentemente pelo causídico.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Os
autos voltaram para o relator. Enquanto isso, foi determinado aos serventuários
que preparassem o ambiente para as execuções da pena.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">No dia
20 de abril, veio a decisão: recurso totalmente improvido. Mantinha-se a
sentença na íntegra, e determinou seu cumprimento, mas um trecho chamaria a
atenção: que, “a seu tempo, deferirá a declaração dos réus a respeito dos quais
se há de suspender a execução”.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Imediatamente
o advogado entrou com novo recurso. Desta vez, o incansável José de Oliveira
Fagundes apelou para a Bíblia. Assentiu que Deus, ao castigar Caim, não lhe
quis tirar a vida pelo crime contra a vida de seu irmão Abel, tendo optado por
não matar a Caim, mas por fazê-lo perecer de outra forma. O advogado retirava
do fundo do poço uma tentativa de comover os magistrados, consignando que os
réus “se acham penetrados de dor que os não permitirá respirar por muito tempo,
por verem a Soberana ofendida e em termos de purgarem em um sanguinolento e
fúnebre patíbulo, as suas maledicências”.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Novamente
o recurso não foi provido, mas a Alçada se mostrou confusa ante os fortes
argumentos da defesa.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Restando
meia hora para a execução, nova apelação: desta feita para a Rainha:</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">“Dizem
José Joaquim da Silva Xavier e outros RR., presos e condenados à pena última
que, vindos com Embargos à mesma condenação que lhes foram desprezados, e
porque querem por via de restituição de presos e miseráveis, deduzirem segundos
Embargos, concedendo-se-lhes para esse fim vistas. Pede a Vossa Majestade seja
servida conceder aos suplicantes a graça que imploram”.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">O
despacho judicial foi o seguinte: “Dê-se-lhe com meia hora. Rio, 20 de abril de
1792.”.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Na meia
hora que lhe foi concedida, o advogado de defesa escreveu três laudas. Vejamos
parte deste recurso:</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">“Provará
não havendo ainda de todo fechado aos RR, a porta desse Augusto Tribunal, onde
preside com a Justiça e a Piedade, a consideração dos delinquentes, tomam os
RR, prostrados com o peso dos erros que os oprimem, rompendo os soluços com que
os sufoca o temor da morte a clamar pela piedade de sua Augusta Soberana (...).
Provará que nestes termos e nos de direito, os presentes Embargos se hão de
receber e julgar provados para comutar-se a pena imposta aos RR., em degredo
perpétuo, onde justifiquem a sua emenda, que protestam neste tribunal,
recebendo-se para esse fim e julgando-se provados os presentes Embargos...”.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Já não
havia tempo para uma defesa técnica, restando ao advogado tão somente apelar
para o emocional.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Ao
meio-dia de 20 de abril o escrivão entrou na cadeia para ler a decisão do
recurso: novamente rejeitado em sua íntegra.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Neste
momento, os presos se achavam ao pé das paredes, ora gemendo, ora se
confessando com os religiosos. O barulho se confundia com o tinir das
correntes.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Quando
tudo parecia perdido, um desembargador se dirige pessoalmente ao presídio e
afirma que havia novo acórdão: somente Tiradentes seria executado à pena de
morte, enquanto os demais seriam condenados ao degredo perpétuo. E todos
gritavam: “Viva a Rainha!”. Todos menos um: Tiradentes, que se achava em
silêncio num canto de parede, até que encontrou forças para cumprimentar um a
um.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Depois,
Tiradentes se virou para o padre e disse: “Dez vidas daria se as tivesse, para
salvar as deles. Eu sou a causa da perdição desses homens, mas, felizmente, não
levarei nenhum comigo”. Antes da leitura da sentença, já teria dito: “Se Deus
me ouvira, eu só morreria e não eles”.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Agendou-se o dia seguinte para a execução: 21
de abril, exatamente um ano após a última execução. Não sendo isto, teria sido
no dia 20 de abril.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Nenhum
serventuário da Justiça quis preparar Joaquim José da Silva Xavier para a
execução. A solução encontrada foi chamar um célebre criminoso da época, que
também se achava preso. Tratava-se do presidiário Capitania.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Acompanhado
de dois meirinhos, trazia nos braços uma corda enorme e uma camisola branca,
conhecida como “alva dos condenados”. Consta que, por um instante, hesitou.
Percebendo a tristeza no gesto de seu algoz, Tiradentes proferiu as seguintes
palavras: “Ó meu amigo, deixe-me beijar-lhe as mãos e os pés”.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Assim
procedeu, vestindo em seguida a alva. Em seguida, exclamou aos presentes: “Meu
salvador morreu assim, nu, por meus pecados”.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Teria sido, em sua última hora, uma confissão pessoal a Cristo como
Senhor e Salvador de sua vida, como assinala a Bíblia?</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Eram
oito para as nove horas da manhã quando o condenado alcançou a rua. O povo
rezava e citava alguns salmos. No meio das vozes, um meirinho lia, em bom som
(cumprindo a sentença), “o horroroso crime de rebelião e alta traição”.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Havia
três anos que Tiradentes não andava, o que comprometeu sobremaneira seu
percurso, o que o fez parar por duas vezes, em cuja oportunidade aproveitou
para olhar para o céu e beijar a imagem de Cristo. Era seguidamente confortado
pelo frei Penaforte.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Chegado
ao local da execução, ordenou-se que fosse rezado um credo. Ouvia-se
nitidamente a voz do alferes orando. Em seguida, três vivas à Rainha. Após, a consumação.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-weight: bold;">Quatro
dias depois da execução, o mesmo advogado fez nova vista dos autos, no prazo de
24 horas, para tratar finalmente dos condenados ao degredo.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-language: HI; mso-fareast-font-family: "DejaVu Sans"; mso-fareast-language: HI; mso-font-kerning: .5pt;">Exatamente no dia 21 de
abril do ano seguinte (1793), o advogado José de Oliveira Fagundes receberia,
do Estado, a importância de 200$000 réis pela defesa dos inconfidentes.</span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 12pt 0cm 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-language: HI; mso-fareast-font-family: "DejaVu Sans"; mso-fareast-language: HI; mso-font-kerning: .5pt;">.</span></div>
Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-90941238595046297292013-06-17T22:52:00.000-03:002017-07-23T22:58:46.147-03:00HISTÓRIA DA NORMA PADRÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA<span lang=""></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span lang=""><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6nxrg0lZFnLrckZEJiOeN2sd8dXdjkp-C0Bjx1Yac0G_pMj6LhzdN0k34CbdbBYbOrbFWg2iwZZV1-1EMyrf0S1B_ut86OeC6pbJKfJXV2b_vKxE0jaxm_IQmBf9lwe8uP6NXlNJaCvo/s1600/norma+padr%C3%A3o.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="279" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6nxrg0lZFnLrckZEJiOeN2sd8dXdjkp-C0Bjx1Yac0G_pMj6LhzdN0k34CbdbBYbOrbFWg2iwZZV1-1EMyrf0S1B_ut86OeC6pbJKfJXV2b_vKxE0jaxm_IQmBf9lwe8uP6NXlNJaCvo/s320/norma+padr%C3%A3o.gif" width="320" /></a></span></div>
<span lang="">
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span lang="">
</span><span lang="" style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">No diálogo <i>Fedro</i>, Platão narra uma longa conversa entre o personagem que leva o título do livro e o famoso Sócrates. Minutos antes de Fedro iniciar o discurso de Lísias sobre o amor, ambos os personagens protagonistas da obra clássica de Platão discorrem ligeiramente sobre a relação entre erudição e regionalismo. Vamos ao diálogo:</span></div>
<span lang="" style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><span style="font-size: x-small;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">FEDRO: – Tu, porém, ó homem excêntrico, és o homem mais extraordinário que já se viu. Com tuas palavras, dás a impressão de um ser estrangeiro que necessita de um guia, e não um cidadão da Capital. Pouco sais da cidade e parece que nunca vais para fora dos muros.</span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
<span style="font-size: small;">
</span></span><div style="text-align: justify;">
</div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
<span style="font-size: small;">
</span></span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">SÓCRATES: – Perdão, meu ótimo amigo! Eu desejo aprender. Regiões e árvores, entretanto, nada me podem ensinar; <b>somente os homens da Capital me ensinam</b>. Mas tu pareces ter encontrado o meio de me levar para fora. Assim como se conduz uma rês faminta mostrando-lhe um ramo ou fruto, também a mim, se me acenares com um discurso ou um manuscrito, poderás me levar por toda a Ática ou para qualquer lugar aonde me queiras arrastar (...). [Grifamos]</span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span></span><span style="font-size: small;"></span><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></dir></dir></dir><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">A conversa dos dois não deixa dúvida: Sócrates (que nos seus 70 anos de vida pouco saiu da Capital Atenas) estava convencido de que na zona rural e nas cidades menores não havia produção de conhecimento que lhe interessasse. Para ele, somente os homens da Capital são instruídos e representam a elite do saber. A filosofia e, portanto, a capacidade de produzir ideias racionais é uma marca da Capital e não do Interior. O próximo passo será mesclar esse elitismo intelectual com <i>status</i> social.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">Durante mais de dois mil anos há intensa peleja no sentido de condicionar a linguagem à escrita. Esta, uma vez normatizada, exige daquela o dever de obediência: só devemos falar, do ponto de vista gramatical, aquilo que está assente na gramática normatizada.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">Essa tradição também começou com os gregos, embora o marco inicial tenha sido Alexandria (século III a.C.). As primeiras gramáticas vieram de lá e terminaram por influenciar, mundo afora, tudo aquilo que serve de parâmetro para registrar a elite da escrita de um povo. As consequências foram irreversíveis, como demonstra a própria história.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">Tudo teria sido iniciado na cidade que foi um grande centro de cultura grega: Alexandria, no Egito. De Homero ao terceiro século antes de Cristo a Grécia já havia constatado várias mudanças em sua própria língua, segundo alguns estudiosos daquela época. Partiu daí o desejo de normatizar a "pureza" da língua grega, antes que sua essência fosse "por água abaixo" através do processo de aculturação.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">A tarefa seguinte foi catalogar os grandes clássicos gregos e extrair deles a linguagem "perfeita", que serviria de modelo para as gerações futuras, principalmente para quem pretendesse escrever obras literárias em grego. Era o início da supremacia da escrita em relação à linguagem, uma vez que os parâmetros foram catalogados a partir da escrita e não a partir do que realmente era manifestado por meio da língua falada na época em que houve a catalogação acima mencionada. Isso viria influenciar o mundo, inclusive a língua portuguesa, como veremos mais adiante.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">O processo de aculturação entre gregos e romanos não se deu da noite para o dia, e certamente trouxe várias implicações culturais, principalmente para os romanos, que se convenceram do esplendor grego em matéria de arte (lembre-se de que "gramática" significa "a arte de escrever bem").</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">No século em que se deu o esfacelamento da República romana, este povo já havia absorvido a ideia de que a divisão de classes sociais passaria inevitavelmente pela observância de regras relacionadas com a linguagem (tanto escrita como falada). O próprio Senado romano difundiu a ideia de que aquela Casa se sentia privilegiada quando tinha entre seus representantes, senadores versados não só na arte grega como na arte de falar em público.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">O mesmo Senado e o governo imperial passaram a nomear chefes de departamentos pessoas com habilidade reconhecida em matéria de cultura, "sob o pretexto de que saberiam escrever os papéis oficiais em bela prosa", conforme atestam os escritores Philippe Ariès e George Duby, no primeiro volume da <i>História da vida privada</i>.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">A influência grega chegou a limites tão significativos, que nenhum romano poderia se dizer culto se não tivesse algum conhecimento sobre artes e sobre a história dos grandes escritores clássicos. Igualmente se cultivou a ideia de que o conhecimento das doutrinas filosóficas deveria fazer parte de toda retórica que tivesse a pretensão de entrar para o rol daquelas consagradas, o que levou os grandes centros de ensino a incentivar seus alunos à busca de obras clássicas, sem falar que gerou uma corrida às eloquentes conferências públicas, tudo como forma de adquirir conhecimento de história e de filosofia, agora essenciais na arte de convencer pela palavra e pela escrita.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">Todo romano que se prezasse deveria ter em sua biblioteca clássicos da literatura grega e romana. Também era elegante expor em suas residências e nos locais de trabalhos bustos de famosos da literatura clássica, um inegável retrato da diferenciação social.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">As classes superiores procuravam se diferenciar das inferiores por meio de um estilo de cultura e vida moral, cujos traços mais imponentes não poderiam ser alcançados pelos outros. É nesse desenrolar das ideias que entra a convicção de que todo homem culto teria que se apresentar publicamente observando também uma comunicação culta, gerando, consequentemente, a necessidade da observância das normas gramaticais. No dizer dos escritores antes mencionados:</span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span></span><dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><span style="font-size: x-small;"><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">(...) a forma correta dos intercâmbios verbais testemunha a capacidade das pessoas da classe superior de adotar a forma correta dos intercâmbios interpessoais com seus pares.</span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: x-small;">
</span></span></span></span></dir></dir></dir></dir></dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: xx-small;">Mais adiante, expondo suas opiniões sobre o tema em questão, os mesmos autores sentenciam de forma bastante objetiva:</span></div>
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><dir><dir><dir><dir><dir><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: xx-small;">A pessoa harmoniosa, formada por uma longa educação e moldada pela pressão constante de seus pares, vive perigosamente, supõe-se. Está exposta à ameaça sempre presente de ‘contágio moral’ por emoções anormais e por atos tidos como inadequados a sua posição pública, mas bem aceitos como habituais na sociedade inculta de seus inferiores.</span></div>
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span></span></span></dir></dir></dir></dir></dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: xx-small;">Não demorou e o antigo romano se convenceu de que a Administração Pública – que representava a excelência do <i>status</i> social (todo romano queria fazer parte dela) – deveria adotar o que havia de melhor em matéria de conhecimento. Surge aí a ideia de que o Serviço Público tem que selecionar o há de melhor; logo, somente as pessoas mais versadas devem ingressar no Setor Público.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-size: xx-small;">O contexto histórico de então já não comportava espaço para especulações, senão a firme certeza de que o administrador público deveria ser um homem culto, pois a Administração Pública (leia-se o Estado) representava o que havia de mais culto em matéria de conhecimento e comunicação. Logo, o próprio Estado solidifica a ideia de que o falar e o escrever corretamente são marcas inconfundíveis do próprio Estado, o que fortalece sobremaneira a relação entre a erudição e a observância da gramática normativa, relação esta que ainda se mostra vívida nos dias atuais.</span><span style="font-size: xx-small;"> </span></span></span></span></span></div>
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: xx-small;">
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: xx-small;">A Igreja Católica, que foi a única instituição a se equiparar (e em algumas situações a se sobrepor) ao Estado medieval, deteve o ensino por muitos séculos na Europa, valendo-se desse privilégio para impor seu ponto de vista.</span></div>
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: xx-small;">
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: xx-small;">O renascimento urbano e o advento da universidade trouxeram nova mentalidade ao homem medievo. Embora a Igreja tenha imposto seu modo de crer também pelo ensino, é pertinente ressaltar que ela não viu somente na educação a forma do mesmo homem medievo contestar os dogmas católicos, mas enxergou nela (na educação) uma alternativa para o progresso individual do ser humano, incrivelmente ainda em plena Idade Média. A prova disto está em um texto extraído do Cânon 18 do terceiro Concílio de Latrão (1179) no campo educacional:</span></div>
<dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: x-small;">
</span><dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: x-small;">
</span><dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: x-small;">
</span><dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: x-small;">
</span><dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: x-small;">
</span><span style="font-size: x-small;"><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">A igreja de Deus, como uma mãe piedosa, é obrigada a velar pela felicidade do corpo e da alma. Por esta razão, para evitar que os pobres cujos pais não podem contribuir para o seu sustento percam a oportunidade de <b>estudar e de progredir</b>, cada igreja catedral deverá estabelecer um benefício suficientemente largo para as necessidades de um mestre, o qual ensinará o clero da respectiva igreja e, sem pagamento, os escolares pobres, como convém. [Grifamos]</span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span></span></dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: x-small;">
</span></dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: x-small;">
</span></dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: x-small;">
</span></dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: x-small;">
</span></dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"></span><br />
<div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Parece estranho para muitos que a Igreja tenha declarado (como levado a efeito), ainda na Idade Média, medidas que relacionassem o estudo ao progresso pessoal. Em outras palavras, já no ano 1179 a Igreja concebia a ideia de que os estudos podem conduzir o ser humano a patamares mais elevados, ou seja, a um <i>status</i> social mais alto, o que é entendido (na época e ainda hoje) como um progresso a ser alcançado por todos os seres humanos.</span> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Esse <i>status</i> passou a ser objeto de desejo pelos estudantes universitários da Idade Média, os quais enxergaram na vida acadêmica outras razões plausíveis: tabelamento de preços locatários para estudantes universitários, isenção fiscal e militar (e em relação às custas judiciais), dentre outros privilégios.</span><span style="font-size: small;"> </span></span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><br />
<div align="justify">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">Houve uma corrida aos assentos universitários, tanto que entre 1200 e 1400 surgiram mais de 50 universidades na Europa. O Direito (e depois Medicina) logo passou a ser o curso mais concorrido e havia duas razões óbvias para essa escolha: grande possibilidade de ingressar no serviço público e o indiscutível estrelato social (com a respectiva elevação do <i>status</i> social).</span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Mais uma vez temos o registro histórico de que a Administração Pública é vista como um lugar de excelência, retratada como o viveiro de intelectuais, embora distante ainda do <i>status</i> atribuído por Kant séculos depois.</span><span style="font-size: small;"> </span></span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Assim, o passar dos séculos não quebrou a antiga tradição que relacionava o saber humano com a ideia de grandeza e cultura social. Antes, só estimulou essa relação e inseriu no homem medieval a mentalidade que apontava para o fortalecimento dessa pirâmide social, formada a partir de estratos bem definidos, dando ares de grandeza aos estudantes de Direito, que passaram a integrar o topo dessa pirâmide social.</span><span style="font-size: small;"> </span></span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">A Idade Moderna, já invadida pelos temas renascentistas, trouxe outras novidades em matéria de gramática. Vale ressaltar, porém, que o Renascimento propagou de forma convicta o pensamento clássico, dando à literatura grega e à romana posição de destaque em relação ao que havia sido produzido na Idade Média.</span><span style="font-size: small;"> </span></span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Foi também durante o início da Idade Moderna que temos na Europa o processo de colonização de vários países da África e da América, dentre os quais o Brasil.</span><span style="font-size: small;"> </span></span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">De acordo com a cronologia de que dispomos, as primeiras gramáticas de língua portuguesa foram produzidas logo após os grandes descobrimentos, dentre as quais a <i>Gramática da linguagem portuguesa</i> (1536, de Fernão de Oliveira) e a <i>Gramática da língua portuguesa</i> (1540, de João de Barros).</span><span style="font-size: small;"> </span></span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">De acordo com alguns pesquisadores, no dizer do professor Marcos Bagno, "O trabalho dos gramáticos renascentistas visava, portanto, criar um modelo de língua que servisse como mais um dos muitos instrumentos de dominação sobre as novas terras (e população) conquistadas". Esse pensamento é fortalecido quando Nebrija (um dos primeiros gramáticos espanhóis) defende a necessidade de ensinar a língua aos "bárbaros". Ou seja, não éramos povos considerados civilizados, uma vez que "civilizado" passava necessariamente por atender ao modelo europeu, impregnado pelas ideias mais preconceituosas possíveis.</span><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;"> </span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span></span><br />
<div align="JUSTIFY">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">No Brasil, o que se viu nos séculos que se seguiram ao XVI foi uma miscigenação de linguagens, de modo que não tínhamos um linguajar normatizado, mesmo com todo o empenho de Portugal em fazer de nosso país uma pacata filial em matéria de língua falada.</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></span></div>
<span style="font-size: small;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span></span><br />
<div align="JUSTIFY">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">Padre Antônio Vieira (século XVII) escandalizou Lisboa ao falar um sotaque brasileiro e não português. Ele próprio fazia questão de ensinar aos estrangeiros que chegavam à Bahia a língua "brasílica" e, de acordo com Afrânio Coutinho, "no final de vida, em 1695, (...) reconhece Vieira a existência de uma realidade linguística brasileira". Ou seja, já no final do século XVII o Brasil possuía uma língua própria, divergente de Portugal e, portanto, não havia justificativa suficientemente forte para impor ao nosso país uma gramática normativa portuguesa, senão o caráter colonialista existente.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></span></div>
<span style="font-size: small;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span></span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">A realidade linguística de nosso país naquele tempo remoto incomodou Portugal, e a prova irrefutável dessa afirmação aponta para o ano 1759, quando Marquês de Pombal, após silenciar os jesuítas, obrigou o Brasil a adotar a gramática portuguesa.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></span></div>
<span style="font-size: small;">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">Os professores régios que se deslocaram para cá vieram não somente com a missão de substituir os jesuítas e de impor a gramática normativa portuguesa, mas inserir em nossa mente a ideia de que nosso conteúdo programático deveria ser o mesmo adotado na Europa, razão por que ainda hoje a matemática é exigida até mesmo para selecionar estudantes nas áreas das ciências humanas, indiscutivelmente uma herança renascentista, que buscou nos Gregos (diga-se, nas ideias de Platão, que por sua vez as colheu de Pitágoras) a premissa de que todo saber humano passa necessariamente pelo conhecimento de matemática.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">Com o processo de independência do Brasil, a partir de 1822, os brasileiros que estudavam em Portugal passaram a ser alvo de diversas críticas e perseguições de estudantes (e até de professores) portugueses. Essa condição forçou o governo brasileiro a criar faculdades no país, daí o surgimento de dois cursos de Direito em 1827, um em São Paulo e outro em Olinda.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">Na referida época, os brasileiros que retornaram das universidades europeias trouxeram em suas mochilas os ideais libertários protagonizados pela Revolução Francesa e pela Independência dos Estados Unidos, sem falar que estavam totalmente inclinados à crença de que a Europa representava verdadeiramente a raça humana no quesito "civilização".</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">Assim, era sinônimo de elegância e <i>status</i> social não só se vestir como os europeus, mas também usar a linguagem gramaticalmente correta. Esse ponto de vista, no entanto, teve seus momentos de contestação, protagonizado no século XIX pelos cearenses José de Alencar e Capistrano de Abreu.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">O rompimento de D. Pedro I com seu país natal não atingiu o emprego da gramática, a mesma usada em Portugal, e juntamente com ela a crença de que todo brasileiro culto tinha a obrigação de conhecer a língua portuguesa, o que fez perpetuar a tradicional relação entre o uso da gramática normativa e a posição social.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">Da mesma forma como aconteceu na época do Concílio de Latrão, o estudante de Direito no Brasil do século XIX, ao ingressar na faculdade, tinha em mente o Setor Público, certeza de prestígio social e de um bom dinheiro mensal.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span><div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">Além dos motivos acima mencionados, outro contribuiu sobremaneira para perpetuar o emprego no Brasil da gramática normativa portuguesa: o aspecto cívico-moral. Vejamos o que diz o professor Marcos Bagno:</span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span></span><dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
</span><dir><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><span style="font-size: small;">Não é por acaso que, ao longo do tempo, foi se criando a ideia de que ‘saber gramática’ era um ‘valor moral’ ou ‘dever cívico’ e que a pessoa que sabia ‘se expressar bem’ era, quase automaticamente, uma pessoa boa, idônea, de caráter limpo, amante de seu país, cumpridora de seus deveres, respeitosa das instituições etc. Essa associação moralista entre ‘a Língua’ e valores cívicos se encontra, por exemplo, nesta passagem de Rui Barbosa (1849-1923): ‘Uma raça cujo espírito não defende o seu solo e <i>o seu idioma</i> entrega a alma ao estrangeiro, antes de ser por ele absorvida’.</span> </span>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">
</span></span></div>
</dir></dir></dir></dir></dir><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"></span><br />
<div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">E por falar em Rui Barbosa, alguns estudiosos entendem que ele e seu renomado professor de língua portuguesa, Carneiro Ribeiro, (curiosamente um graduado em Direito e o outro em Medicina) protagonizaram o golpe final em toda pretensão de se criar uma gramática normativa brasileira. Ambos escreveram, durante vários anos, milhares de páginas acerca das formas gramaticalmente corretas segundo a norma padrão da língua portuguesa, resultado de um longo debate travado em torno dos textos apresentados por Clóvis Beviláqua na minuta do primeiro Código Civil brasileiro, o que fortaleceu a premissa de que o homem versado na língua portuguesa está mais apto a interpretar as próprias leis de seu país.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span></div>
<div align="JUSTIFY">
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">Desta forma, embora o século XX tenha levantado vários brasileiros (como Herbert Parentes Fortes) em prol de uma gramática normativa do Brasil, o que prevaleceu foi a antiga tradição, embora o pensamento contrário se mostre racional, sinteticamente reduzido na frase de Said Ali "Os nossos gramáticos depois de assentarem que registram fatos criam regras inflexíveis" e na frase de Marco Bagno: "Querer cobrar hoje em dia, a observância dos mesmos padrões linguísticos do passado é querer preservar, ao mesmo tempo, <i>ideias, mentalidades e estruturas sociais</i> do passado".</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;"> </span></div>
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: small;">
Não obstante a pressão racionalista dos opositores da gramática tradicional, o que prevalece oficialmente no Brasil é a obrigatoriedade da Administração Pública de observar à risca todas as regras dessa mesma gramática, o que faz com que os servidores do Setor Público continuem atentando para o que ainda hoje é retratado como língua culta – nomenclatura equivocada, diga-se oportunamente, pois "culto" e "cultura" são indissociáveis; logo, dizer que fulano não fala uma língua culta é dizer que a língua falada por fulano é desprovida de cultura, o que é um gravíssimo erro do ponto de vista antropológico, daí a tendência para se chamar norma padrão e não norma culta.</span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms";">.</span><br />
<br />
<div align="justify">
</div>
Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-18990071758291135172012-12-16T16:58:00.000-03:002013-11-30T21:52:07.498-03:00PAPAI NOEL: SUA ORIGEM E SUAS CONTROVÉRSIAS<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaVMSmoN3SvKHVxpghEkZhhUNW7Q8XdYf_urG64-WfGo5F2PKM2TR9ZfUFhyphenhypheniKGtwYU6KUyolW6VR_Nkk4WGBVD2OnMp2ESFNdn_1fA7v-q7WCUt2OV__N8iPT2uBEVGvPAO3Utv3-cDs/s1600/Papai+Noel.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaVMSmoN3SvKHVxpghEkZhhUNW7Q8XdYf_urG64-WfGo5F2PKM2TR9ZfUFhyphenhypheniKGtwYU6KUyolW6VR_Nkk4WGBVD2OnMp2ESFNdn_1fA7v-q7WCUt2OV__N8iPT2uBEVGvPAO3Utv3-cDs/s320/Papai+Noel.jpg" width="301" /></a></div>
<span style="color: #351c75; font-family: inherit; font-size: x-small;">Nessa matéria você lerá, dentre outras curiosidades, sobre: <strong>(1)</strong> de onde vem a brincadeira de amigo oculto; <strong>(2)</strong> a origem do Papai Noel depois de Nicolau; <strong>(3)</strong> a primeira vez que o cinema retratou esse personagem; <strong>(4)</strong> como o protestantismo conviveu com o Natal e com o Papai Noel durante a Reforma, durante o século XIX e a partir do início do século XX; <strong>(5)</strong> como a Igreja Católica estimulou a morte do Papai Noel;<strong> (6)</strong> os primeiros estudos acadêmicos sobre a necessidade ou não de se manter a ficção do Papai Noel;<strong> (7)</strong> como a OMS cuidou do caso na década de 1950; <strong>(8)</strong> a origem da relação entre a Coca-Cola e o Papai Noel.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Já vimos noutras matérias que Jesus nasceu “antes de Cristo”; que o Natal foi oficializado no século IV, com o aparente objetivo de sufocar a festa pagã chamada Sol Invictus, comemorada no dia 25 de dezembro; agora, vamos contar os bastidores do surgimento e ascensão de Papai Noel.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Inicialmente vale ressaltar que, nos primeiros séculos, várias comunidades cristãs não eram favoráveis à comemoração do Natal, tanto que Orígenes, no século III, posicionou-se abertamente contra as festas comemorativas do aniversário de Jesus, assentindo que tal procedimento faria de Cristo um tipo de faraó, ou seja, uma divindade humana. Outros, no entanto, defendiam que, se o “mundo” via razões de sobra para honrar seu imperador, muitos mais motivos tinha a comunidade cristã para comemorar o nascimento daquele que seria o salvador da humanidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
O mundo romano, por sua vez, enxertado em seu paganismo histórico, valorizava sobremaneira as festas de finais de ano, notadamente a Saturnália, cujo início se dava em 17 de dezembro. Na ocasião, as casas eram cuidadosamente enfeitadas, havia brincadeiras, troca de presentes, jogos, tréguas de brigas, banquetes, homens se vestindo de mulher, etc.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
A troca de presentes no Natal, ainda apreciada nos dias de hoje (veja, por exemplo, as brincadeiras de amigo secreto), fora veementemente combatida por um bispo católico no início do ano 400. O bispo dizia, por exemplo, que a “festa ensina até mesmo as crianças bem pequenas, ingênuas e simples, a serem gananciosas, e acostuma-as a irem de casa em casa e a oferecerem novos presentes...”.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Por mais que várias autoridades da Igreja tenham tentado acabar com as festas de fim de ano, a tradição persistiu na Idade Média e chegou aos dias de hoje com bastante força, como já assinalamos acima. De nada valeu um édito londrino do século XV, através do qual se proibiu pedir presentes de Natal em Londres.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas o Papai Noel, quando e como entra nesta história? Para começar, o bom velhinho (trajado de Nicolau) só passa a se relacionar com o Natal em torno de mil anos depois do início da referida festa. Os primeiros registros mostrando um presenteador mágico na época do Natal apontam para o século XII. Nicolau (santo católico), falecido supostamente em 6 de dezembro de 343, vivia, no século 12, sob a fama de ser um santo milagreiro.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Nicolau, sabendo que um pai se achava impossibilitado de prover o dote de suas três filhas, decide entregá-las à prostituição e à escravidão. O santo consegue, em três noites consecutivas, atirar sacos de ouro na casa das três filhas, livrando-as, assim, do infortúnio que se avizinhava. O pai, descobrindo a atitude de Nicolau, espalha sua bondade, embora tivesse sido advertido para não divulgar o milagroso feito.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Curiosamente, é também no século XII que se propaga a forma de presentar como o concebemos hoje, quando freiras francesas, tentando homenagear o santo protetor das criancinhas, deixa secretamente presentes nas casas das crianças pobres na véspera do dia de São Nicolau.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Gradativamente, o santo é incorporado no psicológico social cristão, e passa a ser visto como o presenteador infalível nas noites de Natal (ainda não recebia o nome de Papai Noel). Só havia uma única condição para não ser presenteado na madrugada natalina: a desobediência aos pais durante o ano inteiro. Com isto, os pais tinham em suas mãos um forte motivo para invocar a obediência por parte de seus filhos. Estes, por sua vez, comumente dirigiam ao santo as mais variadas petições: “São Nicolau, protetor das crianças boas, eu me ajoelho para que o senhor interceda. Ouça a minha voz através das nuvens e esta noite me dê alguns brinquedos. O que mais quero é uma casa de bonecas com flores e pássaros, uma montanha, uma campina e carneirinhos bebendo água do regato”, dizia uma delas.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
O Natal era, então, aguardado ansiosamente pelas criancinhas, que tinham o hábito de colocar sapatos ou meias embaixo da cama, a fim de que os presentes fossem colocados dentro dos mesmos. Comumente havia casos em que crianças não eram presenteadas na noite de Natal. Em vez de um presente, uma vara era colocada dentro do sapato, significando que o presenteador Nicolau estava triste com a referida criança. A vara, no caso, era sinal de disciplina. Logo, o santo era visto sob o dualismo benevolência x disciplina. Nicolau tinha tanto de misericordioso quanto de punitivo, e tal fama durou muito séculos, inclusive na Idade Moderna.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Já no final da Idade Média houve, por parte de membros da Igreja, quem enxergasse a necessidade de substituir o bom Nicolau pelo Menino Jesus. A fama, então, deveria ser transferida para o “filho de Deus”, a quem cabia, por mérito, a boa fama. Por razoável tempo coexistiram os dois presenteadores natalinos em questão. O reformador Martinho Lutero, por exemplo, chegou a declarar em 1532: “É isso o que fazemos quando ensinamos nossas crianças a jejuar e rezar, e a pendurar suas meias para que o Menino Jesus e São Nicolau possam lhes trazer presentes. Mas, se não rezam, elas não ganham nada, ou então ganham apenas uma vara e maçãs de cavalo [cocô]”.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, o advento do protestantismo trouxe sérias acusações contra as tradições de então, notadamente a de comemorar o Natal e a de acolher seu respectivo presenteador natalino. Nos países onde a fé calvinista teve maior destaque, não somente o santo como o próprio Natal foi banido. Na Escócia e na Inglaterra puritana, por exemplo, foram promulgadas leis que proibiram incondicionalmente o Natal e o ato de se presentear na referida data, pelo menos de 1645 a 1660. No mesmo período, deixar de trabalhar e ficar em casa no dia 25 de dezembro, ir à igreja para cantar músicas natalinas ou mesmo se reunir com a família em momento festivo poderia resultar em multa ou mesmo em prisão. Havia forte fiscalização no sentido de proibir em definitivo qualquer comemoração que relembrasse o Natal.</div>
<div style="text-align: justify;">
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<div style="text-align: justify;">
Houve casos em que foram registradas inclusive atitudes extremistas: mulheres condenadas e presas por dançarem na noite de Natal; padeiros que fizeram o pão natalino foram arrastados aos tribunais e julgados; aplicação de multas por suspeitas de comemoração; excomunhão para os relutantes. Um ministro calvinista chegou a dizer que comemorar o Natal é a mesma coisa que fornicar. O período natalino nos países protestantes (principalmente calvinista) do final do século XVII se tornou reconhecidamente propício a uma série de punições, muitas das quais manifestamente extremistas.</div>
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O período que vai da Renascença à Revolução Industrial só fez ampliar o número de presenteadores natalinos. Nicolau e o Menino Jesus haviam perdido tal monopólio. Desta vez outros elementos sobrenaturais passaram a cumprir a mesma função: fadas, espantalhos, feiticeiras, figuras fantasmagóricas vestidas de branco, anjos (até demônios com correntes). Mas nenhum conseguiu ocupar a proeminência de Nicolau.</div>
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No início do século XIX (por volta de 1809), São Nicolau dá indícios de que irá perder, de vez, o posto para outro velhinho: o Papai Noel. A razão encontrada parecia óbvia: Nicolau era caridoso, mas também punitivo. Costumeiramente castigava as criancinhas por suas travessuras. Estava na hora de se aposentar. Entra em cena o bom velhinho que conhecemos hoje. Papai Noel é retratado sobrevoando uma cidade num carroção (depois se converte num trenó) na noite natalina, depois descendo pelas chaminés. Esta invenção vem dos Estados Unidos e só aos poucos é que a Europa aceita a substituição proposta pelos americanos.</div>
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Os passos seguintes vieram com a imaginação de poetas e cartunistas. Em 1810 aparece a primeira menção impressa do vocábulo Papai Noel, escrito num poema de 15 de dezembro do mesmo ano. Os anos e as décadas seguintes deslancharam o velhinho presenteador, dando-lhe um rosto, um corpo, um comportamento peculiar, uma longa barba. Um poema de 1844 dizia que ele tinha um metro e meio de altura e sua morada era numa árvore (esta, a árvore natalina como conhecemos hoje, tem origem por volta de 1184).</div>
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Num poema de 26 de dezembro de 1857, pela primeira se tem maior nitidez de suas vestimentas: Papai Noel é descrito como um homem gordo, vestido de vermelho e ornamentado de branco e com longas botas pretas. Sua residência é descrita num castelo polar, com uma inscrição na entrada que dizia: “Aqui não entra ninguém que fica na cama até tarde”. No mesmo poema o autor dizia: “Todos os que esperam uma meia cheia de presentes não devem perder muito tempo brincando; tenham sempre em mente os livros e o trabalho e levantem-se ao raiar do dia”. Estava aqui, a velha tática de controlar aqueles que pretendiam receber presentes na noite de Natal.</div>
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Em 1869 novos poemas trazem algumas inovações sobre Papai Noel. Sua morada é reafirmada como sendo no Polo Norte. Ele é dono de uma luneta, capaz de vigiar todas as crianças do mundo; possui um livro para registrar todos os pedidos que lhe são dirigidos e ainda é mostrado cingido por um cinto largo, o mesmo usado nos dias de hoje.</div>
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Nas três últimas décadas do século XIX os Estados Unidos sentiram de perto o alto prestígio do Papai Noel e das festas natalinas. A chaminé, porta de entrada do bom velhinho, passou a ser alvo inevitável de visitas das crianças na noite de Natal. Durante todo o dia 24 de dezembro e principalmente antes de dormir, elas se aproximavam da chaminé, ora gritando, expondo seus pedidos, ora fazendo suas petições em silêncio, como se o Papai Noel fosse um ser onipresente e onisciente, capaz de, num só instante, estar em todos os lugares ao mesmo tempo e capaz de anotar um a um e de uma só vez todos os pedidos que lhe eram dirigidos.</div>
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No início da década de 1850 surgem os primeiros cartões de Natal impressos. Poucos anos após a criação do cinema, o personagem fictício já havia conquistado as telas em preto e branco: um filme chamado Santa Claus, de 1899, trazia em seu catálogo a seguinte descrição: “Nesse filme vocês verão o Papai Noel entrar na sala pela lareira e em seguida arrumar a árvore. Então ele enche as meias que as crianças penduraram previamente no console da lareira. Depois de caminhar para trás e conferir tudo o que fez, ele subitamente se arremessa para a lareira e desaparece subindo pela chaminé. Esse filme surpreende a todos e deixa as pessoas imaginando como o velhinho desaparece”.</div>
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A fama era tanta que muitas igrejas protestantes, historicamente hostis ao Papai Noel e às comemorações natalinas, voltaram não só a celebrar o Natal como também a convocar o bom velhinho a estar presente em vários momentos festivos das igrejas. A partir de 1850, essas mesmas igrejas passaram a usar o lendário Papai Noel nas escolas dominicais, assim como toda a indumentária natalina (árvore e presentes). Três décadas depois, essas igrejas já pareciam aceitar numa boa a presença do bom velhinho em algumas de suas liturgias, notadamente nas escolas dominicais. Tudo tinha uma explicação lógica: todo esse espetáculo proporcionou um grande aumento na frequência daqueles que visitavam principalmente as ditas escolas dominicais, bastante em voga na segunda metade do citado século, uma vez que elas (as igrejas) enxergaram no novo método (escola dominical) uma forma eficiente de levar o conhecimento bíblico a todos os visitantes.</div>
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É de se estranhar, talvez, essa mudança de visão das igrejas protestantes em poucas décadas. Meio século antes, líderes evangélicos chegaram a declarar: “A palhaçada que nessa ocasião acontece em algumas das igrejas, sob o ministério de um tipo de professores mercenários, e as ideias pueris e superficiais propagadas por via desse meio corrupto e interesseiro, referentes à natureza e ao modo da redenção cristã, são maravilhosamente calculadas para ampliar a esfera da estupidez e para aumentar as sombras da escuridão moral sobre a mente da humanidade”.</div>
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Mas, segundo alguns especialistas que estudaram o protestantismo americano do século XIX, vários líderes religiosos passaram a valorizar a conversão pessoal em Deus e não necessariamente a forma estereotipada de como se processava essa conversão. Daí justificarem que as festas natalinas eram apenas um chamariz, uma forma de seduzir aqueles que outrora se achavam hostis à própria religião.</div>
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Coincidentemente, o desenvolvimento econômico e social dos Estados Unidos no final do século XIX e início do século XX parece ter mexido com a cabeça das crianças. Em 1897, um periódico comparou dois pedidos feitos ao Papai Noel, um chamado de “antiquado” e o outro de “moderno”. O primeiro, escrito sob a luz de um lampião de querosene, diz: “Papai Noel, por favor, me traz um trenó novo e uma faca e um saquinho de doces, pois eu estou tentando ser um bom menino”. O segundo, escrito à luz elétrica, diz: “Querido Papai Noel, quero uma bicicleta e uma carruagem com cavalos, um iate e é bom você me trazer outro revólver porque o meu é muito pequeno”.</div>
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Na década de 20, quando a Coca-Cola sofria pesadas críticas feitas pela União Cristã Feminina da Temperança, pelo Governo Federal e por outros críticos por causa da fórmula de seu refrigerante (um senador chegou a declarar que coca-cola causava esterilidade nas mulheres, sem contar que era capaz de dissolver “as capacidades mental e digestiva e tecido moral”), ela decidiu investir pesado invocando o Papai Noel na pretensão de ser vista com outros olhos pela comunidade americana. Surgiu, aí, a tradição que dura ainda nos dias hoje: a íntima relação entre a Coca-Cola, o Natal e o Papai Noel.</div>
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Mas nem tudo são flores. Embora sempre criticado em toda a sua existência, as primeiras críticas acadêmicas surgiram por volta de 1896. Uma universidade americana fez estudos e concluiu que não parecia bom manter essa mentira junto às criancinhas. Dois anos antes, um inglês refletiu sobre a importância de manter ou não essa tradição em seu país, e concluiu, levando em conta as recentes mudanças sociais da Inglaterra que já havia chegado a hora de acabar com a tradição de manter vivo o Papai Noel. Ele declarou:</div>
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<span style="font-size: x-small;">“Acredito que haja algum benefício no uso de todas essas tradições enquanto elas vivem e, se assim for, devemos mantê-las vivas; mas em sua maioria elas são por natureza perecíveis. Morrem porque já fizeram tudo o que estavam destinadas a fazer, e também para deixar espaço para formas novas e melhores da velha vida. Precisamos enterrar o que está morto, e não fazer de conta que essas coisas ainda estão vivas e galvanizá-las num falso aspecto de vida. Fazemos muitas asneiras, isso é inegável; permitimos que morram – ou até nós mesmos destruímos – muitas coisas que ainda continham vida, e continuamos tentando manter vivas muitas coisas que já morreram há muito tempo e aborrecem a todos, inclusive a nós mesmos".</span></div>
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Pouco depois, a Rússia comunista empreende os mais consistentes esforços no sentido de banir em definitivo tudo o que estivesse associado à religião, inclusive o Natal e o velho Papai Noel. Vendedores de árvores de Natal eram presos; igrejas foram fechadas; ícones religiosos quebrados; profissionais que participavam de festas natalinas eram expulsos de seus sindicatos. No dia 25 de dezembro, o golpe de misericórdia: as crianças eram obrigadas a assistir a filmes e concertos antirreligiosos. A festa de Natal havia sido transferida para 31 de dezembro, com uma nova roupagem, inclinada exclusivamente para tudo que fosse contrário à religião.</div>
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A ofensiva não vinha, no entanto, somente de países ateus, como a Rússia. A própria Igreja Católica, em 1951, protagoniza algo que até então parecia improvável: um de seus templos franceses promoveu, em dezembro do mesmo ano, a queima pública de Papai Noel. O ato chamou a atenção do mundo, mas a explicação parecia óbvia: o velho bonzinho havia chegado longe demais: seu notório prestígio junto às famílias havia deixado de lado outros símbolos considerados pela Igreja como mais importantes, dentre os quais o presépio e o Menino Jesus. Tal ressentimento se justificava pelo fato de que, segundo a explicação local, o Papai Noel americano representava, na interpretação do estudioso Gerry Bowler, “a paganização de uma importante festa cristã e era mito destituído do valor religioso; e era um herege e um usurpador”.</div>
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Assim, o Papai Noel foi queimado ao vivo, na presença de 250 crianças. A Associação Cristã dos Moços (ligada à igreja local) emitiu uma nota que dizia: “Desejosos de combater as mentiras e as histórias falsas, queimamos esse Papai Noel. A intenção não foi fazer uma demonstração esportiva ou comercial, mas sim proclamar alto e bom som que as mentiras não podem despertar o sentimento religioso de uma criança e absolutamente não são um método de educação para a vida”.</div>
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Daí em diante, muitas igrejas protestantes passaram a fazer uma nova reflexão sobre a necessidade ou não de preservar essa tradição. Em 1975, uma igreja da Flórida promoveu um linchamento de duas imagens de Papai Noel. Cinco anos depois, outra igreja simbolizou o julgamento do velhinho, acusado de fraude e perjúrio, tendo o réu sido condenado e em seguida enforcado.</div>
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Um folheto na Carolina do Norte (não sabemos seu autor) chegou ao extremo e apresentou Papai Noel como sendo o próprio Diabo e acabou incluindo um poema chamado “Ho! Ho! Ho!”, que dizia: “O Diabo tem um demônio, o nome dele é Papai Noel. Ele é um demônio velho e sujo (...) Um dia eles vão se apresentar diante de Deus, sem o seu saco de bugigangas (...) condenados para o Inferno eterno, onde não haverá Ho! Ho! Ho!”.</div>
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As pesadas críticas se fizeram acompanhadas não somente de membros ligados à religião. O primeiro diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a declarar no início da década de 1950 que iria levar o caso do Papai Noel para as Nações Unidas, com o fim de privar as crianças de todo tipo de ficção capaz de incutir em suas mentes ideias completamente distanciadas da realidade. Em décadas posteriores, houve casos em que os professores chegaram a proibir que seus alunos fossem cumprimentados com a frase “Feliz Natal”. Não vingou, e a tradição persistiu.</div>
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Finalizamos esta matéria com uma frase dita por um pai ficcional, publicada em 1856, quando ele chega para sua esposa e diz: “A partir de agora o Natal deve ser uma instituição em nossa família! (...) Sou um homem melhor por causa do que fiz na noite passada e da diversão inocente de hoje. Sinto-me vinte anos mais jovem e cinquenta pontos mais feliz. Compensa, minha querida, compensa!”.</div>
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<strong>Resumidamente, temos</strong>: <span style="color: #351c75;"><strong>(1)</strong> as brincadeiras de amigo oculto no final de ano tiveram origem no paganismo romano; <strong>(2)</strong> as comemorações do Natal são antigas e coexistiram no tempo com as festas pagãs com significados parecidos; <strong>(3)</strong> as origens de um presenteador natalino remontam ao começo do século XII, e estão diretamente associadas a São Nicolau; <strong>(4)</strong> a origem do Papai Noel como o concebemos hoje remonta às primeiras décadas do século 19, nos Estados Unidos; <strong>(5)</strong> as igrejas protestantes ora repudiaram o Papai Noel e as festas natalinas, ora os receberam de braços abertos de acordo com as conveniências teológicas e pedagógicas.</span></div>
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<strong>Leia também</strong>:</div>
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Jesus não nasceu em 25 de dezembro:</div>
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<a href="http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com.br/2010/12/jesus-nao-nasceu-no-dia-25-de-dezembro.html">http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com.br/2010/12/jesus-nao-nasceu-no-dia-25-de-dezembro.html</a></div>
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Sábado ou domingo?</div>
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<a href="http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com.br/2012/04/sabado-ou-domingo-documentos-historicos.html">http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com.br/2012/04/sabado-ou-domingo-documentos-historicos.html</a></div>
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A conversão de Constantino ao cristianismo:</div>
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<a href="http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com.br/2010/05/carta-de-constantino-rei-persa-pode-ser.html">http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com.br/2010/05/carta-de-constantino-rei-persa-pode-ser.html</a></div>
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Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-64088634881351158832012-04-22T20:44:00.009-03:002016-04-30T22:53:14.540-03:00SÁBADO OU DOMINGO? DOCUMENTOS HISTÓRICOS REVELAM A CRENÇA DO CRISTIANISMO PRIMITIVO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_emqBpuT7frZt1BxcspFK38DkZH5c0DakWdMWJe47uJIlQ_zb-W9DaMaAOq-ACFkcSnOsVZ5nh6tKYxe98lXSJXuI9PiMn6ipYWITPvJUZuBuCVTmQsOcUlQcQdsO9Gh-TtGAPM318r4/s1600/santo-sabado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_emqBpuT7frZt1BxcspFK38DkZH5c0DakWdMWJe47uJIlQ_zb-W9DaMaAOq-ACFkcSnOsVZ5nh6tKYxe98lXSJXuI9PiMn6ipYWITPvJUZuBuCVTmQsOcUlQcQdsO9Gh-TtGAPM318r4/s320/santo-sabado.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Devemos guardar o sábado ou o domingo? A igreja primitiva guardava um dos dois dias? O que nos dizem os documentos históricos? O que podemos extrair da história do cristianismo nos seus primeiros séculos de existência? Constantino foi mesmo o grande responsável pela mudança do sábado para o domingo?</div>
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</div>
<div style="text-align: justify;">
Essa velha disputa entre sabatistas e dominicais tem pelo menos o marco cronológico em que não se questionava a guarda do sábado como sendo o dia sagrado, conforme os termos bíblicos. Pode-se dizer, seguramente, que antes da morte (e ressurreição) de Jesus Cristo não se reivindicava a utilização do domingo com essa finalidade. A questão estaria, pois, a partir de sua morte (e ressurreição), quando deu início a saga cristã.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><u>Quando, enfim, o cristianismo primitivo passou a adotar o domingo em substituição ao sábado?</u></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os sabatistas alegam que foi a partir de Constantino, notadamente porque a fundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Ellen White (1827 – 1915), sustentou que foi o referido imperador romano o grande vilão, sendo o falsário e o maior responsável por esse embuste.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma coisa pelo menos é certa: Constantino deu a palavra final, decididamente capaz de manter, no seio da nova igreja, o costume de se guardar o domingo e não mais o sábado. No entanto, parece ser, do ponto de vista histórico, uma acusação precipitada no que concerne à afirmação de que ele teria sido seu grande inventor, ainda que movido pelas muitas razões políticas e religiosas da época – a exemplo da criação do Natal em 25 de dezembro, uma clara tentativa de sufocar a festa pagã do culto ao Sol Invictus, patrono oficial de todo o Império romano a partir do governo de Aureliano (270 – 275).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, antes mesmo de trazermos alguns textos históricos, fica a observação de que a questão da adoção do domingo como dia sagrado e a adoção do dia 25 de dezembro como sendo o dia de nascimento de Cristo têm contextos próprios, e não se sujeitam às mesmas bases históricas, de modo que se pode assegurar que, em relação ao primeiro questionamento, temos documentos que sustentam essa tese (a de que muito antes de Constantino os cristãos já guardavam o domingo), ao passo que em relação ao segundo, nada se sabe, do ponto de vista documental, acerca da real data de nascimento de Cristo, sendo, portanto, seguro afirmar, até aqui, que se trata de uma invenção da Igreja Católica quando a mesma ainda sequer havia sido oficializada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><u>Quais são, enfim, os textos documentados que corroboram a tese de que ainda no primeiro século os cristãos já observavam o domingo e não mais o sábado?</u></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Preliminarmente vamos citar um trecho de <b>Plínio, o Jovem, escrito por volta de 112 d.C.</b> Vale ressaltar, no entanto, que nesta passagem não fica evidenciado o dia da semana, mas já nos mostra que havia um dia específico para as práticas litúrgicas em questão:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“... tinham os cristãos o hábito de reunir-se em um dia fixo antes de sair o sol, quando entoavam um cântico a Cristo como Deus e se comprometiam, mercê de solene juramento, a não praticar nenhum ato mau, a abster-se de toda fraudulência, furto e adultério, a jamais quebrar a palavra empenhada ou deixar de saldar um compromisso em chegando a data do vencimento, após o quê era costume separarem-se e reunir-se novamente para participar do banquete comum, servindo-se de alimento de natureza ordinária e inocente”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Inácio de Antioquia (68 – 107)</b> escreveu:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Aqueles que estavam presos às velhas coisas vieram a uma novidade de confiança, não mais guardando o sábado, porém vivendo de acordo com o dia do Senhor (domingo)”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Tertuliano de Cartago (160 – 220)</b> também abordou o presente tema:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Nós (os cristãos) nada temos com o sábado, nem com outras festas judaicas, e menos ainda com as celebrações dos pagãos. Temos nossas próprias solenidades: O Dia do Senhor...”</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Justino, o Mártir, escreveu, por volta de 150 d.C.</b>, uma carta ao imperador Antonino Pio, na qual ele faz uma enfática apologia à fé cristã. Consta, do referido documento, um trecho que disserta, em palavras esclarecedoras, sobre o costume dos primeiros cristãos quanto a guarda do domingo e não mais do sábado, como pretendem os sabatistas. Leiamos o valioso texto, que mostra, ainda, outros costumes litúrgicos dos primeiros cristãos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“<b>No dia que se chama do sol, celebra-se uma reunião</b> de todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se leem, enquanto o tempo o permite, as Memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas. Quando o leitor termina, o presidente faz uma exortação e convite para imitarmos esses belos exemplos. Em seguida, levantamo-nos todos juntos e elevamos nossas preces. Depois de terminadas, como já dissemos, oferece-se pão, vinho e água, e o presidente, conforme suas forças, faz igualmente subir a Deus suas preces e ações de graças e todo o povo exclama, dizendo: 'Amém'. Vem depois a distribuição e participação feita a cada um dos alimentos consagrados pela ação de graças e seu envio aos ausentes pelos diáconos. Os que possuem alguma coisa e queiram, cada um conforme sua livre vontade, dá o que bem lhe parece, e o que foi recolhido se entrega ao presidente. Ele o distribui a órfãos e viúvas, aos que por necessidade ou outra causa estão necessitados, aos que estão nas prisões, aos forasteiros de passagem, numa palavra, ele se torna o provedor de todos os que se encontram em necessidade. <b>Celebramos essa reunião geral no dia do sol, porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Com efeito, sabe-se que o crucificaram um dia antes do dia de Saturno e no dia seguinte ao de Saturno, que é o dia do Sol, ele apareceu a seus apóstolos e discípulos, e nos ensinou essas mesmas doutrinas que estamos expondo para vosso exame”</b>. [Destaques de nossa autoria]</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vimos, pelos textos acima transcritos, especialmente neste de Justino, que o domingo já era observado pelos cristãos do primeiro século, e não mais o sábado. Não é pretensão assinalar, assim, que havia no seio da Igreja primitiva o hábito de adotar o domingo como o dia sagrado, de modo que atribuir a Constantino a substituição aqui mencionada nos parece um tanto sem base histórica, ainda que o dito imperador tenha oficializado tal prática litúrgica.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vale dizer ainda, para se evitar eventual especulação, que a oficialização nada tem a ver, em sua essência, com a adoção abrupta de um ato litúrgico. <strong>Em outras palavras, o que Constantino fez foi apenas confirmar, formalmente, uma antiga prática cristã, nascida muito provavelmente a partir da morte dos apóstolos Pedro e Paulo</strong>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao se afirmar que o imperador cristão ratificou uma velha tradição, não se está dizendo, no entanto, que ele o fez movido somente por intenções tendenciosas. Falamos assim porque, da mesma forma como ocorreu em relação à invenção do Natal em 25 de dezembro, nos termos já dissertados nesta matéria, pode-se deduzir que os planos de Constantino eram exatamente eliminar toda e qualquer data especial das festas pagãs.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A primeira refutação se concentra no fato de que o dito imperador não era, declaradamente, inimigo do paganismo, do qual ele próprio foi seguidor antes de se julgar cristão. Depois, a reiterada utilização da expressão “Dia do Sol” se deve por razões históricas, cronologicamente localizadas. Ou seja: os escritores que se referiram a essa prática cristã (a adoção do domingo) o fizeram se utilizando de uma terminologia bastante conhecida da época, ainda que ela tenha ligação direta com o paganismo. O mesmo fenômeno é observado, por exemplo, quando o historiador Cornélio Tácito, em 115 d.C., se referiu a Pôncio Pilatos como sendo procurador, embora na época o título correspondente fosse de prefeito. A expressão “Dia do Sol” era muito conhecida e empregada entre os século II e V, razão por que os apologistas cristãos adotavam-na em seus escritos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Conclui-se, portanto, que a substituição do sábado para o domingo não é uma invenção da Igreja Católica, muito menos de autoria do polêmico imperador Constantino, ainda que temos razões de sobra para afirmar que a referida igreja inventou dogmas que, no decorrer dos séculos, revelaram o afastamento de vários ensinamentos bíblicos. Conforme vimos, é altamente provável que a adoção do domingo como o dia consagrado para os cristãos, em detrimento do sábado, tenha tido sua origem ainda no final do primeiro século do cristianismo.<br />
<br />
<span style="color: blue;"><strong><span style="color: red;">NOTA DO AUTOR DO BLOG*</span></strong>: A presente matéria não é, como é de se ver, uma análise teológica da questão, mas unicamente histórica. Pelos relatos dos textos canônicos do NT, embora esteja evidente a abolição da obrigatoriedade de se guardar o sábado. Quanto à guarda do domingo, frequentemente são utilizadas as seguintes passagens do Novo Testamento: Atos 20:7 e I Coríntios 16:1-2.</span><br />
<br />
<span style="color: black;">*O presente texto sofreu algumas alterações em 30.04.2016.</span></div>
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<b style="color: red;">Leia também</b>:</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Jesus não nasceu em 25 de dezembro</b>:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com.br/2010/12/jesus-nao-nasceu-no-dia-25-de-dezembro.html">http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com.br/2010/12/jesus-nao-nasceu-no-dia-25-de-dezembro.html</a></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>A conversão de Constantino</b>:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com.br/2010/05/carta-de-constantino-rei-persa-pode-ser.html">http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com.br/2010/05/carta-de-constantino-rei-persa-pode-ser.html</a></div>
<br />
<b>A relação entre Constantino e a Igreja Católica</b>:<br />
<br />
<a href="http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com.br/2012/02/cartas-de-constantino-mostram-estreita.html">http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com.br/2012/02/cartas-de-constantino-mostram-estreita.html</a>.Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.com28tag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-85227528768838949552012-02-12T14:26:00.003-03:002012-04-29T19:10:03.393-03:00DOAÇÃO DE DINHEIRO E RESTITUIÇÃO DE ANTIGOS BENS IMÓVEIS: CARTAS DE CONSTANTINO MOSTRAM A ESTREITA RELAÇÃO ENTRE A IGREJA CRISTÃ E O IMPÉRIO ROMANO (IMPERDÍVEL)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhc58gHBqQCx8EfLPvsF0Nqne0_MV3Ay9HI6KYv3oBHepKpmYU7SE-MfDWxSwM2WxfQD-ZEQDPnnsP6BnU0Ii7m_pzIn2z4GOcpw6zqc-PbDDyIOsR7dqj67Lvjo5qYWsg3Vr1edA0TJs/s1600/constantino.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhc58gHBqQCx8EfLPvsF0Nqne0_MV3Ay9HI6KYv3oBHepKpmYU7SE-MfDWxSwM2WxfQD-ZEQDPnnsP6BnU0Ii7m_pzIn2z4GOcpw6zqc-PbDDyIOsR7dqj67Lvjo5qYWsg3Vr1edA0TJs/s320/constantino.jpg" width="300" /></a></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: small;">No mês de maio de 2010 este blog publicou trechos de uma carta do imperador Constantino ao rei persa, na qual ele dá claras demonstrações de que havia de fato se convertido ao cristianismo. Há quem duvide de sua conversão. O Edito de Milão, em 313 – através do qual Constantino concede liberdade religiosa em todo o Império - é apontado como uma saída política, uma vez que o crescimento do número de cristãos (mesmo duramente perseguidos) era um fenômeno irreversível, de modo que já não valia a pena o Estado militar contra tal segmento religioso.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Ratificamos o que dissemos outrora e, por questões de ênfase, mais uma vez transcrevemos o referido trecho e, em seguida, trechos de outras cartas e de dispositivos legais, inéditos no blog, nos quais o imperador revela seu interesse em solucionar velhos problemas que envolvem os cristãos, notadamente a questão dos bens imóveis da Igreja, os quais se achavam em poder de terceiros, assim como a doação de dinheiro a líderes cristãos. Os textos abaixo transcritos são, indiscutivelmente, de grande valor histórico. Recomendamos uma leitura despreocupada, desprovida de qualquer pressa.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><b>Carta ao rei persa</b>:</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">"Somente pela minha fé em Cristo Jesus é que os subjuguei. Por isso, Deus foi meu ajudador, deu-me a vitória na batalha e faz-me triunfar sobre meus inimigos. Da mesma maneira me tem ampliado os limites do Império Romano, de modo que se estende desde o Oceano Ocidental até quase os confins do Oriente. E nestes domínios não tenho oferecido sacrifícios às antigas divindades, nem usado os encantamentos ou adivinhações: só tenho oferecido orações ao Deus Onipotente, e seguido a cruz de Cristo. Muito me regozijaria se o trono da Pérsia achasse também glória e abraçasse os cristãos, de modo que tu comigo, e eles contigo, pudéssemos gozar a verdadeira felicidade."</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><b>Eusébio de Cesareia registrou</b>, em sua famosa História Eclesiástica (século IV d.C.), algumas cartas do imperador e dispositivos legais, nos quais ele revela a estreita relação entre Igreja e Estado.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Vale relembrar que era uma prática bastante comum em todo o Império o envio de cartas entre os imperadores e seus subordinados e entre aqueles e o Senado. De igual modo era bastante comum qualquer do povo enviar cartas ao imperador e ao Senado.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: small;"><br />
</span></b></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><b>Lei imperial acerca dos cristãos</b>:</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">“Quando eu, Constantino Augusto, e eu, Licínio Augusto, nos reunimos felizmente em Milão, e nos pusemos a discutir tudo o que importava ao proveito e utilidade públicas, entre as coisas que nos pareciam de utilidade para todos em muitos aspectos, decidimos sobretudo distribuir umas primeiras disposições em que se asseguravam o respeito e o culto à divindade, isto é, para dar, tanto aos cristãos quanto a todos em geral, livre escolha para seguir a religião que quisessem, com o fim de que tanto a nós quanto aos que vivem sob nossa autoridade nos possam ser favoráveis a divindade e os poderes celestiais que existem.”</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><b>Prossegue Constantino</b>:</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">“Portanto, foi por um saudável e retíssimo arrazoamento que decidimos tomar esta nossa resolução: que a ninguém se negue em absoluto a faculdade de seguir e escolher a observância ou a religião dos cristãos, e que a cada um se dê a faculdade de entregar sua própria mente à religião que creia que se adapta a ele, a fim de que a divindade possa em todas as coisas outorgar-nos sua habitual solicitude e benevolência”.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><b>Continua</b>:</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">“Assim era natural que déssemos por decreto o que era de nosso agrado: que, suprimidas por completo as condições que se tinham em nossas primeiras cartas a tua santidade acerca dos cristãos, também se suprimisse tudo o que parecia ser inteiramente sinistro e alheio a nossa mansidão, e agora cada um dos que sustentam a mesma resolução de observar a religião dos cristãos, observe-a livre e simplesmente, sem impedimento algum. Tudo isto decidimos manifestar da maneira mais completa a tua solicitude,para que saibas que nós demos aos mesmos cristaos livre e absoluta faculdade de cultivar sua própria religião”.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: small;"><br />
</span></b></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><b>No trecho abaixo</b>, Constantino parece tentar convencer a elite cristã de que, uma vez já foram atendidos os interesses do cristianismo em relação à liberdade de crença, os mesmos devem respeitar outras crenças, tudo com o fim de manter a paz em todo o império.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">“Já que estais vendo o que precisamente lhes demos sem restrição alguma, tua santidade compreenderá que também a outros, a quem queira, da-se-lhes faculdade de prosseguir suas próprias observâncias e religiões – o que precisamente está claro que convém à tranquilidade de nossos tempos -, de sorte que cada um tenha possibilidade de escolher e dar culto à divindade que queira. Isto é o que fizemos, com o fim de que não pareça que desprezamos o mínimo a honra ou a religião de ninguém”.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><b>Logo em seguida</b>, o imperador se mostra benevolente para com o cristianismo, e explica sua decisão em relação ao direito dos cristãos de receberem de volta quaisquer bens imóveis objetos de prática litúrgica.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">“Mas, além disto, em atenção às pessoas dos cristãos, decidimos também o seguinte: que seus lugares em que anteriormente tinham por costume reunir-se e acerca dos quais já em carta anterior enviada a tua santidade havia outra regra, delimitada para tempo anterior, se parecer que alguém os tenha comprado, seja de nosso tesouro público, seja de qualquer outro, que os restitua aos mesmos cristãos, sem reclamar dinheiro nem compensação alguma, deixando de lado toda negligência e todo equívoco. E se alguns, por acaso, os receberam como doação, que estes mesmos lugares sejam restituídos o mais rapidamente possível aos mesmos cristãos”.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><b>Constantino se dispôs</b>, inclusive, a indenizar aqueles que se achavam - na ocasião da lei imperial – donos de bens imóveis sujeitos à restituição aos cristãos:</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">“... guardada, evidentemente, a razão exposta acima: que aqueles, como dissemos, que os restituírem sem recompensa, esperem de nossa benevolência sua própria indenização”.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><b>O imperador parecia</b> não só ter pressa em relação ao cumprimento de tal decisão, como também interesse em se certificar de que sua ordem havia sido fielmente cumprida. Em uma carta endereçada a Anulino, governador proconsular da África, veja o que ele escreve à referida autoridade:</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">“Daí que queiramos que, ao receber esta carta, se, em cada cidade ou inclusive em outros lugares, alguns destes bens pertenciam à Igreja católica* dos cristãos e agora os detenham cidadãos ou outras pessoas, faças com que ditos bens sejam restituídos imediatamente às mesmas igrejas, posto que decidimos que precisamente aquilo que as ditas igrejas prossuíam antes seja restituído a seu direito (...) apressa-te para que tudo, sejam jardins, casas ou qualquer outra coisa que pertença ao direito das ditas igrejas, seja-lhes restituído o mais rapidamente possível, de sorte que chegue ao nosso conhecimento que aplicaste a esta nossa ordem a mais escrupulosa obediência...”.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><b>Havia interesse do imperador, ainda</b>, de prover financeiramente a Igreja. Os trechos de uma carta mediante a qual se faz doações de dinheiro às igrejas cristãs mostram bem tal interesse:</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">“Constantino Augusto e Ceciliano, bispo de Cartago. Posto que em todas as províncias, particularmente nas Áfricas, nas Numídias e nas Mauritânias [o uso no plural se deve à divisão da diocese da África em províncias por parte de Diocleciano], determinei que se outorgasse algo para os gastos de alguns ministros designados da legítima e santíssima religião católica*, despachei uma carta para o perfeitíssimo Urso, diretor geral das finanças da África...”.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><b>Prossegue o imperador</b>: </span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">“Tu, por conseguinte, quando acusardes o recebimento da indicada quantia de dinheiro, manda que este dinheiro seja repartido a todas as pessoas acima mencionadas conforme o documento que Osio te enviou. Mas se perceberes que falta algo para o cumprimento deste meu plano relativo a eles, deverás pedir sem denoma a Heráclides, o procurador de nossos bens, o quanto saibas que é necessário, já que, achando-se aqui presente, dei-lhe ordens para que se preocupasse de pagar-te sem menor vacilação, no caso de que tua firmeza lhe pedisse algum dinheiro”.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Conforme vimos, os documentos acima transcritos não deixam dúvidas de que a Igreja cristã recebeu o incondicional apoio do Império Romano, após longos e cansativos anos de perseguição.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">_____</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">* <b>O termo “católico”</b>, empregado por Eusébio de Cesareia mesmo antes do nascimento oficial da Igreja Católica Apostólica Romana em 381 d.C., não implica dizer, necessariamente, que se tratava da referida Igreja como a concebemos hoje. O citado termo passou a ser usado, muito provavelmente, no final do segundo século (depois de Cristo), e de forma não generalizada, uma vez que havia muitos segmentos cristãos, cada um com variantes diferentes em relação às próprias crenças cristãs. O termo aqui tratado passou a ser empregado, gradativamente, por um grupo de cristãos que se impuseram pelo significativo número de seguidores que guardavam as mesmas crenças (ou muito parecidas), de sorte que, aos poucos, se pôde observar o surgimento de um corpo eclesiástico distribuído hierarquicamente, matriz da atual Igreja católica. Só aos poucos a citada Igreja foi adotando dogmas que, ao que parece, foram se afastando cada vez mais da igreja primitiva.</span></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">. </span></div>Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-44317536877903729652012-01-12T21:21:00.002-03:002012-05-28T23:26:39.140-03:00O MASSACRE NA FURNA DOS CABOCLOS: O RELATO DE UMA JOVEM INDÍGENA QUE SOBREVIVEU COMENDO INSETOS E FOI OBRIGADA A VIVER AMARRADA EM UM CANTO DA CASA, E APÓS ANOS DE ESCRAVIDÃO, SE CASOU COM SEU ALGOZ<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWQfwYV_Xj03er1L6KbNW52qPWks4P1C16LfjGdOvIhH98J8AqMYoGGYy3FcCMQJzvY2iYZWSiohh8x1fc0bkTbwTt2OSrb4L8px_7hNhgBjz5WMAFzxex3teWF1slWJOCN4Y-CEFzyF0/s1600/Massacre+Crate%25C3%25BAs" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWQfwYV_Xj03er1L6KbNW52qPWks4P1C16LfjGdOvIhH98J8AqMYoGGYy3FcCMQJzvY2iYZWSiohh8x1fc0bkTbwTt2OSrb4L8px_7hNhgBjz5WMAFzxex3teWF1slWJOCN4Y-CEFzyF0/s320/Massacre+Crate%25C3%25BAs" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
O que você vai ler agora não está nos livros de história do Brasil. Não está nas salas de aula, e não há quaisquer perspectivas de que o fato ganhe notoriedade ou seja trasladado para os livros didáticos em questão. A única fonte de que dispomos vem de “Na mata do sabiá, contribuições sobre a presença indígena no Ceará”, uma obra que traz vários artigos sobre a atuação dos índios em nosso estado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Abordaremos o relato acerca de um massacre indígena ocorrido no início do século 19, de cuja chacina restou provavelmente uma única sobrevivente, que teria sido caçada e posteriormente obrigada a viver confinada em um canto de parede. Transcreveremos, ainda, pequenos trechos do depoimento de um descendente dessa jovem, que nos conta em detalhes como se deu o referido massacre e seu desfecho.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Crateús, Ceará, início do século 19. Embora o Ceará já tivesse sido há muito tempo explorado pelo homem branco, os índios ainda encontravam aqui algum espaço para praticar seus rituais e viver da coleta de frutos, raízes e da caça de animais (cotias, mocós, jacus, tatus, veados, pássaros, etc.).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em todo o Nordeste havia terra de sobra, sem dono, pronta para ser explorada. Vários fazendeiros se diziam proprietários de grandes extensões territoriais, onde criavam gado, ovelha, cujo bem não pretendia disputar com os indígenas, os quais já residiam anteriormente nestas terras.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os índios não tinham a exata noção de propriedade. Não lhes havia claro discernimento acerca do que o homem branco chamava de “seu”, de sorte que o gado que pastava passou a ser visto pelos nativos como uma excelente opção em tempos de estiagens. O confronto era inevitável: de um lado os fazendeiros prontos para defender a ferro e fogo seus víveres e do outro o índio, acostumado à caça de todo animal vertebral que se movia ao seu redor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na cidade de Crateús (CE), há um distrito de nome Monte Nebo (hoje Montenebo), palco da tragédia em questão. Segundo a tradição oral, lá viviam vários índios, os quais tinham o hábito de dormir em uma furna de pedra, provavelmente para se protegerem das onças e do frio. Os mesmos teriam atacado, por diversas vezes, o gado e as ovelhas de um fazendeiro de nome José de Barros.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sentindo falta dos animais, o proprietário mandou um de seus vaqueiros investigar o motivo do sumiço, cujos culpados teriam sido prontamente apontados pelo espião. Revoltado, o fazendeiro montou um plano traiçoeiro. Ordenou que um de seus criados fizesse amizade com os índios, a fim de que fosse estudado o passo a passo de seus roteiros, principalmente o local onde eles dormiam. Dito e feito. Restava efetivar o plano. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Acostumado ao dia a dia dos índios e já familiarizado com os mesmos, o espião conseguiu ganhar a confiança deles, a ponto de dormir na furna acima mencionada. O papel do espião era basicamente um: cortar as linhas dos arcos, fazendo com que os indígenas ficassem desarmados. Assim foi feito e o plano só não foi completo porque uma única jovem, de 13 ou 14 anos, teria escapado na noite do massacre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A jovem arredia passou a viver na caatinga, sozinha, lutando em prol de sua sobrevivência, acompanhada da dor que a seguia pela perda de seus familiares. Diz a tradição que o vaqueiro de nome Pedro, a serviço do fazendeiro José de Barros, teria encontrado a indiazinha em pleno mato, a quem o mesmo empreendeu uma dura caçada, disposto a capturá-la ou matá-la, de acordo com a conveniência.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os dois teriam brigado corpo a corpo, até que ela “pegou aqui nas goela dele … torou o couro... torou e comeu...” e conseguiu fugir. Insatisfeito e muito revoltado com a primeira derrota, o vaqueiro partiu em busca da índia, a quem conseguiu alcançá-la e por fim capturá-la. Em vez de matá-la, ele resolveu criá-la em casa, onde passou a viver amarrada em um canto interno da sala. Arredia, ela se negava a comer e pouco bebia água. Passou a se alimentar de baratas e outros insetos que arrodeavam seu leito. Daí o apelido dado ao senhor Mariano, “Seu Barata”. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com o passar dos anos, o ódio teria se convertido em afeto. Os dois se casaram, e da união uma descendência, que teria ultrapassado as décadas vindouras, o século 19, e atingiu a geração de seu Mariano, nascido em 1915, casado – segundo ele, com uma descendente dos holandeses que habitaram o Maranhão.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na noite do massacre foram mortos muitos índios. Não se sabe precisar a quantidade, embora na década de 50 tenha sido encontrado elevado número de ossos humanos. Seu Mariano, descendente da única sobrevivente, afirma que em 1950, a convite de um padre, se dirigiu à gruta - sob pretexto de que lá haveria uma celebração religiosa - , onde foi assediado pelo sacerdote a cavar o local, com o fim de encontrar joias ou algo de valioso deixado pelos índios. No dizer de seu Mariano “... e nós cavemo...nós fizemo uma ruma de osso que dava mais de que o reboque dum trator hoje...”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Seu Mariano narrou ainda, que na seca de 1952, sustentou várias pessoas somente da caça. Segundo ele, só no referido ano, matou 60 veados, dos quais tirava um pequeno pedaço para almoçar e jantar, e o restante distribuía para os seus. O fato aqui retratado é batizado de “O massacre na furna dos caboclos”.</div>
<br />
.Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-8858455705973675142011-11-26T14:26:00.009-03:002012-04-29T19:19:28.296-03:00UMA BREVE HISTÓRIA DA CORRUPÇÃO NA ANTIGUIDADE<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj6GmhvbjlZMd1JRka8oOLAtsMJuoVu84pGCqx1uYDm5FXJKztSUYbSsSifwJX93StF4__vi52hn7gu3DBa1noouJoMVrquOLDGw7j3R0Q2yzXVyZVVAZJlUzA5W92qJxdxh5SuXn_RJI/s1600/Ra%25C3%25ADzes+da+corrup%25C3%25A7%25C3%25A3o" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="286" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj6GmhvbjlZMd1JRka8oOLAtsMJuoVu84pGCqx1uYDm5FXJKztSUYbSsSifwJX93StF4__vi52hn7gu3DBa1noouJoMVrquOLDGw7j3R0Q2yzXVyZVVAZJlUzA5W92qJxdxh5SuXn_RJI/s320/Ra%25C3%25ADzes+da+corrup%25C3%25A7%25C3%25A3o" width="304" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
A corrupção ativa e passiva não é um “privilégio” da geração atual. É antiga e sem data certa de nascimento ou de naturalidade. O antigo império romano, por exemplo, está recheado de exemplos que nos mostram o quanto tal crime era praticado, de modo que não somente o governo como a própria população se adaptaram a essa realidade - que, por sinal, acompanhou o nascimento, apogeu e declínio do grande império.</div>
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<br /></div>
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Rogamos a atenção dos leitores para os casos que iremos dispor logo abaixo, os quais só reforçam a ideia de que o amor pelo dinheiro e pela vida fácil acompanha a humanidade há milênios.</div>
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<br /></div>
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Em outra ocasião falamos que a divisão setorial e hierárquica na administração pública, mais ou menos como o concebemos hoje tem origem na antiga Grécia, mais precisamente na Atenas clássica. Roma “modernizou” tal prática e pretendeu manter um serviço público eficiente, suficientemente capaz de atender à demanda social-administrativa do governo.</div>
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<br /></div>
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Embora alguns imperadores não tenham medido esforços no sentido de combater a corrupção (foi lá, por exemplo, que surgiram os livros contábeis e a obrigação do governo prestar contas de suas receitas e gastos, bem como foi na velha Roma que surgiram os diários oficiais, cuja finalidade - dentre outras - era controlar os gastos e as atitudes tirânicas dos governadores), o que se viu no vasto Império foi o crescente número de casos de corrupção, cujos protagonistas iam do mais baixo ao mais alto escalão. </div>
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<br /></div>
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Os militares, a quem cabia o dever legal de prender eventuais criminosos, encabeçavam, ao lado da elite imperial, a relação dos grandes protagonistas dessa mazela. Nos campos, por exemplo, eles exigiam que os povoados lhes garantissem certa quantia, de sorte que o montante fosse pago continuamente, como se fosse uma gratificação institucional.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eram os mesmos militares que exigiam, ainda, uma espécie de dízimo de tudo o que era produzido no campo. Assim, os trabalhadores eram obrigados a levar para celeiros públicos parte do trigo colhido para o sustento familiar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O corporativismo entre os próprios militares era algo notório: para desfrutar de uma “folga”, de um repouso, bastava o subordinado comprar tal direito, ofertando ao seu chefe o que este julgasse suficiente para o caso em questão.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Atribui-se principalmente à corrupção o fato de haver – em tempos de paz - considerável baixa no quadro de efetivos nos vários regimentos, pois, em vez de estar em serviço no horário de serviço, o soldado “dava” uma escapulida, a fim de praticar atos alheios a sua tarefa militar, dentre as quais namorar e praticar roubos. Isto mesmo: o dinheiro obtido nos roubos era utilizado, em boa parte, para comprar o próprio chefe.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tornou-se, assim, um ciclo vicioso, tão vicioso que ao perceber que um soldado estava enriquecendo, seus superiores ordenavam-lhe várias tarefas, pois sabiam que, para se livrar de tais obrigações, o soldado lhes pagaria maior quantia pelo repouso, pelo não cumprimento das exigências então impostas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A corrupção era uma prática comum, tão comum que (sem exageros) acabou se tornando um modismo, algo natural, algo esperado por quem adentrasse ou precisasse do serviço público. O funcionário romano – pasmem – estava tão habituado ao referido crime que, para praticar um simples ato institucional, exigia algo de quem estivesse precisando do serviço público. Houve, inclusive, tabelamento de preços dos atos sujeitos à corrupção.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao ingressar no serviço público, o recém-servidor deveria (por costume) dar uma gorjeta ao seu chefe imediato. Era uma espécie de aviso de como a coisa funcionava.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os governadores das províncias eram os mais agraciados com o corrompido sistema. Não hesitavam ao oferecerem vultosas propinas aos inspetores imperais, que, por sua vez, também não pensavam duas vezes e acabavam recebendo o fruto da corrupção.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um desses govarnadores (após ser processado por crime de corrupção - uma raridade), em uma carta endereçada à amante, exclama: “Alegria1 Alegria! Venho a ti livre de minhas dívidas, depois de colocar à venda a metade de meus administrados”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sêneca, abordando o tema, diz que pilhar as províncias como governador era “o caminho senatorial para o enriquecimento”. Do ponto de vista financeiro, era preferível ser governador ao cargo de senador. O poder central, na maioria das vezes, fazia vistas grossas, desde, é claro, que recebesse a parte que lhe tocava.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A realidade visível ganhou espaço na literatura, e os poetas eróticos revelavam, em seus escritos, o esperado desejo feminino de contemplar seu marido deixar o lar por determinado tempo para enriquecer em uma província mais distante.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Cícero, famoso romano por sua erudição, depois de um ano como governador de província, voltou para casa milionário. E não escondeu sua façanha. Ele, que se tornou senador não pelo fato de ascender de família tradicional, mas pela enorme capacidade oratória (o que engradecia o Senado), representa, na atualidade, aqueles que, tendo um histórico de pobreza em sua vida juvenil, não pensam mais do que uma vez e sacam os cofres públicos, movidos por razões alheias à ética social e constitucional.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<b>Leia também</b>:</div>
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<br /></div>
<a href="http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com/2011_07_01_archive.html">http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com/2011_07_01_archive.html</a><br />
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.Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-89297071387096825212011-11-20T15:22:00.001-03:002012-04-29T19:13:16.719-03:00TESTAMENTO DE PADRE CÍCERO NA ÍNTEGRA (INCLUINDO TERMO DE ABERTURA)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMIaYgmnbieozQfaDFyp9c1kUb0fk2v3IHeGdgp4HDuQm7WTluJuVGWGAEeq1VvGDHdmXPcK5ZF6Oysh-31Ap21spteMnMlMAgz0_NZbGD3u1RffyFJhJ5UstYud1m-s3_Srfn7Pg5qIY/s1600/Padre+C%25C3%25ADcero+testamento" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="234" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMIaYgmnbieozQfaDFyp9c1kUb0fk2v3IHeGdgp4HDuQm7WTluJuVGWGAEeq1VvGDHdmXPcK5ZF6Oysh-31Ap21spteMnMlMAgz0_NZbGD3u1RffyFJhJ5UstYud1m-s3_Srfn7Pg5qIY/s320/Padre+C%25C3%25ADcero+testamento" width="320" /></a></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: small;">O blog já havia disponibilizado o testamento de Padre Cícero em 15 postagens diferentes, mas, agora, decidimos reuni-lo em um único espaço, inclusive o termo de abertura (inédito no blog). Optamos por reproduzir o texto original, com os respectivos erros gramaticais.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">1934</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Juizo Municipal de Joazeiro, do Estado do Ceará O Escrivão do 2º Ofício,:interino:</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Machado</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Execução do Testamento do Padre Cícero Romão Batista.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Testamenteiro:</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">- Cel. Antônio Luiz Alves Pequeno</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Autoação</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Aos vinte e sete dias do mês de Julho do ano de mil novecentos trinta e quatro (1934), nesta cidade do Joazeiro, na comarca do Crato, do Estado do Ceará, em meu cartório, autoei o Testamento com o termo respectivo de abertura que adiante se vê; do que fiz este termo. O 2º Escrivão Intº.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Antônio Machado</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Em nome de Deus Amen.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Eu, Padre Cícero Romão Baptista, achando-me adoentado, mas sem gravidade, e em meu perfeito juízo, e na incerteza do dia da minha morte, tomei a resolução de fazer o meu testamento e as minhas ultimas disposições, para o fim de dispôr dos meus bens, segundo me permitem as leis do meu paiz.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">E como, devido ao meu actual incommodo, não posso levar muito tempo apurado em escrever este longo documento, nem quero fazer um testamento publico, mas sim um testamento cerrado, de accordo com o artigo mil seicentos e trinta e oito e seus paragraphos do Codigo Civil Brasileiro, pedi ao meu amigo Luiz Theophilo Machado, segundo Tabellião de Notas desta comarca, que por mim escrevesse este meu testamento em minha presença, e por mim ditado, reservando-me para assignal-o com o meu proprio punho.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Declaro que sou filho legítimo dos fallecidos Joaquim Romão Baptista e Dona Joaquina Vicencia Romana e nasci na cidade do Crato, neste Estado do Ceará, no dia vinte e quatro de março de mil oitocentos e quarenta e quatro (1844).</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Como profissão, adoptei o Ministério Sacerdotal, de accordo com as Ordens que me fôram conferidas pelo então Bispo do Ceará Dão Luiz Antonio dos Santos, de saudosa memoria, exercendo-o, conforme a minha vocação, com amor, dedicação e bôa vontade, e desejando assim continuar em quanto o Bom Deus, pela sua Divina Misericórdia me conceder força e consciencia dos meus actos.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Declaro mais que desde minha Ordenação, mesmo durante o pouco tempo que fui Vigario da Parochia de São Pedro do Crato, nunca percebi um real sequer pelos actos religiosos que tenho praticado como Sacerdote Catholico.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Declaro ainda que todos os dinheiros que me fôram e continuam a ser dados, como offertas a mim unicamente, os tenho distribuído em actos de Caridade que estão no conhecimento de todos, bem como em grandes e vantajosas obras de agricultura, cujo resultado tenho apliccado em Bens, que ora deixo, na mór parte para a Benemerita e Santa Congregação dos Salesianos, afim de que ella funde aqui, no Joazeiro, os seusCollegios de educação para crianças de ambos os sexos.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Desde muito cêdo, quando comecei a ser auxiliado com esmolas, pelos romeiros de Nossa Senhora das Dores que aqui chegavam, a par do auxilio efficaz por mim feito para o desenvovimento desta terra, resolvi applicar parte das mesmas esmolas recebidas em propriedades, visando assim fazer um patrimônio para ajudar uma Instituição Pia e de Caridade que podesse aqui continuar a sua Obra Bemfazeja.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">E por que, dentre todas as existentes, nenhuma se me afigura mais benemerita e de acção mais efficaz e de Caridade mais accentuada do que a dos bons e santos discipulos de D. Bosco, os Benemeritos Salesianos, a elles deixarei quase tudo que possúo, conforme adiante declaro.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">E rogo a esses bons e verdadeiros servos de Deus, os Padres Salesianos que me façam esta grande Caridade, instituindo nesta terra uma obra completa.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Estou certo, não só por que conheço a indole deste povo aqui domiciliado, assim como das populações sertanejas que aqui frequentam e que por meio de bons conselhos tenho educado na pratica do Bem e do Amor a Deus e mais ainda por que o pedido que faço, estou certo, repito, que todos os romeiros aqui domiciliados ou de pontos distantes, como prova de estima e amizade a mim e em louvor e honra a Virgem Mãe de Deus, continuação a frequentar este meu amado Joazeiro, com a mesma assiduidade, e audiliarão aos Benemeritos Padres Salesianos, como se fôsse a mim proprio, para manutenção aqui da sua Obra de Caridade Christã, isto é, dos seus collegios, cuja existência desses mesmos Collegios nesta terra para todo e sempre, será a maior tranquilidade para minha alma na outra vida.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Declaro, outrosim, que os dinheiros que tenho recebido para mandar celebrar Missas, conforme a intenção das pessôas que m'os tem dado, os tenho distribuido com o maior criterio, por intermedio dos Padres e Vigarios desta e de outras Dioceses e de algumas Instituições Religiosas do paiz e do extrangeiro.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Devo accrescentar que os dinheiros que me tem sido entregues para applicar como entendesse e quizesse, na intenção, louvor e honra de Nossa Senhora das Dores, sem nenhuma outra condição, do mesmo modo os tenho applicado com muita consciencia em actos de caridade, em auxilio a Obras e Instituições Pias e em bens que ora deixo conforme vae adiante declarado para Nossa Senhora das Dores, Padroeira desta Matriz e para Santa Congreção dos Salesianos.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Particulariso, desta maneira, a applicação, á minha vontade, das importancias, em dinheiro, recebidas, para distribuir na inteção de Nossa Senhora das Dores, nunca me apoderei dellas; ao contrario, ordenei sempre que fossem recolhidas aos respectivos cófres da Igreja, hoje Matriz, os quaes estiveram sempre sob a guarda dos Vigarios da Parochia.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Devo ainda declarar por ser para mim uma grande honra e um dosmuitos effeitos da Graça Divina sobre mim, que, em virtude de um voto por mim, feito, aos doze annos de idade, pela leitura nesse tempo que fiz da vida immaculada de São Francisco de Salles, conservei a minha virgindade e a minha castidade até hoje.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Affirmo que nunca fiz mal a ninguem, nem a ninguem votei odio, nem rancôr e que sempre perdoei,por amor de Deus e da Santíssima Virgem, a todos que me fizeram mal consciente ou inconscientemente. Preciso ainda elucidar um assumpto ao qual meu por circunstancias especiaes se acha ligado, porem no qual minha acção, aliás pacifica, conciliadora e sempre ao lado do bem, tem sido injustamente deturpada pelos que se deixaram dominar pelas paixões do momento ou não souberam interpretal-a.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Nunca desejei ser político; mas em mil novecentos e onze (1911) quando foi elevado o Joazeiro, então povoado, a categoria de villa, para attender aos insistentes pedido do então Presidente do Estado o meu saudoso amigo Commendador Antonio Pinto Nogueira Accioly e, ao mesmo tempo, evitar que outro cidadão, na direcção politica deste povo, por não saber ou não poder manter o equilibrio de ordem até esse tempo por mim mantido, compromettesse a bôa marcha desta terra, vi-me forçado a collaborar na politica.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Apezar das bruscas mutações da politica cearense sempre procurei conservar-me em attitude discreta, sem apaixonamentos, evitando sempre as incompatibilidades que podessem determinar choques de effeitos desastrosos. Para isso consegui muitas vezes tive de me expôr ao conceito de homens sem idéas bem definidas.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Após a queda do governo Accioly, por motivo de ordem moral, retrahi-me da pólitica, mantendo, entretanto, relações de cordialidade com o governo Franco Rabello sendo até eleito terceiro Vice Presidente do Estado.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">E o meu amor á ordem foi tão manifesto que a despeito da má vontade do partido dominante para commigo, não hesitei em attender o pedido da população desta terra e autorisar que meu nome fosse apresentado para voltar ao cargo de prefeito deste Municipio, naquelle mesmo governo que me era sobremaneira hostil.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Quando em Novembro de mil novecentos e treze (1913) o meu amigo Doutor Flóro Bartholomeu da Costa, actual Deputado Federal por este Estado, o director politico desta terra, de volta ao Rio de Janeiro me informou que os chefes do partido decahido haviam resolvido reunir a Assembléa Estadual aqui, por ser impossivel a reunião em Fortaleza, em virtude da pressão exercida pelo partido governante, e dar-lhe a direcção do movimento reacionario, com a máior lealdade ponderei em carta reservada ao Coronel Franco Rabello sobre a vantagem da sua renuncia.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">E assim procedi porque, sem de nada de mais grave propriamente saber (a não ser da reunião da Assembléa) percebi, pelos precedentes de violencia, do então governo, a possibilidade de uma lucta.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Não sendo porem attendido pelo então Presidente Coronel Franco Rabello, e não podendo este evitar que á sombra do seu nome fôssem commettidos actos de desatinos, entre os quaes barbaros assassinatos e espancamentos, considerei finda a aminha ardua tarefa afastando-me do campo de acção politica, deixando ao mesmo tempo que o Doutor Floro agisse segundo as ordens recebidas, já que não me era possivel poupar esta população laboriosa da triste condição de victima indefesa.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">E no período mais agudo da lucta, cujo curso de gravidade já para mim uma surpresa, podem garantir os que a testemunharam aqui, que a minha attitude era lastimar as desastrosas consequencias dos erros politicos e jamais deixei de ser no sentido de evitar violencias.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">De maneira que posso affirmar, sem nenhum peso de consciencia, que não fiz revolução, nella não tomei parte, nem para ella concorri, nem tive nem tenho a menor parcella de responsabilidade directa ou indirectamente nos factos ocorridos.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Eleito no biennio do governo Benjamin Barroso primeiro Vice Presidente do Estado, apezar deste rompido politicamente com o Doutor Floro Bartholomeu, sempre elle mantive a maior cordialidade. Não tenho culpa é que por um despeito mal entendido e de ordem politica, houvesse e ainda exista quem me queira tornar por ella responsável.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Estou certo de que quando se fizer, sem paixão, a verdadeira luz sobre estes factos meu nome realçará limpo como sempre fei.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Faço estas declarações, neste documento, para que os que me sobreviverem fiquem scientes (por que perante Deus tenho a minha consciencia tranquila) que neste mundo, durante toda a minha vida, quer como homem, quer como Sacerdote nunca, graças a Deus, commeti um acto de deshonestidade, seja sob que ponto de vista se possa ou queira encarar, nem nunca commemeti, nem alimentei embuste de especie alguma.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Aproveito o ensejo para pedir a todos os moradores desta nossa terra, o Joazeiro, muito especialmento aos romeiros, que depois da minha morte não se retirem daqui nem o abandonem; que continuem domiciliados aqui, no Joazeiro, venerando e amando sempre a Santissima Virgem Mãe de Deus, único remedio de todas as nossas afflicções, auxiliando a manutenção do seu culto e de todas as instituições religiosas que aqui se fundarem e com especial menção a dos Benemeritos Padres Salesianos que serão os meus continuadores nas obras de Caridade que aqui iniciei.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Insistindo, peço, como sempre aconselhei, que sejam bons e honestos, trabalhadores e crentes, amigos uns dos outros e obedientes e respeitadores ás leis e ás autoridades civis e da Santa Igreja Catholica Apostolica Romana, no seio da qual tão somente póde haver felicidade e salvação.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Torno extensivo este meu pedido tambem a todos os meus amigos, pessôas de outros Estados e Dioceses, romeiros tambem da Santa Virgem Mãe das Dores, isto é, que continuem a visitar o Joazeiro, em romarias a Santissima Virgem como sempre o fizeram, auxiliando a manutenção de seu culto e das instituições religiosas que aqui fôrem creados e com especial menção, repito, a dos Benemeritos Padres Salesianos que serão aqui no Joazeiro os meus continuadores na Obra de Caridade que emprhendi; e que sejam sempre bons e honestos, trabalhadores e crentes, amigos uns dos outros e obedientes e respeitadores as leis e as autoridades civis e da Santa Igreja Catholica Apostolica Romana, no seio da qual tão somente poderemos encontrar felicidades e salvação.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Estes conselhos, que sempre os dei em minha vida, não me canço de repetil-os aqui, para que depois da minha morte bem gravadas fiquem na lembrança deste povo, cuja felicidade e salvação sempre fôram objecto da minha maior preocupação.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Não tenho ascendentes vivos nem tão pouco descendentes, e assim julgo poder dispôr dos meus bens, que se acham livres e desembaraçados, de accordo com as leis do meu paiz e dee modo por que desejo e como se segue e o faço na plenitude de minhas faculdades e da mais livre e espontanea vontade:</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Primeira - Deixo para Ordem dos Padres Salesianos todas as terras que possúo nos sitios Logradouro, Salgadinho, Mochilla, Carás, Pau-Secco que pertenceu ao velho Antonio Felix, neste Municipio; o sitio Conceição na Serra Araripe, Municipio do Crato, onde reside o empregado Casimiro; os terrenos que possúo na serra Araripe e mais o sitio Brejinho ao sopé da mesma serra Araripe do Municipio do mesmo nome; os predios e a Capella em construção na serra do Horto, com todas as suas bemfeitorias; o predio onde funcciona o açougue publico desta cidade, sitio á Avenida Doutor Floro, antiga Rua-Nova; os predios contiguos a casa de residencia da religiosa Joana Tertulina de Jesus, conhecida por Beata Mocinha, onde tambem resido actualmente, sitios á rua São José; o sitio Faustino, sito no Municipio do Crato; o sitio Paul tambem no Municipio do Crato, porem depois do fallecimento da antiga proprietaria Dona Ermelinda Correia de Macedo, que ainda nelle reside, salvo se antes da sua morte quizer de accordo com os Padres Salesianos ficar morando em outro lugar; o sitio Baixa Dantas, no Municipui do Crato; as fazendas Lettras, Caldeirão e Monte Alto, no Municipio do Cobrobó, no Estado de Pernambuco, com todas as bemfeitorias e gados nellas existentes; o quarteirão de predios, sitos á rua de São Pedro, os quais comprei ao Doutor Floro Bartholomeu da Costa, nesta cidade, inclusive o predio em construcção na mesma rua, contiguo a casa de morada e de negocio do meu amigo Damião Pereira da Silva; a fazenda Juiz, sita no Municipio de Aurora que comprei aos Frades do Convento de São Bento de Quixadá; o predio onde funcciona o Orphanato Jesus Maria e José, sito á rua São José; o terreno contiguo a este mesmo predio; o predio em construção junto a casa da Beata Mocinha onde resido á mesma rua São José; o sitio Fernandes no Municipio do Crato; o sitio Peripery, no pé de serra de São Pedro, no Municipio do mesmo nome, porem depois da morte da sua então proprietaria Dona Maria Souto, salvo se esta de accordo com os Padres Salesianos quizer morar em outro lugar; os sitios Santa Rosa e Tabóca, no Municipio do Crato; o sitio Rangel, sito no Municipio de Santa-Anna do Cariry, que comprei a Dona Joanna de Araujo, e todas as propriedades com todas as suas bemfeitorias igualmente a estas por mim citadas que possúo ou venha a possuir e que não constam desde testamento, bem como todos gados que possúo por toda parte e que não pertençam a outras pessôas ou herdeiros estabelecidos nas clausulas deste testamento que ora faço, repito, deixo para os Benemeritos Padres Salesianos. Supplico aos mesmos Padres Salesianos que terminem a construcção da Capella do Horto.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Devo dizer para evitar conceitos inveridicos e suspeitos em torno do meu nome que comecei a construil-a para cumprir um voto que eu e os meus fallecidos collegas e amigos Padres Manoel Felix de Moura, Francisco Rodrigues Monteiro e Antonio Fernandes Tavora, então vigario do Crato, fizemos. Esse voto fizemos quando apavorados com resultados da secca de mil oitocentos e oitenta e nove (1889) receiamos, aliás, com razão justificada que o ano de mil oitocentos e noventa (1890) fosse tambem secco, com o povo desta terra ao Santissimo Coração de Jesus.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">E como essa obra não pude terminar, muito a contra gosto, é verdade, tão somente para não desobedecer ás ordens prohibitorias do meu Diocesano, o então Bispo do Ceará, Dão Joaquim Vieira, peço aos Benemeritos Padres Salesianos que concluam esse templo de accordo com a planta que trouxe de Roma e a miniatura em fôlha de flandre que deixo depositada em logar seguro.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Deixo mais para os Padres Salesianos, a imagem em vulto grande do Senhor Morto que me veio de Lisbôa.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Segunda - Deixo para a Santissima Virgem das Dores desta Matriz de Joazeiro os seguintes bens: o sitio Porteiras onde mora meu encarregado José Ignacio Cordeiro, neste Municipio; o sobrado onde Manoel Salins tem a loja de santos, á rua Padre Cicero; o predio onde funcciona a cadeia publica desta cidade, sito á Avenida Doutor Floro, bem como os demais que se seguem contiguamente á mesma rua e na rua Padre Cicero; o predio onde mora Dona Rosa Esmeralda, á rua Padre Cicero, bem como os predios contiguos que foi o Oratorio do Senhor Morto e em que reside a Beata Solidade e mais ainda o terreno murado a este contiguo; o predio onde morou a Beata Isabel da Luz; o predio onde funccionaram as redacções do "O Rebate" e da "Gazeta do Joazeiro", todos á rua Padre Cicero, e os commodos situados ao Consistorio da Matriz onde funcciona o Collegio do Doutor Diniz, e mais ainda o sitio Palmeira do Municipio do Ceará-Merim, Estado do Rio Grande do Norte, com vinte braças de largura, sem plantio mas com agua permanente cujo meu encarregado é Pedro Vasconcellos; o sitio Petitinga do Municipio de Touros, do Rio Grande do Norte, com vinte braças de largura, com agua permanente e cerca de duzentos e trinta coqueiros; o sitio Sacco, do mesmo de Touros, com cento e vinte braças de largura, agua permanentemente e com cerca de dois mil pés de côcos entre velhos e novos, também no Rio Grandedo Norte, dos quaes é meu encarregado Alexrandre Mauricio de Macêdo.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Declaro mais que esses bens que deixo para Nossa Senhora das Dores, Padroeira desta Matriz, não poderão ser vendidos nem alienados sob que pretexto fôr. E no caso de quem quer que seja encarregado da direcção do Patrimonio de Nossa Senhora das Dores entender de vendel-os ou alienal-os passarão todos esses bens a pertencer a Congregação dos Salesianos.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Terceira - Deixo para Maria de Jesus (vulgo Babá), para Thereza Maria de Jesus (vulgo Therezinha do Padre), para Beata Jeronyma Bezerra (vulgo Geluca) e Para Maria Eudoxia de Assumpção o predio onde residio e falleceu minha saudosa irmã Angélica Vicencia Romana, sito á rua Padre Cícero, para nelle residirem ou morarem em quanto viverem, sendo que por morte da ultima sobrevivente passará o dito predio a pertencer a Congregação dos Salesianos.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Entretanto poderão estas mesmas minhas herdeiras durante a vida passar o referido predio aos Padre Salesianos caso entendam e queiram ou entrem em accordo em trocar com os mesmos Padres este mesmo predio por outro onde possam morar, comtanto que por morte da ultima sobrevivente fique o mesmo predio trocado para os Padres Salesianos.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Quarta - Deixo para Nossa Senhora do Perpetuo Socorro d'aqui do Joazeiro, cuja Capella está construída no Cemiterio desta cidade, os seguintes bens: - o sitio Porteiras que pertenceu ao Velho Raymmundo Pinto, sito neste Municipio, á estrada do Crato, e uma importancia em dinheiro conforme vae declarado mais adiante.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Devo declarar que esta Capella de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, que por prohibição do meu superior ainda não foi benta para ser entregue ao culto dos fiéis, fiz construir no Cemiterio publico desta cidade, para cumprir um voto feito pela virtuosa e fallecida Herminia Marques de Gouveia, quando eu tive a morte de uma molestia muito grave.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Nesta Capella fiz sepultar o seu corpo, como ultima recompensa do seu grande esforço, e bem assim os corpos das bôas servas de Deus Maria Joaquina, Maria de Araujo, minha bôa mãe Joaquina Vicencia Romana e minha querida irmã Angelica Vicencia Romana. E desejo e peço que não sejam d'ali retiradas seus restos mortaes e supplico mais que nesta mesma Capella seja sepultado parasempre meu corpo.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Quinta - Deixo para Capellinha de São Miguel nesta cidade, construida no antigo Cemiterio dos variolosos pelo bom servo de Deus Manoel Cégo, sob os meus auspicios, o terreno cercado de arame que possuo no Arisco, conhecido por terreno do Seminário.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Sexta - Deixo para o meu amigo e compadre Conde Adolpho Van den Brule e seus legitimos herdeiros o sitio Veados, deste Municipio.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Setima - Deixo para a Capellinha de Nossa Senhora do Rosario, no antigo Cemitério desta cidade, sito á Avenida Doutor Floro, antiga Rua Nova, o sitio São José que pertenceu a Gonçallo e sua mulher Dona Anna Rodrigues.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Oitava - Deixo para as duas filhas do meu primo Francisco Belmiro Maia a casa onde residem nesta cidade, á rua Padre Cícero e o sitio Carité, neste Municipio, os quaes bens por morte da ultima passarão a pertencer a Congregação dos Salesianos, salvo se durante a vida quizerem entrar em accordo com os Padres Salesianos para com elles trocarem por outros bens com a mesma condição de por morte de ambas, passarem os bens trocados aos Padres Salesianos.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Nona - Deixo para o meu amigo José Ignacio Cordeiro, pelos bons serviços que me tem prestado, o sitio Arraial, no Municipio de Missão Velha.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Decima - Deixo a casa de Caridade do Crato o sobrado onde residio José Joaquim Telles Marrocos, sito á rua Grande, na cidade do Crato, e a pequena casa encravada nos fundos do mesmo sobrado, á rua da Laranjeira, na mesma cidade.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Decima Primeira - Deixo a minha propriedade a fazenda Coxá encravada nos Municípios de Aurora e Milagres e comprehendendo na mesma área os sitios Coxá propriamente dito, Contendas, Escondido, Taveira e Bandeira com todas as bemfeitorias e com todos os meus direitos nas minas cobre que ditas terras possam conter bem como o sitio Lameiro sito mo municipio de Missão Velha para que sejam vendidos e com importancia adquirida pela venda dessas mesmas propriedades sejam pagas as dividas que eu possa deixar quando morrer, as despezas do meu enterramento e os sufragios de minh'alma.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">E o que sobrar dessa mesma importancia seja entregue a Maria das Malvas, a Maria de Jesus (vulgo Babá), a Thereza Maria de Jesus (vulgo Therezinha do Padre), a Beata Jeronyma (vulgo Geluca), Maria Eudoxia da Assumpção e a cada uma das duas filhas de meu primo Francisco Belmiro Maia quinhentos mil reis (500$000) para cada uma e o que sobrar seja entregue a Congregação Salesiana que aqui se fundar para os seus respectivos Padres celebrarem missas por minh'alma e na intensão de Nossa Senhora das Dores e das almas do Purgatorio.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Decima Segunda - Deixo ainda para Maria das Malvas, Maria de Jesus (Babá), Therezinha do Padre, Beata Geluca e Maria Eudoxia de Assumpção, o sitio Barro Branco, neste Municipio, para desfructarem enquanto viverem, o qual por morte da ultima sobrevivente passará a pertencer aos Salesianos.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Decima Terceira - Desejo ser sepultado conforme já disse no começo deste testamento na Capella de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro no Cemiterio desta cidade e que os meus funeraes sejam feitos com simplicidade, bem como que sejam rezadas pelo eterno repouso de minha alma dôze missas em cada anno durante cinco annos igualmente o mesmo numero de missas durante o mesmo tempo pelas almas do Purgatorio.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Decima Quarta - Deixo mais todos os bens que escaparam de ser citados neste testamento e os que possa adquirir desta occasião até o meu fallecimento, repito, bens moveis, immoveis e semoventes á Congregação dos Padres Salesianos.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Decima Quinta - Nomeio meus testamenteiros os meus amigos Doutor Floro Bartholomeu da Costa, actualmente Deputado Federal por este Estado, o CondeAdolpho Van Den Brule e o Coronel Antonio LuiAlves Pequeno, servindo um no impedimento do outro, na ordem em que se acham collocados.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Os meus referidos testamenteiros terão a posse e a administração da herança na ordem em que se succederem e bem assim perceberão, respeitados a mesma ordem, dez por cento (10%) em dinheiro sobre toda herança liquida como compensação dos trabalhos testamentarios.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">E por tal modo e fórma conclúo este meu testamento que em meu perfeito juizo e de minha livre e espontanea vontade, sem constrangimento nem tão pouco induzido por quem quer que fosse ditei ao meu amigo Luiz Teophilo Machado, segundo Tabellião desta Comarca, e assigno com o meu proprio punho, de accordo com o Codigo Civil Brasileiro em vigor.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">E peço a justiça de meu paiz que o cumpram e mandem cumpril-o tão inteiro e fielmente como nelle se contém, declarando mais ficar por este testamento revogado outro qualquer testamento que por ventura existir.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">E por tal modo conclúo e termino este meu testamento. Declaro em tempo que por uma resolução por mim tomada neste momento antes de assignar este testamento ficam sem effeito os legados que faço dos sitios Veados e Santo Antonio deste Municipio, cujas doações a quem desejo fazer as realizarei por escriptura publica bem como que não ficarei inhibido de vender os bens que deixo reservados na claúsula decima primeira antes de morrer para satisfação de quaesquer compromissos. Joaseiro 4 de outubro de 1923. Pe Cicero Romao Bapta. (Selado com 1 (uma) estampilha de 20$000; 3 (três) de 1000 reis e 1 (uma) de 300 reis)".</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Saibam quantos este instrumento de auto de approvação de testamento virem que, no anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil novecentos e vinte e tres (1923), aos quatro dias do dez de Outubro, nesta cidade do Joazeiro, Estado do Ceará, em casa de residencia do Reverendissimo Padre Cicero Romão Baptista, onde eu Tabellião vim, e sendo elle ahi presente, que reconheço pelo proprio, que se acha de pé, em seu perfeito juizo e entendimento, segundo o meu parecer e dos testemunhos que presentes estavam e positivamente foram convocados, perante as quaes por elle testador das suas mãos ás minhas me foi dado este papel fechado e cosido, dizendo-me que era seu testamento, que eu mesmo á seu rogo e ditado por elle lh'o fizera, queria que eu lh'o approvasse; o qual papel eu acceitei, e achei com effeito ser o testamento do sobredito testador Reverendissimo Padre Cicero Romão Baptista, escripto em vinte e uma laudas de onze folhas de papel, e não achando em todo elle borrão, risca ou entrelinha, nem cousa que duvida faça, lhe perguntei se aquelle effectivamente era seu testamento e queria que eu o approvasse, na presença das testemunhas abaixo assignadas, a que respondeu que este era o seu testamento e ultima vontade; que tinha por bom, firme e valioso; que por elle revogava outro qualquer; que rogava ás Justiças da Republica lhe dessem cumprimento de justiça; e que era seu desejo que ficasse fechado, cosido e lacrado e que não fosse aberto senão depois de seu fallecimento; e por não ter cousa que duvida fizesse, rubriquei as vinte e uma laudas de papel em que se acha escripto o testamento com o meu appellido de L. Machado, e lh'o approvei e houve por approvado na fórma da lei, com todas as solennidades de direito, e ficará fechado, cosido e lacrado com sete pingos de lacre, sendo quatro por fóra e tres no centro. E para constar fiz este auto de approvação, que assigna elle testador, do que dou fé, sendo testamunhas presentes João Leolegario da Silva, natural do Estado de Pernambuco, negociante; Irineu Olympio de Oliveira, natural da Bahia, agrimensor; Abilio Gomes de Sá, natural do Estado de Pernambuco, negociante; Francisco José de Andrade, natural de Pernambuco, negociante; e José Furtado Landim, natural deste Estado, escrivão da Collectoria Estadual neste Municipio e Comarca, todos residentes nesta cidade, que reconhecem ser o dito testador o proprio, de que dou fé, e assignarão depois de lhes ser lido por mim Tabellião este auto de approvação. E eu, Luiz Theophilo Machado, segundo Tabellião, o escrevi e assigno em publico e raso.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Em testemunho LM da verdade.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">O 2º Tabellião Publico Luiz Theophilo Machado.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Pe Cicero Romão Bapta</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">João Leodegario da Sa</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">(Selado com 1 (uma) estampilha de 300 reis).</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Irineu Olympio D'Oliveira</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Abilio Gomes de Sá</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Francisco José de Andrade</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">José Furtado Landim</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Joaseiro, 27 de julho de 1934.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">(Selado com 2(duas) estampilhas de 2000 reis; 1 (uma) de 300 reis e outra sem valor expresso).</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br />
</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Termo de abertura do testamento cerrado com que faleceu nesta cidade o Padre Cíceo Romão Batista. Aos vinte e sete dias do mês de Julho do ano de mil novecentos e trinta e quatro, ás dés horas, nesta cidade do Joaseiro, Estado do Ceará, em casa de residencia do falecido testador, aí presente o Juiz Municipal Doutor Plácido Aderaldo Castelo, comigo segundo Escrivão do seu cargo abaixo assinado por Dona Joana Tertulina de Jesus, foi apresentado ao referido Juiz, presentes varias pessôas gradas e autoridades locaes destacando-se o Reverendissmo Monsenhor Vicente Sátér de Alencar Vigario Geral da Diocese, Monsenhor Pedro Esmeraldo, Padre Juvenal Coalres Maia, Doutores Júvencio Joaquim de Santana, Manuel Belem de Figueiredo e Mozart Cardoso de Alencar e os cidadãos Antonio Luis Alves Pequeno, Jesús Rodrigues, Coletôr Estadual, Francisco Botelho Filho, José Ferreira de Meneses, José Fausto Guimarães, José Herminio Amorim, Fausto da Costa Guimarães, Francisco Neri da Costa Marato, Pedro Silvino de Alencar, João Alves da Silva Bucuráo, Francisco Edgard Lima Braga, Vicente Pereira da Silva, Primeiro Escrivão, João Bernardo da Costa, varias senhoras, foi verificado exteriormente o aludido documento que não acusava nenhum inicio de violação, devidamente lacrado, com a inscrição seguinte: “Testamento cerrado do Padre Cícero Romão Batista “ approvado na forma da Lei, aos quatro de outubro de mil novecentos (trinta e tres, digo novecentos vinte e tres, por mim segundo Tabellião desta Comarca de Joaseiro Luiz Theophilo Machado. Aberto o testamento pelo proprio Doutor Juiz Municipal foi o mesmo lido em vóz alta e ouvido por todos os presentes no dia hora acima descritos; que o mesmo testamento foi apresentado por Dona Joana Tertulina de Jesús, em poder de quem se achava o dito documento por lhe ter sido confiado pelo testador Reverendissimo Padre Cicero Romão Batista; que sempre como acaba de demonstrar guardou cuidadosamente referido documento, pessôa que áxa como é publico e notoria de absoluta confiança do testador; que desde quinze anos de idade a apresentante residio com o testador, contando hoje a idade – sessenta e nove anos de idade; que assim eram real e verdadeira a amizade e confiança do testador para com a apresentante; que o testador faleceu nesta cidade aos vinte dias do mes de Julho do ano de mil novecentos trinta e quatro e chamava-se Padre Cicero Romão batista, filho legitimo dos falecidos Joaquim Romão Batista e Dona Joaquina Vicencia Romana, solteiro, brasileiro, domiciliado e residente nesta cidade, Clerigo; nenhum vicio como já foi dito foi encontrado externamente achando-se portanto intáto. Do que para constar lavrei este termo de abertura que depois de lido será assinado pelo Juiz, apresentante, testemunhas e por Antonio Machado, segundo Escrivão interino.</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Plácido Aderaldo Castelo</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Joana Tertulina de Jesus</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Mons. Vicente Sother de Alencar</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Mons. Pedro Esmeraldo</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Padre Juvenal Colares Maia</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Antonio Luis Alves Pequeno</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Manuel Belem Figueiredo</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Dr Mozart de Alencar</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Juvencio Joaquim de Santtana</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">José Ferreira de Meneses</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Pedro Silvino de Alencar</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">João Alves da Silva Bacurau</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">José Fausto Guimarães</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Jesus Rodrigues</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">José Herminio Amorim</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Francisco Edgar Lima Braga</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Francisco Neri da Costa Morato</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Francisco Botelho Filho</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Fausto da Costa Guimarães</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">José Armando Bezerra de Meneses</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Vicente Pereira da Silva</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Mons. Tenorio de Assis</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Antônia [ilegível] Silva</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Maria Ramos Costa</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Julia Violeta Botelho</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Lindalva Fernandes d'Oliveira</span></div>
<div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">José Geraldo Cruz</span></div>Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-40791160318880709672011-11-12T13:09:00.005-03:002012-05-01T14:50:40.164-03:00AS 95 TESES DE LUTERO NA ÍNTEGRA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj4oyuOteirPobCStujHl_1lWwVBBrOy91m-h9JyTmrTKhjvwtvrFgTQBcRVJ5J04ggwVGYhL86X7ne8GZCkq5oVR5no13qENOV_qeOc4Dqidbii5mxvrbirJTdu8slxBuKjwOJEZbwoA/s1600/95+Teses+de+Lutero" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="229" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj4oyuOteirPobCStujHl_1lWwVBBrOy91m-h9JyTmrTKhjvwtvrFgTQBcRVJ5J04ggwVGYhL86X7ne8GZCkq5oVR5no13qENOV_qeOc4Dqidbii5mxvrbirJTdu8slxBuKjwOJEZbwoA/s320/95+Teses+de+Lutero" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Abaixo, as 95 Teses, de autoria do reformador Martinho Lutero. Elas foram afixadas no dia 31 de outubro de 1517, em frente a um templo católico que ficava nos arredores do castelo de Wittenberg, na Alemanha. Leia o texto na íntegra: </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Com um desejo ardente de trazer a verdade à luz, as seguintes teses serão defendidas em Wittenberg sob a presidência do Rev. Frei Martinho Lutero, Mestre de Artes, Mestre de Sagrada Teologia e Professor oficial da mesma. Ele, portanto, pede que todos os que não puderem estar presentes e disputar com ele verbalmente, façam-no por escrito. Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém". </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>1.</b> Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>2.</b> Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes). </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>3.</b> No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>4.</b> Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>5.</b> O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>6.</b> O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a culpa permaneceria. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>7.</b> Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>8.</b> Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>9.</b> Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>10.</b> Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>11.</b> Essa cizânia de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>12.</b> Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>13.</b> Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>14.</b> Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais quanto menor for o amor. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>15.</b> Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>16.</b> Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>17.</b> Parece necessário, para as almas no purgatório, que o horror devesse diminuir à medida que o amor crescesse. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>18.</b> Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem fora do estado de mérito ou de crescimento no amor. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>19.</b> Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza disso. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>20.</b> Portanto, por remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>21.</b> Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>22.</b> Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>23.</b> Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>24.</b> Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>25.</b> O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>26.</b> O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>27.</b> Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu]. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>28.</b> Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa[1], pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>29.</b> E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas, como na história contada a respeito de São Severino e São Pascoal? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>30.</b> Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>31.</b> Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>32.</b> Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>33.</b> Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>34.</b> Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>35.</b> Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>36.</b> Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de indulgência. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>37.</b> Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>38.</b> Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da remissão divina[2]. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>39.</b> Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de indulgências e a verdadeira contrição.[3] </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>40.</b> A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, ou pelo menos dá ocasião para tanto.[4] </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>41.</b> Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.[5] </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>42.</b> Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>43.</b> Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.[6] </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>44.</b> Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>45.</b> Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>46.</b> Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>47.</b> Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>48.</b> Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (assim como tem mais necessidade) de oração devota em seu favor do que do dinheiro que se está pronto a pagar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>49.</b> Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>50.</b> Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>51.</b> Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>52.</b> Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>53.</b> São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>54.</b> Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>55.</b> A atitude do Papa necessariamente é: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>56.</b> Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>57.</b> É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>58.</b> Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>59.</b> S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>60.</b> É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes tesouros. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>61.</b> Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos especiais, o poder do papa por si só é suficiente.[7] </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>62.</b> O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>63.</b> Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>64.</b> Em contrapartida, o tesouro das indulgências é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os primeiros. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>65.</b> Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>66.</b> Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>67.</b> As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tais, na medida em que dão boa renda. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>68.</b> Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>69.</b> Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>70.</b> Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbidos pelo papa. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>71.</b> Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>72.</b> Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>73.</b> Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>74.</b> muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram fraudar a santa caridade e verdade. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>75.</b> A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>76.</b> Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados venais no que se refere à sua culpa. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>77.</b> A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o Papa. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>78.</b> Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc., como está escrito em I.Coríntios XII. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>79.</b> É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insigneamente erguida, eqüivale à cruz de Cristo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>80.</b> Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos entre o povo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>81.</b> Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil nem para os homens doutos defender a dignidade do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida argutas, dos leigos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>82.</b> Por exemplo: Por que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas –, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>83.</b> Do mesmo modo: Por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>84.</b> Do mesmo modo: Que nova piedade de Deus e do papa é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não a redime por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta por amor gratuito? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>85.</b> Do mesmo modo: Por que os cânones penitenciais – de fato e por desuso já há muito revogados e mortos – ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>86.</b> Do mesmo modo: Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>87.</b> Do mesmo modo: O que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à plena remissão e participação? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>88.</b> Do mesmo modo: Que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações cem vezes ao dia a qualquer dos fiéis? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>89.</b> Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências, outrora já concedidas, se são igualmente eficazes? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>90.</b> Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>91.</b> Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>92.</b> Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo "Paz, paz!" sem que haja paz! </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>93.</b> Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz![8] </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>94.</b> Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>95.</b> E que confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz</div>
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Veja algumas curiosidades acerca da Reforma Protestantes. Acesse:<br />
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<a href="http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com/2011/10/494-anos-apos-reforma-protestante-fica.html">http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com/2011/10/494-anos-apos-reforma-protestante-fica.html</a><br />
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.Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5522685354347906443.post-17256607962722450062011-10-02T12:40:00.013-03:002011-10-02T13:23:25.508-03:00MANUSCRITOS DE NAPOLEÃO BONAPARTE REVELAM O MODO PELO QUAL O TIRANO ENXERGAVA DEUS E A RELIGIÃO<div style="text-align: justify;">Napoleão Bonaparte era um leitor assíduo: gostava de escritores famosos (Tácito e Gibbon, por exemplo) e não se continha ao lê-los: dava sua opinião acerca das obras lidas por ele. Dos autores selecionados por Napoleão, um deles era, inegavelmente, o preferido: Maquiavel.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>O Príncipe</i> passou a ser o livro de cabeceira do tirano, tanto que o clássico em questão foi lido muitas vezes por Bonaparte, e o provam as centenas de comentários (precisamente 773) deixados por ele, feitos nas mais variadas fases de sua vida, que vão desde a época em que foi 1º Cônsul ao desterro na Ilha de Elba.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tratando do poder hereditário, Maquiavel afirmou que o dirigente político deve ser inteligente, e, agindo de tal modo, sempre permanecerá no poder, a menos que uma força superior o prive de tal condição. Sobre isto, Napoleão fez o seguinte comentário:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">"A plebe indolente receberá homilias de bispos e padres que eu ordenar, bem como catecismo aprovado pelo núncio apostólico e não resistirá a esssa magia. Não lhe falta coisa alguma, uma vez que o Papa ungiu minha fronte imperial. Sob este ângulo, pareço mais inamovível que qualquer dos Bourbons".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A impressão que temos, por este comentário, é que Napoleão, assim como Platão, acreditava que a religião era importante, pois tinha o poder de manipular e de desarmar, moral e ideologicamente, eventuais inssurretos. No entanto, em outro momento o tirano parece cair em contradição:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">"Festas e ofícios religiosos não poderiam servir-me. Sua extinção é compensada com maior utilidade para mim pela pompa de minhas festas civis".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E mais:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">"Necessito apenas dos dóceis e jesuíticos, como eu os queria. De vez em quando maltratarei os "Padres da fé".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Abaixo, farei algumas transcrições, umas de Maquiavel e outras de Bonaparte, que comenta as palavras de Maquiavel: Este afirmou:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">"Não ignoro como muitos foram e são de opinião de que as coisas do mundo são governadas pelo destino e por Deus, que os homens, com sua prudência, não podem corrigi-lo, de modo que não possuem, assim, nenhum remédio". Em resposta, diz Napoleão:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">"É o método dos preguiçosos ou dos fracos".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ou seja, para Napoleão, a história não é impulsionada nem por Deus nem pelo destino. Para ele, o homem é o único responsável por seus atos. Voltemos a Maquiavel:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">"Esta opinião é a mais aceita em nossos tempos, pelas grandes modificações das coisas, que foram vistas e se veem fora de qualquer conjetura humana. Pensando nisso, algumas vezes, em certas coisas, inclinei-me à opinião deles. Não obstante, para que nosso livre- -arbítrio* não seja em vão, creio poder ser verdade que o destino seja árbitro de metade de nossas ações, mas que nos deixe governar a outra metade, ou quase".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Pelo que se depreende, havia em Maquiavel um pouco de crendices até hoje nada comprovadas: a de que Deus (ou o destino) controla parte de nossos atos, enquanto a outra parte é de livre escolha dos homens. Vejamos o que disse Napoleão acerca do que escreveu o italiano Maquiavel:</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">"Santo Agostinho não observou melhor o livre-arbítrio*. O meu dominou a Europa e a natureza. Minha sorte, sou eu mesmo".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por fim, em <i>O Príncipe</i>, Maquiavel cita Moisés, Ciro, Rômulo e Teseu como grandes líderes, e, sobre o primeiro deles, diz que "Embora não se deva citar Moisés, pois foi mero executor daquilo que lhe era ordenado por Deus, deve, entretanto, ser admirado apenas pela graça que o tornava digno de falar com Deus".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sobre este texto do italiano, Napoleão foi enfático: "Não aspiro a tais alturas, sem as quais, aliás, poderei passar muito bem". Em outras palavras, o general francês assegurava que ele não precisava de Deus para levar adiante seu projeto de conquistar o mundo. Caiu ante o capitalismo inglês!<br />
_________</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;">* Segundo o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e o dicionário Aurélio (última edição), há hífen em "livre-arbítrio", embora comumente seja escrito sem o mesmo. Por convenção do Acordo, na translineação de vocábulos hifenizados, adotamos um hífen no final da linha e outro no início da linha seguinte. Mais detalhes sobre tal convenção, acesse meu blog que trata sobre a língua portuguesa: <a href="http://portuguesdidatico.blogspot.com/2011/09/translineacao-de-palavras-hifenizadas.html">Acordo Ortográfico: Translineação de palavras hifenizadas</a>. Este blog adota o novo Acordo, daí o porquê de termos escrito "veem", sem acento circunflexo.</span><br />
<br />
<b>LEIA MAIS SOBRE O QUE PUBLICAMOS DE NAPOLEÃO</b>:<br />
<br />
<a href="http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com/2010/03/napoleao-bonaparte-gostava-de-mulher.html">Napoleão gostava de mulher suja.</a><br />
<br />
<a href="http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com/2009/12/as-travessuras-e-dissabores-de-napoleao.html">As travessuras de Napoleão com algumas mulheres</a><br />
<br />
<a href="http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com/2010/02/as-semelhancas-entre-o-nazismo-e.html">Algumas semelhanças entre Hitler e Napoleão</a><br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;">.</div>Robério Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/12475216432967927126noreply@blogger.com0