quinta-feira, 9 de setembro de 2010

DISCURSO DE RUI BARBOSA EM DEFESA DOS ADVOGADOS CONSTITUI-SE NUMA BANDEIRA EM PROL DO PODER QUE A PALAVRA EXERCE SOBRE O SER HUMANO

Para os mais íntimos do Direito e da História certamente não é surpresa a importância que é atribuída ao jurista Rui Barbosa para a diversificação e proliferação de ideais republicanos e democráticos no Brasil.

Foi consagrado internacionalmente em 1907, no Congresso de Haia, onde defendeu o espaço geográfico brasileiro. Ele e um diplomata alemão foram considerados os dois homens mais influentes no referido congresso.

Jurista nato, sustentou em discursos a importância da figura do advogado para a solidificação da democracia. Tais discursos partiram da lavra de Rui Barbosa exatamente porque o bacharelismo brasileiro sofria duras críticas, quando era acusado de ser mais teórico e menos prático.

Eduardo Prado, escritor e um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras, foi, no século XIX, o maior crítico do bacharelismo brasileiro, pois, segundo o academista, o bacharel havia sido complacente com os males da política do país. No século XX, por sua vez, foi Gilberto Freyre quem teceu fortes críticas ao curso de Direito da Faculdade de Recife, tradicionalmente uma das melhores do país, cuja crítica guardava certa sintonia com a do escritor paulista.

A crítica de Eduardo Prado não foi somente teórica. Em sua propriedade rural havia um caboclo que era de uma habilidade extraordinária, pois fazia de tudo um pouco. O academista o apelidou de "Bacharel" e quando ele (Eduardo Prado) passava por alguma dificuldade, dizia rindo: "Chamem o Bacharel, que ele conserta tudo."

Segundo Prado, que era monarquista convicto, esse "conserta tudo" é que teria trazido os males para a República.

Dez anos após a morte do academista, Rui Barbosa proferiu, em maio de 1911, um discurso de posse no Instituto dos Advogados Brasileiros, através do qual fez duras críticas aos críticos do bacharelismo. Eis parte das palavras do renomado orador baiano:

"Os governos arbitrários não se acomodam à autonomia da toga, nem com a independência dos juristas, porque esses governos vivem rasteiramente da mediocridade, da adulação, da mentira, da injustiça, da crueldade e da desonra. A palavra os aborrece porque a palavra é um instrumento irresistível de conquista de liberdade. Deixai-a livre, onde quer que seja e o despotismo está morto."

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Um comentário:

  1. Rui Barbosa foi um dos maiores constitucionalistas do Brasil, que muito a ele deve em se tratando do advento do Estado Democrático de Direito e até mesmo dos direitos fundamentais. Parabéns pela postagem.

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