Show onde Raul Seixas recita a Lei de Thelema (a partir do 4:20)
A canção Sociedade Alternativa,
de Raul Seixas, é um tributo que o artista fez a seu guru espiritual, o satanista
inglês Aleister Crowley*, que faleceu na década de 1940. Mais do que isso: Raul
pretendia colocar em prática, aqui no Brasil, os ideais de seu guru. Uma prova de
que o famoso roqueiro se envolveu com práticas satanistas está numa confissão
de Paulo Coelho, que recebia instruções de um guru
seguidor de Crowley e as repassava para o Raul (veja o vídeo no final desta matéria). No mesmo documentário, temos a imagem da
Ordem Ocultista (que passava as instruções ao Raul) cortando o pescoço de um
cabrito vivo, com o uso de velas vermelhas, num ritual de magia negra. Estamos
falando de uma prova material, não de fofocas.
Até hoje, intelectuais
pretendem vincular a canção supracitada unicamente como uma forma de protesto
do artista contra a Ditadura Militar. Já repararam na letra da música? Mais do
que isso: já ouviram Raul Seixas recitando a Lei de Thelema enquanto cantava
Sociedade Alternativa? Pois é, segundo Raul Seixas, fazer o que cada um quer,
sem imposições dogmáticas, é tudo da lei (ou seja, a liberdade absoluta é o bem
supremo), e concluiu o artista que cada um tem o direito de matar quem pensa
diferente da sociedade alternativa. Esse pensamento original não é dele, mas de
Crowley, a quem Raul seguia copiosamente.
Consciente ou inconscientemente,
enquanto condenava as barbaridades cometidas pelo regime militar, Raul dava seu
aval em prol do assassinato de quaisquer opositores à sociedade alternativa
como alternativa para manter essa sociedade intacta e feliz, tal qual praticado
nos regimes comunistas do século XX (que mataram milhões de pessoas), onde vigorou o ateísmo materialista. Segundo
se depreende da referida canção, somente o anarquismo e a completa libertação
de valores ligados a Deus poderiam possibilitar a implantação de uma sociedade
livre e evoluída. E a Ditadura? A Ditadura mandou o artista para os Estados
Unidos, pois foi considerado subversivo. Essa medida ainda dribla, até hoje, os
intelectuais que não veem na música citada a filosofia relativista do
ativismo ocultista da época, mas apenas a prova de que a canção mencionada nada
mais era do que uma contestação ao regime ditatorial.
O protesto contra a Ditadura
Militar em Sociedade Alternativa foi apenas o pano de fundo que Raul usou
para divulgar e materializar a ideologia de Crowley no Brasil, ainda que, em
dado momento, ele próprio deu a entender que entrou nessa “onda” como forma de
protesto, embora estivesse convencido de que os ideais de seu guru representassem
na prática a evolução da espécie humana. Foi com esse convencimento que Raul recitou,
durante um show, o total desprezo pelas leis e pela democracia (pois a
democracia pressupõe a convivência com a opinião contrária à da sociedade
alternativa, algo que ele não concebia). O que têm os juristas a dizer sobre
isso?
Nela, na tão desejada sociedade
alternativa, pensar diferente deles (da sociedade alternativa) seria motivo
para imediata censura. Que contrassenso! Como alguém que defendia a liberdade
de expressão poderia, no mesmo fôlego, condenar à pena de morte a expressão
contrária à sua? Liberdade relativa e liberdade absoluta eram diferentes institutos
em Raul (a primeira válida para seus opositores e a segunda para os membros da nova sociedade), portanto, a prova materializada de sua estupidez musical, visto que
ambos os institutos simbolizavam a efetivação do velho adágio totalitarista que
diz: “Aos amigos, tudo; aos inimigos, a força da lei”. O que têm os defensores
dos direitos humanos a dizer sobre isso?
A música Sociedade Alternativa não era,
portanto, somente um protesto contra o caos no Brasil da época. Era, antes de
tudo, uma clara pretensão de criar uma nova sociedade sem leis, sem regras, sem
pudor, onde cada um estivesse livre para banir do meio social qualquer
pensamento contrário a ela, podendo até matar, se preciso fosse, nos termos
pregados pelo satanismo. Alguém já parou para refletir sobre isso? Por que,
enfim, não se pode vincular a referida canção ao satanismo se ela foi escrita
exatamente para transmitir a Lei de Thelema? Mas Raul continua sendo exaltado
em sua célebre canção – talvez porque muitos ainda não meditaram sobre ela em
seu contexto histórico e filosófico. Histórico, porque no ano em que o disco Gitá foi lançado, o país vinha numa onda
crescente de divulgação de ideias ligadas à necessidade de se libertar de
valores tradicionais (cristãos, para falar a verdade); filosófico, porque entraram em cena
teorias que pretendiam justificar a necessidade dessa reviravolta moral. Era o
lugar e o tempo perfeito para as bandeiras ocultistas da New Age de Crowley e, portanto, para a música Sociedade
Alternativa. Para divagadores, letra e melodia, em tom convidativo, nos remetem
à máxima de que a música nada mais é do que a expressão humana despida de
interesses do além, o que contribui decisivamente para desvinculá-la do
ativismo em prol da New Age,
cometendo, assim, o erro de interpretação acerca dos reais propósitos da música
Sociedade Alternativa, que eram, na verdade, cultuar o satanismo no Brasil.
Para um ateu, por exemplo, essa
historieta que acabamos de dissertar certamente não passa de uma mente
fundamentalista (como a nossa?), mas convém lembrar que, enquanto o ateu não
crê nessas historietas de satanismo, de ocultismo, há quem acredite e esteja
disposto a pagar um preço alto para colocar em prática seus ideais, como foi o
caso de Raul Seixas e de tantos outros que acreditam no satanismo e no
ocultismo, e ainda pretendem implantar no Brasil uma filosofia relativista,
apoiada, entre outras premissas, naquela que ensina que devemos desconfiar de
um discurso cristão como o primeiro passo para se buscar e alcançar a
verdadeira redenção social, visto que o cristianismo prega a existência de
valores imutáveis, como, por exemplo, o de que existe um Deus que deixou não
somente regras morais e espirituais claras, mas também a de que devemos
rejeitar ideias e valores morais e espirituais que batem de frente com os Dele
– sobretudo reconhecer o senhorio de Cristo. Efetivamente, essa é uma ideia que
já não faz o menor sentido para muitos modernistas e intelectuais, porém uma
realidade para outros.
Enquanto isso, cabras e cabritos
(e até bebês recém-nascidos) são mortos em rituais para se colocar em prática essa
ideologia anticristã (cuja música pode ser um veículo), no mesmo instante em
que o descrente, zombando do cristianismo, opta, como forma de protesto contra o próprio
cristianismo, abrir sua boca e berrar: “Viva a sociedade alternativa”, pensando
que está fazendo muita coisa pelo Brasil.
Mais do que nunca, crédulos e
incrédulos no modelo da New Age parecem seguir harmoniosamente na esperança de
sedimentar no Brasil uma sociedade de fato alternativa, mais ou menos parecida
com a proclamada por Crowley e Raul Seixas. Mas não é somente satanistas que
pretendem um Brasil assim: há quem acredite que seja possível um Brasil
exatamente assim, porém sem sangue e sem dor, sem cabras e sem cabritos imolados, bastando
para isso derrubar os valores cristãos, seja pela modificação das leis, seja pelo convencimento
intelectual de que a sociedade tem que buscar e defender a liberdade absoluta. Nada, como antes, parece estar em sintonia com o hedonismo e o utilitarismo de Stuart Mill como bens supremos a serem tutelados
pelo Estado e pela sociedade moderna. Pelo visto, satanistas e intelectuais utilitaristas
(não satanistas) estão vestindo a mesma farda futebolística, embora ambos os grupos estejam
pisando em gramados completamente diferentes.
Raul acreditava que, para colocar
em prática os valores da sociedade alternativa, se fazia necessário banir Deus
dessa sociedade, tal qual Marx e Nietzsche criam. Ou seja, Deus e os valores
cristãos eram (e ainda são), para a sociedade alternativa, um calo no pé que
deve ser banido a todo custo, custe o que custar. O que isso nos lembra nos
dias de hoje?
Por que, enfim, a canção
Sociedade Alternativa é considerada satanista? A resposta é simples: porque ela
foi um tributo ao satanismo, que, embora muitos não creem que exista, outros se
dizem seus representantes, os quais têm na referida música suas bandeiras
teosóficas. Afora, é claro, a própria mensagem em si. Se a sociedade pacífica
reprova o satanismo e a magia negra, por que não reprovamos a canção Sociedade
Alternativa e sobretudo a sociedade alternativa proclamada por Crowley e Raul Seixas? Reprovamos, pois, não somente a referida canção como também a sociedade protagonizada em sua letra.
________________________
* Parte do rock pesado dos anos
60 e 70 foi inspirado nos ensinos de Aleister Crowley. É o caso, por exemplo,
dos Beatles, de Iron Maiden, dos Rolling Stones, de Raul Seixas e de tantos
outros.
Documentário sobre a relação entre Raul Seixas e o satanismo.
Imagem de um Disco de Raul Seixas
No detalhe, velas usadas na magia negra