segunda-feira, 21 de junho de 2010

RUI BARBOSA COMETE ERRO GRAMATICAL E VÊ REJEITADA UMA DE SUAS PROPOSTAS DE EMENDA AO PRIMEIRO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO

Recentemente o Brasil se deparou com um fato que deu o que falar nos meios de comunicação: o projeto Ficha Limpa foi alvo de discussão em decorrência de um suposto erro gramatical.

Há, na história do Brasil, outro fato parecido que ganhou grande relevância, cujos envolvidos são Rui Barbosa e seu ex-professor, este um renomado linguista brasileiro.

O cearense Clóvis Beviláqua fora convidado, no final do século XIX, para elaborar o primeiro Código Civil brasileiro.

Em 1902, quando o Congresso já debatia o texto do futuro código, o jurista Rui Barbosa propôs uma emenda à redação do citado código.

No texto elaborado por Beviláqua aparecia a seguinte expressão:

"A fortuna do pai passa a seu filho."

Rui Barbosa afirmou que a expressão deveria ser:

"A fortuna do pai passa-lhe ao filho."

Ocorre que a revisão gramatical do código fora feita - a pedido do Governo - por Carneiro Ribeiro, médico e, como dissemos, respeitado linguista brasileiro.

Carneiro Ribeiro insistia que Rui Barbosa estava errado, ao passo que este insistia que o erro partira daquele.

Carneiro Ribeiro tinha sido professor de Euclides da Cunha e de Rui Barbosa.

O debate rendeu. Aluno e professor prosseguiram no debate, o que resultou em duas obras produzidas posteriormente, uma de cada, através das quais trataram sobre o tema.

Evanildo Bechara, emérito professor e filólogo brasileiro, atualmente membro da Academia Brasilira de Letras, afirma categoricamente que Rui Barbosa estava errado.

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3 comentários:

  1. Rui Barbosa não gostava muito de Clóvis Bebilaqua, que fora para o Rio depois de perder o posto de promotor para um apadrinhado político, na cidade de Aquiraz. Pior para Aquiraz. Melhor para Clóvis.

    Rui tinha ciúmes jurídicos, uma certa despeita!

    Rui está errado. Passar no sentido de transmitir não pode ter dois objetos indiretos. A frase diretamente poderia ser assim escrita: O PAI PASSA A FORTUNA AO FILHO. passa algo para alguém.

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  2. Valiosa a sua informação Valdecy. Muito pertinente mesmo.

    Além do quê, Rui Barbosa era desafeto de um outro influente político baiano -coincidentemente o responsável direto pelo convite a Clóvis Beviláqua, porque era, então, Ministro da Justiça.

    Gostei muito da informação trazida.

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  3. Rui Barbosa adentrou noutro campo espinhoso do estudo da nossa língua. Atualmente os autores divergem quanto à expressão "por cada", de sorte que uns a interpretam como um cacófano, ao passo que outros não.

    O nosso jurista foi categórico em dizer: não há cacofonia em tal expressão.

    Ceggala, respeitado gramático brasileiro, afirma existir cacofonia, enquanto Bechara, membro da ABL atesta que Rui Barbosa "defendeu brilhantemente o falso cacófano."

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