Devo escrever: "Vossa Excelência, discordo de seus projetos." ou "Vossa Excelência, discordo de vossos projetos."??
Acreditamos seja comum, em momentos que exijam erudição, formalismo, a presença da presente dúvida na hora de se decidir sobre a questão aqui levantada. Diz um velho adágio popular que 'nem tudo o que parece é.'
Vamos à resposta e ao resgate histórico em torno da questão:
Evanildo Bechara, membro da Academia Brasileira de Letras, afirma que tais tipos de títulos honoríficos surgiram no português entre os séculos XIV e XV. Na época realmente havia possibilidade de se usar as duas formas apresentadas.
Na história da literatura portuguesa consta o nome de um autoditada chamado Alexandre Herculano (1810 - 1877), escritor do Romantismo, autor de clássicos portugueses.
Deve-se principalmente a ele o tira-teima dessa celeuma. Embora não tendo formação acadêmica, Herculano era apaixonado por história, e, movido por sua paixão, percorreu todos os recantos de Portugal em busca de documentos e textos de cunho histórico.
Curiosamente, não tendo formação acadêmica, como dissemos acima, foi o responsável por iniciar uma nova fase na historiografia portuguesa, dando-lhe um cunho científico, uma vez que em seus escritos tentou abolir o misticismo, muito comum em Portugal.
Amante do medievalismo, investigou a fundo a história de seu país, resultando, dessa pesquisa, a resposta para o problema solucionado aqui.
Ele descobriu que o uso concomitante de 'seu, sua' e 'vosso, vossa' durou até aproximadamente o século XVII, momento em que o 'vosso, vossa' perdeu a prioridade para o 'seu, sua'.
Descobriu, também, que do século XVIII ao tempo de suas pesquisas o 'vosso' somente era utilizado em escritores desconhecedores da história da língua portuguesa ou em novelas e peças teatrais que retratavam o passado histórico, a fim de se evitar o anacronismo.
Desta feita, nem Portugal nem o Brasil devem usar os pronomes 'vosso, vossa, vossos, vossas', a menos que estejam acompanhados de algum título honorífico, sem exceção. Sendo assim, o primeiro exemplo trazido nesta matéria corresponde ao correto, ao passo que o segundo exemplo deve ser evitado. Portanto, não devemos empregar frases do tipo "Vossos sonhos, vossas palavras, vossa atitude" e sim "Seus sonhos, suas palavras, sua atitude", mesmo sendo dirigidas a altas autoridades, dignas do tratamento Vossa Excelência.
Alexandre Herculano é reconhecido não somente por gramáticos, como por historiadores e por literatos, dada a sua importância tanto na literatura, na história, como no estudo da língua portuguesa.
.
“Porque não vos fizemos saber o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas, mas nós mesmos vimos a sua majestade, porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: 'Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo'. E ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós com ele no monte santo" (Apóstolo Pedro).
VOLTAIRE ERA ATEU, DEÍSTA OU AGNÓSTICO?
- INÍCIO
- VOLTAIRE: O FILÓSOFO BRIGÃO, MENTIROSO E ESPERTALHÃO
- SÁBADO OU DOMINGO?
- COMO NASCEU O PAPAI NOEL
- TESTAMENTO DE PADRE CÍCERO NA ÍNTEGRA
- MEU NOVO BLOG: DIREITO E POLÍTICA
- SATANISMO EM "SOCIEDADE ALTERNATIVA"
- MEU BLOG DE PORTUGUÊS
- ESTÓRIA OU HISTÓRIA?
- A REVISTA PORNOGRÁFICA NO ILUMINISMO
- NERO E O JUDICIÁRIO
segunda-feira, 5 de julho de 2010
A ORIGEM DA EXPRESSÃO DE TRATAMENTO 'VOSSA EXCELÊNCIA' NA LÍNGUA PORTUGUESA
Sou evangélico, membro da Assembleia de Deus (Ministério Templo Central). Licenciado em História e Graduando em Direito. Autor dos livros "Manual de português para o dia a dia forense" (2011) e "A origem de Senador Pompeu e as nossas genealogias" (2019). Autor e editor deste blog e também do blog portuguesdidatico.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário